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SAÚDE Dia do Nutricionista: conheça um perfil da profissão Veja as ideias e as recomendações de Claudete Brunetto, especialista no assunto que se descobriu cozinhando para a família 31 AGO 2022 • POR Marcos Pierry • 10h30

Hoje é Dia do Nutricionista. O 31 de agosto foi escolhido porque, nesse mesmo dia, no ano de 1949, fundou-se a Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN). 

Para marcar a data e celebrar a importância do profissional que, mais que qualquer outro, sabe que saúde começa pela boca, confira a entrevista a seguir com uma fera no assunto que vem de uma família de obesos.

Radicada em Campo Grande desde 1978, a catarinense Claudete Brunetto, nascida em São Lourenço D’Oeste (SC), conta que se descobriu nutricionista em meio à rotina doméstica, ao preparar “pratos nutritivos” para os familiares. 

Para além do “comer, comer é o melhor para poder crescer”, ela destaca a importância do seu trabalho na prevenção e no combate a uma série de doenças.

Claudete mudou-se para a Capital Morena aos 14 anos, fez a graduação na área na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e a pós-graduação em Nutrição Clínica na Universidade de Desenvolvimento do Estado do Pantanal (Uniderp).

A sra. poderia dizer como se dá o seu trabalho na prática? Como definir o nutricionista?

É um profissional capacitado no conhecimento de alimentos, bem como das diferentes funções de cada nutriente, que permite a ele atuar na mudança do comportamento alimentar do ser humano, visando promoção e recuperação de seu estado nutricional. 

Entre os muitos papéis, destaca-se a prevenção e os cuidados com as doenças. Por exemplo, obesidade, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), doenças ósseas e intestinais e a desnutrição em si. O que nos orienta é a importância da nutrição saudável, a fim de nutrir células.  

Na minha rotina pessoal, atuo no consultório como nutricionista clínica, sou responsável técnica de uma escola, onde elaboro os cardápios dos alunos e, ainda, em fins de semana, produzo bolos fitness supersaudáveis.

Como se descobriu na vocação?

Observando minha habilidade em elaborar e produzir pratos nutritivos, sempre voltados para minha família. 

Meu melhor aprendizado na nutrição foi entre 2007 e 2014, quando participei de um projeto como nutricionista, palestrante e coordenadora de mesa denominado AMI – Avaliação Multidisciplinar do Idoso, aplicado a uma população idosa no Hospital São Julião, aqui em Campo Grande, sob acompanhamento da cardiologista Angela Sichinel. 

Como foi gratificante este aprendizado e quanto foi notória a mudança no comportamento alimentar e social dessa população.

E o que mudou desde que se tornou uma profissional da área?

Respondo essa comparando com a alimentação de meus familiares. Vinda de uma família com a maioria de obesos, ouvia muito dizer que obesidade era sinônimo de saúde. Também ouvia dizer “fulano morreu de açúcar no sangue, morreu do coração”. 

No conhecimento deles, não era diabetes nem AVC nem infarto ou derrame (doenças cardiovasculares). Talvez nem soubessem que tudo tinha uma origem decorrente da alimentação em excesso. 

Embora naquela década não se falasse de [alimentos] industrializados, conservantes, corantes, todas as famílias eram policultores, cultivavam e produziam seus alimentos em diversidade. 

Observei que, mesmo tendo sua produção toda natural, alimentando-se de forma saudável, seria necessário quantificar os alimentos das refeições. Além da qualidade, a quantidade é importante.

Entre os pecados mais comuns da rotina de uma pessoa sem formação na área, qual ou quais deles o nutricionista provavelmente não cometeria?

Padronizar cardápios e compartilhar com grupos, seguir tudo o que é postado na informação virtual. Vale salientar que o que é bom para uma pessoa não é para outra. 

É muito comum ouvir comentários “ah, estou seguindo fulano porque ele disse isso ou aquilo”, etc. Importante saber que, no caso de algumas doenças, medicamentos interagem com alimentos. Cada ser humano tem seu biotipo e seu metabolismo.

O que leva a maioria das pessoas a procurar um nutricionista?

Dado o grande número de obesos, diabéticos, hipertensos e pessoas com hipertireoidismo, autismo e autoimunes, a procura se dá, primeiramente, por indicação médica. Em segundo lugar, depois de ter tentado o tratamento por conta ou seguido diferentes modas. 

Terceiro: pela emoção de ter visto mudanças nutricionais em pessoas próximas, muitos decidem procurar o profissional nutricionista. E em quarto lugar, pessoas que decidem mudar o comportamento e levar uma vida mais saudável.

E quais benefícios o indivíduo pode ter ao seguir o que vocês prescrevem?

Muitos. Um deles é que, com o profissional, o ser humano aprenderá que, além de se alimentar, é preciso se nutrir. Precisa ficar claro que o nutricionista é o mediador e que nenhum benefício acontecerá se não se aderir à mudança.  

Os benefícios serão os de uma qualidade de vida melhor, incluindo sono, aumento da disposição, funcionamento melhor do intestino, ausência de sinais e sintomas como dores de cabeça, tonturas, fraqueza, irritação, desânimo, mau humor, constipação, irritação.

Os melhores benefícios são notados quando associados à atividade física. Assim, haverá mais troca de oxigênio e mais impurezas serão removidas do organismo, sem contar a mudança da composição corporal, na qual você reduz a gordura e aumenta a massa muscular.

Até que ponto é vigente o estereótipo dos nutricionistas como estraga-prazeres? Porque supostamente controlam guloseimas e outros excessos.

Até o ponto em que há divergência entre ambos, o que é findado com a convicção do nutricionista, por meio de estudos e de determinar ao paciente a sua mudança. Ou até o paciente se conscientizar de que ele precisa admitir seu estado nutricional e aderir às mudanças.

Para encerrar, qual a mensagem que deixaria para os leitores do Correio do Estado no Dia do Nutricionista?

Na natureza, temos uma variedade de alimentos e diferentes cores: amarelo com betacaroteno, vermelho com licopeno, roxo com antocianinas e verde com clorofila, magnésio, ferro, ácido

fólico.  

Dessa, forma digo que o criador foi muito generoso na criação. Cada profissional tem sua conduta, e todos preconizam a saúde e o bem-estar de seus pacientes. 

No entanto, ainda há uma resistência, por parte dos seres humanos, à busca de um profissional. E ainda há os que preferem seguir a opção do autotratamento e do uso de suplementos excessivos.