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CORRUPÇÃO

Polícia Civil ouve 2 testemunhas empregadas no Proinc

Inquérito apura se houve fraudes no programa que deveria beneficiar 'só' desempregados e carentes

19 SET 2022 • POR Beatriz Feldens, Celso Bejarano • 13h15

Duas pessoas prestaram depoimentos na manhã desta segunda-feira (19) na sede do Dracco (Departamento de Repressão à Corrução e ao Crime Organizado), da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, acerca do inquérito policial que investiga as denúncias de supostas fraudes nas contratações do Proinc, o Programa de Inclusão Profissional da prefeitura de Campo Grande.

O certo seria que o plano municipal beneficiasse famílias carentes, com baixa renda e integrantes desempregados. Contudo, conforme acusações, o Proinc teria favorecido microempresários e até donos de clínica de fisioterapia.

Há a suspeita de que o programa seria um meio de políticos empregarem seus partidários, apoiadores em campanhas políticas. Em torno de 2,5 mil são favorecidas com o projeto em questão, criado 12 anos atrás.

A investigação corre em sigilo e uma das testemunhas não quis conversar com a reportagem. Entre as duas testemunhas - uma mulher e um rapaz - uma delas vestia o uniforme da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) e o outro confirmou trabalhar no órgão. As duas chegaram dirigindo carro na delegacia.

Desdobramentos

Um dos depoentes disse que o delegado fez muitas perguntas, e que todas as perguntas chamaram a atenção dele. Ele também disse que não se gosta de se envolver com política e não está na campanha de nenhum candidato. Enquanto outro ostentava adesivos do ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD) nos vidros do veículo.

À tarde, uma blogueira, que recebeu dinheiro do Proinc, prestará depoimento. O projeto social da prefeitura oferta, além de emprego às pessoas com baixa qualificação profissional, um salário mínimo, cesta básica e vale transporte. A maior parte dos contratados atuam em serviços gerais, limpeza, no caso.

O caso virou notícia depois que vereador professor André do partido Rede fez denúncias em sessão na Câmara Municipal. Houve uma tentativa de criar-se uma CPI, mas a intenção não avançou porque o presidente da Casa, Carlão, do PSB, disse que a comissão poderia ganhar um rumo político e isso poderia influenciar nas eleições de outubro.

Para obter a relação dos contratados pelo Proinc, o vereador teve de entrar com uma apelação judicial, devido à resistência da prefeitura em liberar a lista. Hoje, no entanto, o município mostra os nomes das pessoas empregadas pelo plano social por meio da internet.

A polícia informou que não irá tratar o assunto com a imprensa.

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