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CORREIO B+ Dahmer: Um Canibal Americano: a vida de um monstro desperta reação mesmo 27 anos depois A série da Netflix sobre Jeffrey Dahmer coloca Evan Peters como favorito para o Emmy 2023 30 SET 2022 • POR Ana Claudia Paixão • 15h00

Por Ana Claudia Paixão

Crime vende. Há uma morbidez no interesse sobre as motivações e ações de serial-killers que Hollywood e a literatura por várias gerações. 

Só o mistério sobre Jack, o Estripador tem quase 135 anos e ainda hoje gera curiosidade. Leonardo DiCaprio está trabalhando há anos no projeto sobre a monstruosa história de H. H. Holmes e na Netflix há vários documentários e filmes do gênero. 

O último título, por acaso, a série Dahmer: Um Canibal Americano traz a assinatura de Ryan Murphy e seu ator favorito, Evan Peters na pele do de Jeffrey Dahmer.

Um dos mais temidos assassinos em série dos Estados Unidos, Jeffrey ficou conhecido como o “Canibal de Milwaukee”, matou 17 pessoas entre 1978 e 1991, todas seguindo um processo assustador. 

Todas as vítimas eram negras ou latinas, homossexuais e rejeitados pela sociedade, contribuindo para que o assassino agisse com grande tranquilidade por mais de 10 anos. Jeffrey, que vem de uma infância traumática e marcada por abandono, escolhia rapazes que drogava para poder estupra-los, matar e depois comer alguns órgãos e guardar algumas partes (em geral, a cabeça). 

Ele ainda praticava necrofilia e fazia fotos para ter a lembrança. Se seu estômago ainda não embrulhou com essas informações, saiba que ainda omiti alguns detalhes.

Jeffrey foi pego em 1991, quando estava tão descuidado que um dos rapazes conseguiu fugir e chamar a polícia. Ele foi condenado, mas morreu espancado por outro detento dentro do presídio enquanto cumpria sua pena. 

Por que recontar essa história agora? 

É o que as famílias das vítimas se queixam, por estarem revivendo a dor dos crimes. 

Mas os crimes de Jeffrey Dahmer foram tão absurdos que fazem parte da cultura americana mais recente, citado em músicas e filmes (até Katy Perry o cita em Dark Horse) e a série da Netflix aborda detalhes muito mais complexos, como o do racismo estrutural que ignorava as pessoas desaparecidas porque eram parte da minoria.

Dito tudo isso, e a série? Bom, Evan Peters já me assusta mesmo quando faz papel de detetive, como em Mare of Easttown portanto está apavorante em um papel no qual faz com perfeição. 

Não há tentativa de humanizar o assassino, mas sim uma contextualização de sua monstruosidade nata e irrecuperável. 

A vida de Jeffrey é dura, mas nada justifica o que fez e como fez com suas vítimas. Há uma lentidão que aumenta a tensão, mas não é surpresa que a série esteja apenas atrás de Stranger Things no ranking da plataforma. 

É um conteúdo com grande potencial de prêmios, em especial a atuação de Evan. Se tiver estômago, ele vale ser conferido. Mas chegar até o fim sem passar mal será um desafio.