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DILEMA

Reajuste em refinaria privada eleva pressão sobre a Petrobras

A direção da Petrobras tem sido pressionada pelo governo federal a manter seus preços congelados até o fim do segundo turno das eleições presidenciais

10 OUT 2022 • POR Agência Estado • 20h30
Combustíveis poderão ficar mais caros ainda este mês   Foto: Marcelo Victor

Na contramão da Petrobras, a Refinaria de Mataripe, controlada pela Acelen e única de grande porte privatizada no Brasil, elevou o preço do diesel e da gasolina diante da alta do petróleo no mercado internacional nos últimos dias - como reflexo do corte da produção anunciado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) na semana passada. O preço do diesel foi reajustado entre 10,7% e 11,5%, enquanto o da gasolina subiu de 9,3% a 15,7%, dependendo do mercado atendido pela companhia.

A direção da Petrobras tem sido pressionada pelo governo federal a manter seus preços congelados até o fim do segundo turno das eleições presidenciais, o que poderia beneficiar o presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição. Mas o aumento da cotação do petróleo lá fora e a decisão da Acelen - empresa do fundo de investimento árabe Mubadala - têm levado o setor a questionar o comportamento atual da estatal.

Dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) mostram que tanto o diesel quanto a gasolina já estão com preços defasados em relação aos praticados no exterior. A diferença soma 13%, no caso do diesel, e 11% no da gasolina.

Com a valorização do insumo, para se equiparar aos preços do mercado externo a Petrobras teria de aumentar o preço do diesel em R$ 0,75 por litro; já a gasolina teria de ser reajustada em R$ 0,36.

"Destacamos que tanto a Abicom quanto o CBIE apontam no momento a existência de uma defasagem perante o preço da gasolina transacionada no País diante dos preços do Golfo (do México)", disse a corretora Ativa Investimentos em nota na semana passada

GÁS NATURAL

A Petrobras anunciou ontem que vai reduzir o preço do gás natural em 5% para seus clientes a partir de 1º de novembro. Os novos preços seguirão vigentes até 31 de janeiro de 2023.

Os contratos de gás natural da Petrobras preveem atualizações trimestrais e vinculam a variação do preço do gás às oscilações do petróleo Brent e da taxa de câmbio. Durante o período (agosto, setembro e outubro), o petróleo teve queda de 11,5%, enquanto o câmbio teve depreciação de 6,5%.