Logo Correio do Estado

MÚSICA Revelação internacional do violão aos 27 anos, Plínio Fernandes fala sobre música Paulista Plínio Fernandes é o convidado de estreia do programa "Estúdio", da rádio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, sob o comando da jornalista Lilian Veron 11 OUT 2022 • POR Marcos Pierry • 11h00

O sucesso de Plínio Fernandes na música clássica europeia, e mundial, envolve, por trás do talento do jovem paulista de 27 anos, a história de amor de sua família pelo repertório brasileiro, desde a música popular, mas, sobretudo, a paixão do pai por mestres do violão clássico, a exemplo de Villa-Lobos (1887-1959) e Fábio Zanon.

Nascido em Itanhaém, no litoral de São Paulo, Fernandes foi estudar na Royal Academy of Music de Londres aos 17 anos e, com o lançamento de seu primeiro álbum, "Saudade", pelo prestigiado selo Decca Gold, tornou-se o nome da vez no cenário do violão clássico ao atingir o topo da parada de música clássica da Billboard, um dos dois ou três rankings musicais mais importantes do planeta em qualquer segmento musical.

SUPERMÚSICO

Com o disco de estreia, Plínio Fernandes cometeu a proeza de desbancar figurões de peso no cenário da música erudita, a exemplo do maestro norte-americano John Williams trilheiro de filmes blockbusters como "Superman" ou as produções do diretor Steven Spielberg e do célebre violoncelista Yo-Yo Ma, também dos EUA.

A história surpreendente do músico paulista é o combustível da prosa da primeira edição do programa "Estúdio", que estreia nesta terça-feira, na rádio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems).

A emissora pode ser acessada pelo portal da Alems e, a cada duas semanas, novos programas serão transmitidos sempre nas terças-feiras, a partir das 8h, com reprise nas quintas-feiras.

"TESOURO"

Produzido e apresentado pela jornalista Lilian Veron, o "Estúdio", com duração de trinta minutos, tem a proposta de "unir bate-papo e arte e trazer aos ouvintes a leveza da música e das histórias de vida de quem a produz".

MPB, rock, jazz, chorinho, música clássica e regional, entre outros gêneros, estarão no repertório, sempre buscando a diversidade cultural brasileira.

Para a coordenadora da Rádio Alems, Karine Cortez, diversificar a programação e valorizar a música brasileira e regional é um dos "grandes diferenciais e compromissos" da rádio institucional.

"Nosso país tem uma cultura extremamente rica, e nós, comunicadores, temos o dever de valorizar e divulgar todo esse nosso tesouro. Com esse programa, a Rádio Alems cumpre com seu papel social na valorização dos artistas, dos nossos artistas, que hoje despontam mundialmente", afirma a coordenadora da emissora, que, por meio de uma parceria com a Rádio Senado, pretende chegar ao dial das FMs.

CARTOLA E BACHIANAS

"Eu espero intensamente também servir de referência e inspirar crianças negras a estudarem música", conta Plínio Fernandes em uma entrevista recente.

"Pelo fato de eu ser um jovem violonista clássico negro, vindo de uma família de classe média baixa, sei que só foi possível furar essa bolha com muito apoio de pessoas e circunstâncias", reconhece o primeiro convidado do "Estúdio", que conversou com Lilian Veron diretamente de Londres. 

Plínio tem uma intensa ligação com Mato Grosso do Sul, o que o motivou, inclusive, na escolha de "Recuerdos de Ypacaraí" como uma das 14 faixas de seu disco.

"Já estive em Campo Grande diversas vezes, onde gravei programas de TV e me despedi do Brasil em um concerto com a Orquestra Sinfônica de Campo Grande", conta o jovem músico.

O primeiro álbum do violonista traz a participação da cantora Maria Rita, cantando "O Mundo É Um Moinho", de Cartola (1908-1980), e do violoncelista Sheku Kanneh-Mason, de Serra Leoa, nas "Bachianas Brasileiras n° 5", de Villa-Lobos.

Uma curiosidade é que o talentoso Sheku ficou mundialmente conhecido por ter tocado no casamento do príncipe Harry e de Megan Markle, em 2018.

BANDOLIM E BOSSA

Depois de Plínio Fernandes, com outros detalhes de seu exitoso álbum e muita música brasileira, os ouvintes vão conhecer a sonoridade peculiar do bandolim tocado pelo português Norberto Cruz, que vai falar sobre a própria carreira e a história do, e com o, instrumento.

Na mesma edição, os ouvintes conhecerão a cantora e produtora Lidiane Duailibi, com seu projeto "Bossa Livre". "A nossa proposta é sempre pintar um quadro novo, unimos músicos maravilhosos e sempre tocamos de improviso canções já conhecidas de uma forma inédita e única", explica a intérprete.

TETÊ E LPS

Em dezembro, estreiam os programas com a cantora Tetê Espíndola e o colecionador Carlos Luz.

Ícone da música sul-mato-grossense, Tetê conta as novidades de seu processo criativo e da fase atual da carreira, com destaque para o projeto que a trouxe de volta ao Estado recentemente: a gravação de um DVD com a Orquestra de Câmara do Pantanal, de Corumbá.

O registro recupera partituras de uma antológica apresentação no Theatro Municipal de São Paulo, no início dos anos 1980, e apresenta também novos arranjos sinfônicos sob a regência de Eduardo Martinelli. 

Pesquisador e colecionador, Carlos Luz fala sobre o grande acervo de discos de vinil e de CDs de artistas sul-mato-grossenses. Entre as relíquias que os ouvintes poderão conhecer estão raros LPs de Zé Corrêa e da dupla Délio & Delinha.