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VIOLÊNCIA NAS RUAS Mortes de pedestres quase triplicam no trânsito da Capital O excesso de velocidade é apontado por especialistas como principal causa de multas e fator de risco para as colisões; nos 10 primeiros meses deste ano, 13 transeuntes perderam a vida na cidade 14 OUT 2022 • POR GUSTAVO BONOTTO • 09h30
Pedestres ignoram o sinal vermelho para transeuntes e se arriscam para atravessar a Avenida Afonso Pena, no centro da Capital   GERSON OLIVEIRA

As mortes de pedestres no trânsito de Campo Grande quase triplicaram de janeiro a outubro deste ano. Até ontem, a Capital contabilizava 13 vítimas fatais, 8 óbitos a mais em relação aos 5 casos registrados no mesmo período do ano passado, segundo dados da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran).

O levantamento realizado pelo programa Vida no Trânsito aponta que apenas nos 10 primeiros meses ainda incompletos deste ano, 58 pessoas já perderam a vida no trânsito da Capital. Além dos 13 pedestres, as colisões vitimaram 38 motociclistas, 4 ciclistas e 3 passageiros.

De acordo com o Gabinete de Gestão Integrada (GGIT) e o Grupo de Análise de Sinistros de Trânsito (Gaat), foram registradas seis mortes em outubro, sendo três motociclistas, um ciclista, um pedestre e um condutor.

No mesmo período de 2021, foram duas mortes, um motociclista e um ciclista. 
Em relação ao período de janeiro a setembro de 2021, o levantamento aponta a morte de cinco pedestres, 42 motociclistas, quatro ciclistas, oito condutores e três passageiros, totalizando 62 óbitos no trânsito campo-grandense. 

No âmbito nacional, de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 6 mil mortes no trânsito são decorrência de acidentes com atropelamento de pedestres.

Para a chefe de Educação da Agência Municipal de Transporte e Trânsito, Ivanise Rotta, o comportamento no trânsito de Campo Grande precisa ser analisado.

"Mais de 40% das notificações são de pessoas embriagadas ou sem carteira de motorista. O nosso trânsito é dinâmico e orgânico, e as pessoas usam de artifícios para tirar a sensação de atraso, por exemplo, o uso excessivo de velocidade. Isso é um dos fatores que justificam os acidentes no trânsito", afirmou.

Ivanise destacou que a infraestrutura da Capital corrobora para que haja o excesso de velocidade, em razão das vias amplas e planas. 

"A nossa cidade é um convite à velocidade. É preciso usar a faixa de pedestres, usar a tecnologia disponível para fiscalizar os infratores que insistem em se colocar na frente do perigo e causar uma tragédia. É para se questionar e ficar indignada", afirmou.

Vale ressaltar que o excesso de velocidade foi a principal causa de multas este ano em Mato Grosso do Sul, de acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS). 

De janeiro a setembro deste ano, foram registradas mais de 180 mil notificações por transitar em alta velocidade no Estado. O número é maior do que o de 2021, porém, os órgãos de controle do trânsito alertam que isso se deve à pandemia da Covid-19, quando muitas pessoas ficaram em casa e estabelecimentos não podiam abrir as portas.

VIDA NO TRÂNSITO

Implantado em 2010 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o governo federal, o programa Vida no Trânsito abrange capitais e municípios com mais de um milhão de habitantes com registros de infrações graves no trânsito. 

Para Rudel Trindade, diretor-presidente do Detran-MS e membro do projeto, vários órgãos precisam agir de forma estruturada para planejar e criar uma gestão eficaz no trânsito de Campo Grande. 

"Somente com ações em conjunto podemos fiscalizar e visar a redução de acidentes. Isso envolve a Agetran, a gestão pública, o patrulhamento realizado pela polícia e mais ações de educação no trânsito", afirmou. 
Ivanise Rotta assegura que a união das entidades ligadas ao trânsito, denominada GGIT, colabora na criação de ações para a segurança. 

CASOS MAIS RECENTES

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, dois casos recentes de mortes no trânsito marcam o início deste mês. O aposentado Hideo Nishiyaki, de 85 anos, morreu atropelado por uma motocicleta ao atravessar a Avenida Ceará na companhia da filha, na região central da Capital.

O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Michelli Custódio, de 36 anos, foi vítima de atropelamento por um motorista embriagado na madrugada desta quinta-feira, na Vila Carvalho. 

De acordo com o boletim de ocorrência, o motorista foi preso em flagrante por homicídio após conduzir o veículo sob influência de álcool e atropelar o grupo de amigos que estava na calçada da Avenida Fábio Zahran.

Michelli veio a óbito no local, e dois amigos foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e levados para a Santa Casa de Campo Grande. Por ora, não há informações sobre o quadro de saúde das outras duas vítimas. 

SAIBA

A Agetran orienta que as pessoas devem sempre usar a faixa de pedestres, evitar fazer travessia em esquinas e curvas, evitar utilizar dispositivos móveis ou fone de ouvido durante a caminhada e ter cuidado redobrado ao cruzar áreas com garagem.