No dia de 12 de outubro, a Netflix aproveitou a data em comemoração do dia das crianças para lançar sua primeira série de animação infantil, O Menino Maluquinho, tendo como um dos animadores o artista sul-mato-grossense Felipe Insuela, 29 anos.
O projeto inédito é uma adaptação do clássico da literatura infanto-juvenil brasileira escrita por Ziraldo.
O animador, que é de Campo Grande, diz ser muito satisfatório ter feito parte deste projeto.
“É uma série que eu cresci junto, eu assisti ao filme quando era criança. É uma coisa que eu já tinha um contato, que fez parte do meu crescimento, então foi muito bacana ter essa experiência”, disse.
Felipe explica que, como artista, é uma experiência muito interessante fazer parte de algo que já se gostava anteriormente, que já teve um contato e uma história.
Até chega a trabalhar com animação, Felipe começou como designer gráfico, fazendo um curso na área posteriormente.
Conforme ele relata, ao começar a trabalhar com isso, o cenário da área era ainda mais restrito aqui no Estado, então ele precisou fazer cursos fora. A faculdade de design gráfico ele fez na Belas Artes, em São Paulo. O curso de animação, na Vancouver Filmes, no Canadá.
“É um mercado que não tem tanto incentivo, então é difícil você conhecer alguém que trabalha com animação, que trabalha com ilustração, alguma coisa assim. Hoje em dia já melhorou muito por causa da internet, mas antigamente era bem mais complicado”, explica.
Antes de chegar ao projeto do Menino Maluquinho, Felipe trabalhou com animação para comerciais e em alguns projetos independentes.
Posteriormente, entrou na Birdo, estúdio em que animou o desenhos Ninjin, da Cartoon Network, e Ba Da Bean, da Discovery Kids Brasil, participando, mais recentemente, do Menino Maluquinho, uma produção da Chatrone para a Netflix.
Desenvolvimento da série
Ao ser perguntado sobre seu processo criativo, ele conta que é algo feito em equipe. Além disso, todo o projeto foi feito com equipes trabalhando remotamente.
“Animação é uma coisa que envolve muitas pessoas e é muito difícil. É praticamente impossível você fazer sozinho um projeto dessa magnitude. Envolve muitas áreas diferentes, muitas especializações diferentes. Se for contar todo mundo de produtores, dubladores e pessoal da arte, foram quase 300 pessoas trabalhando”, explicou.
Apenas com relação à equipe de animadores, ele estima que foram entre 40 e 50 os que participaram, em um projeto que começou em 2020.
Ziraldo
Com relação ao fato da série brasileira ser uma animação inédita, os produtores destacam a importância da regionalidade aparecer na série.
“O Ziraldo é de Minas Gerais, então, ter essa visão de outros estados, cidades menores, eu acho que enriqueceu muito a obra”, destacou Felipe.
A produtora enfatiza que a obra do Ziraldo é atemporal. “Trazer a história para a atualidade foi um desafio muito gostoso e contamos com todo o apoio da equipe para fazer acontecer'', relataram em nota.
“O Menino Maluquinho é uma série sobre o poder de mudar o mundo usando a criatividade. Procuramos trazer arcos que incentivem as crianças a usarem sua imaginação, algo que sempre esteve presente nas obras do Ziraldo. Além disso, buscamos trazer novas aventuras e em um diferente contexto. Ziraldo e sua família ficaram muito satisfeitos com o resultado”, destacou produtora Chatrone.
Ziraldo, “pai” do personagem, diz ser uma “alegria ver esse menino divertindo mais uma geração de brasileiros, agora trazendo discussões e desafios da infância e adolescência, com temas atuais e num formato inédito".
A ideia é que pais e filhos assistam juntos, seja para relembrar a infância, seja para criar novas memórias.
A série
A produção já conta com 9 episódios disponíveis no catálogo da Netflix. Segundo Felipe, ainda serão lançados pelo menos mais 2 blocos. Mas, até o momento, não há mais informações sobre datas e detalhes.
Segundo a produtora da série, esta é a primeira vez que a obra vira série em animação, prometendo surpresas com novos personagens e um enredo que inclui temas contemporâneos ao universo de O Menino Maluquinho.
Espera-se que a adaptação crie uma nova geração de fãs do garoto da panela na cabeça, "com o olho maior que a barriga e vento nos pés" – e que também já foi retratado em filmes e quadrinhos.
Desde o seu lançamento na década de 1980, os livros de Ziraldo foram publicados em mais de 10 países e venderam mais de 4 milhões de cópias, permanecendo na memória afetiva dos brasileiros.
Saiba mais
Com produção da Chatrone para a Netflix, O Menino Maluquinho tem adaptação de Carina Schulz e Rodrigo Olaio, direção de Beto Gomez e Michele Massagli, direção de arte de Beta Kruger e Walkir Fernandes e direção de animação de Fits. Gustavo Suzuki é o roteirista-chefe.