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LOLZEIRO Ícone do cenário competitivo de LoL, Kami expõe sua jornada como pró-player na Parada Nerd Campeão do CBLOL de 2013 e também de 2015, ele participou do último dia de evento, dando dicas para quem sonha em jogar profissionalmente 23 OUT 2022 • POR Leo Ribeiro • 18h31
Kami expõe que, assim como todos, espera uma boa participação do Brasil no mundial de League of Legends   Gerson Oliveira/ Correio do Estado

Campeão do CBLOL de 2013 e também de 2015, Gabriel "Kami" participou do último dia da 7.ª Parada Nerd - no Bosque Expo em Campo Grande -, onde comentou sobre o atual cenário de League of Legends e também deu dicas para os fãs que sonham em jogar profissionalmente. 

Tendo seu início de carreira em época que, segundo o próprio ex pró-player, "era tudo mato", Kami revela que sua experiência profissional é pouco aplicável nos dias de hoje. 

"Tinha menos competição, e menos gente querendo viver disso e ingressar no cenário competitivo. Aconteceu meio de tabela, estava jogando em casa, me chamaram para o time e aconteceu", comenta ele. 

Segundo o atual criador de conteúdo da paiN Gaming, hoje em dia tem caminhos mais definidos. 

"Você começa em ligas amadoras, várias universidades fazem campeonatos locais, online também, só montar um time e inscrever para começar a disputar premiações, ainda que simbólicas. Mas já vai tendo experiência competitiva". 

Ele também exalta as experiências que tem acontecido por todo o Brasil, que ajudam a descentralizar o cenário competitivo dos eixo Rio/São Paulo. 

"Eu acho que tem muito público muito carente de eventos como a Parada Nerd aqui em Campo Grande que - inclusive belíssimo evento -, está muito bem organizado", diz. 

Segundo Kami, com a oportunidade de viajar pelo Brasil no pós pandemia, tem percebido o pessoal mais feliz com os eventos.  

"Porque não chega, é difícil fazer campeonato em cidades mais isoladas, é sempre Rio, São Paulo. Então fico muito feliz, de viajar para fora desses locais e encontrando o pessoal que é sempre muito caloroso. A gente fica muito feliz de ver que os eventos estão investindo e trazendo as pessoas que eles gostariam de ver", expõe. 

E o nacional? 

Sobre os atuais campões do CBLoL, Kami classifica a performance da Loud como "ok". 

"Todo mundo espera uma performance muito boa do Brasil lá fora, que ainda não veio (diz ele em tom de brincadeira). Temos fé que ainda ela vem", cita.

Para Kami, o LoL aparece como um jogo muito dinâmico e que, a experiência que a equipe pôde ter, não passa disso. 

"A experiência não importanta tanto, porque eles estão voltando para o Brasil agora e daqui a dois meses o jogo é outro. Vai entrar as mudanças de pré-temporada, vai mudar todo o negócio da selva". 

Ele cita que essa é mais uma dificuldade para os times de regiões menores melhorarem.  

"Acho que o modelo do CBLoL é muito bom, no sentido de que a gente tem um campeonato muito bem estruturado, todo final de semana tem jogo... maravilhoso. Mas tem poucos campeonatos internacionais", comenta. 

Kami esteve no último dia de Parada Nerd e conversou com o público e jornalistas 
sobre a carreira como pró-player e cenário de League of Legends

Kami destaca que os times nacionais não têm muita oportunidade lá fora, não podem jogar em outra liga, já que é limitado a dois jogadores estrangeiros. 

"Então não tem como fazer um time brasileiro na América do Norte, porque ninguém vai contratar brasileiro se tem gente melhor e mais barata em outros lugares". 

Também, ele aponta que não sabe exatamente o que precisa ser feito, para que o cenário competitivo melhore de nível, mas exalta o nível de produção nacional que, segundo ele, "não perde pra ninguém". 

Representatividade 

Por fim, Kami - que assumiu publicamente sua orientação sexual - revela que até hoje recebe mensagens de pessoas dizendo que foram ajudadas pela iniciativa dele, ou que deixaram de ser preconceituosos graças à atitude dele. 

"E essa foi a intenção. Ainda não era assumido e queria, porque as pessoas me comparavam muito com o Félix da novela que passava na época, perguntavam se eu era gay e resolvi falar logo", revela. 

Sua ideia foi justamente aproveitar a visibilidade que tinha, para ser exemplo num ambiente que consegue, muitas vezes (segundo o jogador), ser tóxico e "não amigável" com quem é diferente. 

"É online e com uma galera mais nova, que as vezes não aprendeu da vida que reproduzir preconceito é errado e tudo mais. Mostrar para as pessoas que está tudo bem se o pró-player que eles gostam de assistir é gay". 

Se dizendo otimista, Kami acha que, com o tempo, as coisas vão estar cada vez melhor. 

"Quando me perguntam de cenário feminino, por exemplo, acho que não tem uma solução imediata de um cenário maravilhoso ano que vem. Mas ano após ano as coisas vão melhorar, acho que estamos num evento em que as pessoas são cada vez mais abertas às diferenças". 

Ainda assim, esses casos nocivos - inclusive entre influenciadores - acontecem, mas ele garante que as medidas para "minar" esse tipo de comportamento tem sido tomadas. 

"Ninguém mais vai assistir e dar público para um cara que é preconceituoso, machista. Ainda assim acontece, é uma pena, tem muita gente que não entende o peso da visibilidade, de estar influenciando as pessoas, que o que a gente fala importa", finaliza.

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