Especialistas acendem o alerta para o risco da reintrodução em território nacional da poliomielite, erradicada há 33 anos, em razão da baixa vacinação contra a doença. Em Campo Grande, a taxa de imunização contra a paralisia infantil é de 28%, muito abaixo dos 95% preconizados pelo Ministério da Saúde.
Referência no combate à doença e com o objetivo de estimular a vacinação na Capital, o Rotary Club traz para o município nesta segunda-feira (24), Dia Mundial de Combate à Poliomielite, a campanha End Polio Now (Fim da Pólio Agora, em tradução livre).
Conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), até o dia 13 de outubro, apenas 16,3 mil das 57,4 mil crianças entre 1 e 4 anos foram vacinadas contra a poliomielite na Capital. Em todo o Estado, apenas 55,7% do público-alvo se vacinou contra a paralisia infantil.
Ao todo, a estimativa era de que 173.154 crianças fossem imunizadas contra a doença. No entanto, a campanha deste ano contou com a procura pela imunização nos postos de saúde de 96.506 crianças.
De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, há uma grande preocupação quanto à atual taxa de vacinação de Mato Grosso do Sul. Por esta razão, a SES informou aos municípios que estenderá a campanha de vacinação contra a poliomielite até o dia 28 de outubro.
Vale ressaltar que, até o fim de setembro, o Brasil tinha uma cobertura vacinal contra poliomielite que girava na casa de 52%.
FOCO NA VACINAÇÃO
Com a doença distante do cenário brasileiro há tanto tempo, o reflexo na baixa imunização precisa ser combatido com estímulo para que os pais procurem a vacina contra a poliomielite.
Diferentemente de muitos pais de hoje, que nem sequer têm conhecimento da doença que pode levar à paralisia, o médico Hélio Mandetta frisa que o Rotary tem como missão chamar a atenção para a importância da vacinação.
Ao Correio do Estado, Mandetta relatou que, no ano de 1984, Filipinas estava enfrentando uma epidemia infantil de poliomielite, resultando na morte de muitas crianças.
“O Rotary Internacional, sediado nos Estados Unidos, mandou 5 milhões de doses da vacina da gotinha e 6 meses depois a epidemia já estava controlada”, ressaltou o médico.
Nesse cenário, na década de 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou ao Rotary o desafio de erradicar a doença no mundo. A data de combate à doença foi estabelecida neste dia 24 de outubro pelo Rotary Internacional para celebrar o nascimento de Jonas Salk, líder da primeira equipe que desenvolveu uma vacina contra a poliomielite.
Existem duas vacinas contra a poliomielite, a vacina pólio oral (VOP) ou Sabin, também conhecida por ser a vacina da gotinha, vacina inativada pólio (VIP) ou Salk, administrada por via intramuscular. As vacinas são conhecidas pelos nomes dos cientistas Jonas Salk e Albert Sabin, que desenvolveram as duas modalidades de imunizantes para a pólio.
Hélio Mandetta explica que, na coluna vertebral, onde o vírus da pólio age, a infecção atinge a “parte de trás” da espinha dorsal, responsável pela movimentação, sem afetar o que seria a “parte da frente”, responsável pela sensibilidade.
Ou seja, apesar da perda de movimentos, diferentemente de uma pessoa tetra ou paraplégica, a vítima de pólio não deixa de ter as sensações (dor, queimadura) na região paralisada.
“Tem outra coisa, que é raro acontecer, mas tem caso que vai para o cérebro e para o bulbo, onde está o centro da respiração. Por isso que tem o pulmão de aço, para – nessa fase aguda – não deixar o paciente morrer”, completa o médico.
Por isso, o Rotary reforça que a melhor medida contra a pólio é a prevenção, sem focar em como se curar, e sim em nem sequer contrair essa doença, que figura como uma das que mais causam deficiências físicas em seres humanos.
Segundo a instituição, somos vítimas do próprio sucesso, já que as altas taxas de vacinação do passado tiraram uma série de doenças do cotidiano. Diante disso, levanta-se a falsa ideia de que não existem motivos para vacinar, segundo o presidente do Rotary Club Campo Grande, Ricardo Zanin.
CASO SUSPEITO
A suspeita de paralisia infantil no estado do Pará foi notificada após a detecção do poliovírus nas fezes de um paciente de três anos, em exame realizado depois de a criança apresentar um quadro de paralisia nos membros inferiores.
A criança começou a apresentar os sintomas da doença em 21 de agosto, com febre, dores musculares, mialgia e um quadro de paralisia flácida aguda, um dos sintomas mais característicos da poliomielite.
Dias depois, perdeu a força nos membros inferiores e foi levada por sua responsável a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), no dia 12 de setembro.
De acordo com um relatório de Comunicação de Risco divulgado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs-Sespa), ainda há outras hipóteses de diagnósticos considerados para o caso, como síndrome de Guillain Barré. O Ministério da Saúde ainda não concluiu a investigação.
O último registro de poliomielite no Brasil foi em 1989, na Paraíba. Desde 2015 a cobertura vacinal em território nacional está abaixo do mínimo recomendado pela OMS, de 95%.
Saiba
De acordo com a SES, dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, apenas 31 atingiram a meta de vacinação contra a pólio.
Confira abaixo, na íntegra, a nota do Dr. Hélio Mandetta, Governador pelo Ano Rotário 1993/1994.
Vacina SIM, Vacina SEMPRE
Em todo o Brasil, o comparecimento aos postos de vacinação vem apresentando
taxas muito reduzidas e segundo as Secretarias de Saúde dos Municípios, o
índice em setembro alcançou apenas 45% das crianças previstas a serem
imunizadas e Mato Grosso do Sul não foge a regra.
Doenças comuns até algumas décadas atrás deixaram de ser problemas de
saúde pública por causa da vacinação em massa: sarampo, rubéola, coqueluche,
paralisia infantil são alguns exemplos de enfermidades que quase não se ouvia
mais falar.
No entanto, corremos perigo e elas podem voltar a assombrar. Para
combate-las, a forma mais eficaz é a VACINA, pois só ela é capaz de criar no
corpo humano resistências a vírus agressores.
No caso da Paralisia Infantil, o vírus selvagem altamente contagioso ataca com
mais frequência as crianças, ocasionando paralisias flácidas nos membros
superiores e inferiores.
Desta forma o paciente não consegue andar ou anda
com o equilíbrio comprometido dependendo muitas vezes, de cadeiras de rodas,
muletas ou cuidados especiais pelo resto da vida.
Desde a década de 1980, o grande desafio encarado pelo Rotary Internacional e
pela Organização Mundial de Saúde é o de eliminar a paralisia infantil.
Campanhas com grande engajamento de rotarianos tem sido realizada em
inúmeros países estimulando a vacinação.
E os resultados foram tão positivos
que a doença até pouco tempo, ficou restrita a alguns poucos territórios.
No Brasil, apesar de ter sido considerada extinta em 1989, a redução das taxas
de imunização volta a preocupar e torna a acender o alarme.
Portanto, não vamos nos descuidar, a vigilância precisa continuar.
Levem seus filhos aos postos
de vacinação e mantenham suas carteiras de imunização em dia.
Vamos todos enfrentar as viroses com vacinações atualizadas, criando no
organismo de nossas crianças um forte escudo de proteção.
E não tenham medo,
escutem e sigam a CIÊNCIA, ela trabalha a nosso favor, com base em pesquisas
e oferece o melhor caminho para a segurança e desenvolvimento dos pequenos.
Esta é uma guerra do bem e juntos vamos vencer esse desafio!
Vacina Sim, Vacina Sempre.
Dr. Hélio Mandetta
Governador
Ano Rotário 1993/1994
Rotary Club de Campo Grande - MS