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MANIFESTAÇÃO Após vitória de Lula, caminhoneiros bloqueiam sete pontos de rodovias de MS em protesto Manifestantes aguardam manifestação do presidente e pedem Exército nas ruas 31 OUT 2022 • POR Glaucea Vaccari e Naiara Camargo • 10h16
Caminhoneiros não concordam com resultado das eleições e pedem Exército nas ruas e manifestação de Bolsonaro   Foto: Marcelo Victor / Correio do Estasdo

Pelo menos sete pontos de rodovias federais de Mato Grosso do Sul estão bloqueados por caminhoneiros apoaidores do presidente Jair Bolsonaro (PL), em protesto contra o resultado das eleições.

Conforme a Polícia Rodoviária Federal, no Estado, estão bloqueados trechos da BR-163 em Campo Grande, Eldorado, Bandeirantes, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Coxim.

Também há bloqueio na BR-060, em Camapuã.

A manifestação ocorre em vários estados do País.

Na BR-163, em Campo Grande, há cerca de 100 veículos.

O caminhoneiro Antônio Carlos Nascimento está com o caminhão carregado de cimento e aderiu ao protesto, segundo ele, por acreditar em fraude no resultado das eleições.

"Teve um boicote nas urnas, tem maracutaia. Eu vi o deboche do Bonner ontem, debochou da cara dos brasileitros. O brasileiro que viu ontem, tem que estar ciente que teve alguma coisa nas urnas, teve manipulação", disse.

Segundo Nascimento, os manifestantes aguardam um parecer do presidente Jair Bolsonaro ou uma entrevista, para decidirem os próximos passos ou quando se encerra o protesto, além de pedir intervenção militar.

"Estamos aguardando o Exército na rua para ver o que está acontecendo".

José Antônio, caminhoneiro há 10 anos, está parado desde às 21h e também diz que quer uma resposta e não sairá do local enquanto não obte-la.

"Estamos esperando um posicionamento do Bolsonaro para ver o que vai acontecer, porque a gente não pode admitir um ladrão colocar a mão no nosso país de novo. Se precisar nós vamos ficar aqui o tempo que for", garante.

Edmar Benício dos Santos é caminhoneiro há 20 anos, atualmente transportando madeira, e está no protesto desde às 22h30 de domingo.

Ele diz que não tem previsão para sair do local e afirma que deve haver desabastacimento nos mercados e lojas em cerca de três dias, mas que a manifestação é pacífica.

"Tem caminhões de várias cargas aqui, mas ambulâncias, polícia e outras viaturas estão passando normalmente", disse.

A Polícia Rodoviária Federal afirma que há equipes nos locais acompanhando os bloqueios e que foi conversado com os motoristas para que liberem veículos de emergência e cargas perecíveis.

Um dos organizadores da manifestação, Ademir Pereira, caminhoneiro há mais de 15 anos, disse que será organizado um sistema de siga e pare para carros de passeio, conforme orientação da PRF.

"Não adianta bater direto na população porque a gente precisa do apoio deles", disse aos manifestantes, que estavam contrários à liberação de veículos.

João Batista Mariano é motorista do ônibus de viagem, que saiu de São Paulo ontem as 13h, com destino a Porto Velho (RO), e ficou preso na fila de caminhões.

"Conseguimos liberação até São Gabriel do oeste. Nós contamos a verdade pra eles [caminhoneiros], falamos que saímos de viagem antes das eleições, às 13h, e que a gente não sabia dessa paralisação", explicou.

Não há previsão para o encerramento dos bloqueios.

Nas eleições realizadas neste domingo (30), Lula foi eleito presidente com 60.345.999 votos, o que corresponde a 50,90%, enquanto Bolsonaro obteve 58.206.354, correspondente a 49,10% dos votos válidos.

Fila de caminhões se formou em Campo Grande, sem previsão de liberação (Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado)