Logo Correio do Estado

LUTO Missão de Campo Grande é erradicar trabalho infantil neste Dia de Finados Conforme auditora-fiscal, sete crianças foram encontradas trabalhando pelos 10 cemitérios da Capital em 2021 2 NOV 2022 • POR Leo Ribeiro • 11h29
Capital registrou 7 menores trabalhando em cemitérios no ano passado e espera zerar indicador neste ano   Marcelo Victor/ Correio do Estado

Nesta quarta-feira (02), o Dia de Finados levou centenas de moradores de Campo Grande aos cemitérios, em homenagem a seus entes queridos e, nesse meio, o Ministério do Trabalho e Emprego de Mato Grosso do Sul (MTE-MS) atua para coibir o trabalho infantil, com intenção de erradicar a prática em 2022. 

Conforme a auditora-fiscal do trabalho há 20 anos, Maristela Borges de Souza, há muitos anos o MTE-MS atua, percorrendo nesta data os 10 cemitérios existentes na Cidade Morena, para coibir trabalho infantil e de adolescentes no dia de finados. 

Ela expõe que o serviço por esses menores de idade é proibido, constando na lista de piores formas de trabalho infantil, por conta dos riscos biológicos e físicos. 

"O adolescente vêm na manutenção de túmulo; limpeza; enxada, uma série de riscos a que estão submetidos, como o sol e a própria intempérie", comenta a auditora. 

Caso seja encontrada alguma criança ou adolescente nessa situação, ela explica que são coletados os dados do menor, e determinado o afastamento imediato dele. 

"Normalmente o conselho tutelar também dá uma passada por aqui. Se ele está com a família a gente não lavra o auto de infração. Agora, os que são encontrados aqui dentro, sem ninguém comandando, ele vêm por conta, aí é dever do município coibir essa ação, e a gente responsabiliza a Prefeitura de Campo Grande", conta Maristela.

Trabalho de tempos

Com duas décadas de atuação, ela lembra que já chegaram a encerrar ação com 80 crianças encontradas em situação de trabalho infantil, durante as 24 horas do Dia de Finados. 

Maristela cita a sensibilização e as orientação, feitas pelo próprio Ministério, além de outros órgãos - como a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) -, como parte importante para a redução do trabalho infantil na data. 

"Ao longo dos anos foi reduzindo, chegou a registrar metade e, ano passado, foram encontrados apenas 7 crianças nessa situação. O município se comprometeu a erradicar de vez nesse ano. É o que a gente espera", finaliza ela.  

Memória dos que partiram

Celebração que data desde o século X, vinda da França, o Dia dos Finados não deixa de lado também o gesto de carinho dos que ficaram, para com aqueles parentes e entes queridos que já partiram desta para melhor.

"É muita recordação, lembrança da minha família. São meus pais que são falecidos e estão enterrados aqui. É saudade demais que a gente tem deles", comenta dona Maria de Oliveira, que prestava homenagens no Cemitério do Cruzeiro. 

Ao lembrar dos parentes, ela conta que a visita aos cemitérios é tradição na família, uma forma de carinho que tem se perdido com o tempo. 

"Tenho muito sim. Que hoje em dia eu choro por causa disso. Tenho três filhos, mas só que eles não dão muita atenção pra mim como meus pais davam, eles faziam tudo, não deixavam a gente padecer sozinho... ele estava ali, minha mãe também", completa.

Fotos: Marcelo Victor/ Correio do Estado

Assine o Correio do Estado