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Financiamento Fazendeiros, empresários e redes de supermercados já doaram 300 quilos de carne para bolsonaristas QG de voluntários do Bolsonaro recebeu até vacas inteiras como doação para alimentar os manifestantes 3 NOV 2022 • POR ALANIS NETTO, BEATRIZ FELDENS • 17h10
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Quem passa pelas manifestações dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) - que foram às ruas inconformados com a derrota dele nas eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 30 de outubro -, deve se perguntar de onde vem o financiamento para tamanha estrutura.

O Correio do Estado apurou que, em Campo Grande, o “QG Voluntários do Bolsonaro” vêm recebendo doações para alimentar os manifestantes. Segundo os voluntários do QG, entre os doadores estariam fazendeiros, empresários e até mesmo uma rede de supermercados.

Sirlei Ratier, candidata derrotada a deputada federal pelo Progressistas, que conseguiu suplência nas eleições, é uma das organizadoras do QG. 

Segundo ela, o local existe desde agosto de 2018, e se tornou um ponto conhecido entre os bolsonaristas. Como precisavam de um espaço físico, o QG assumiu a organização das arrecadações.

Ainda segundo ela, todas as doações são voluntárias, e o QG não recebe recursos públicos ou de políticos eleitos.

“Nós temos aqui todo nível de pessoa, de todas as classes sociais, contribuindo. Todo aquele que acha que esse movimento é legítimo quer vir contribuir, quer vir participar”, comentou.

A organizadora afirmou que grande parte das doações vem do “pessoal do agro” e até mesmo de donos de supermercado. Segundo voluntários do QG, e Sirlei Ratier, uma grande rede da cidade seria um dos doadores. O Correio do Estado procurou pela assessoria do supermercado, que afirmou desconhecer a informação, que ela não procede, e que nega veementemente a doação de materiais para os atos golpístas.

A estimativa é de que 300 quilos de carne já tenham sido doados desde o início das manifestações.

“As pessoas às vezes chegam e mandam uma vaca inteira. Duas pessoas mandaram uma vaca inteira”, acrescentou.

Os voluntários estão distribuindo arroz carreteiro, assando carnes e levando água mineral (hidratação) aos manifestantes.

“Ficou gente o dia inteirinho assando carne e frango lá, e servindo dentro de pão, um sanduíche. Milhares de pessoas comeram ontem lá no Comando Militar do Oeste”.

Sem hora para acabar

Sirlei afirma que não há previsão para o movimento acabar. Segundo ela, o compromisso com os manifestantes é de que todos permaneçam lá até alcançarem o que querem.

“Nós não queremos ser governados por uma pessoa condenada em três instâncias e que foi descondenada, alçada à categoria de presidenciável, conseguiu se candidatar e foi eleita em um sistema fraudulento. E eu falo isso sem medo. A fraude não foi só da urna, não, ela foi bem anterior”, concluiu.

Já outro voluntário, que se identificou como Juliano Ribeiro, afirmou que o movimento não é eleitoral, mas sim uma manifestação de insatisfação pelo Brasil.

“Se o Tribunal Superior Eleitoral proclamou o resultado da eleição, tudo bem, está proclamado. Nossa briga não é com o resultado da eleição. Nós não queremos que o Brasil continue essa pouca vergonha que ele está, e nós estamos nos opondo a um sistema opressor que está aí no Brasil e a gente não aceita”, relatou.

Este já é o 4º dia de manifestações

 

Bloqueio urbano parcial

Os movimentos de natureza golpista, questionando o resultado das eleições do dia 30 de outubro, começaram na segunda-feira (31), com bloqueio de estradas em todo o Estado e interdição parcial da Avenida Duque de Caxias, em Campo Grande, em frente ao Comando Militar do Oeste. 

A via é uma das principais da região Oeste da Capital, principal ligação ao Aeroporto Internacional. O movimento tem gerado reclamações de quem precisa se deslocar. Até o momento, nem a prefeitura de Campo Grande, nem a Polícia Militar, tomaram medida alguma para desbloquear todas as pistas da via. 

Nas eleições do último domingo, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito com 60.345.999 votos (50,9%). Jair Bolsonaro teve 58.206.354 votos (49,1%). 

Observadores internacionais, líderes das principais economias do mundo, e até mesmo integrantes do governo Bolsonaro já reconheceram o resultado das urnas. Os manifestantes, porém, continuam cobrando algum tipo de reversão do resultado, ou uma intervenção militar.

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