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relutância "Greve geral" bolsonarista quer fechar comércio, agro e transportadoras Listas que correm pelo Whatsapp colocam empresas dos três setores como apoiadoras de atos que pedem intervenção militar 6 NOV 2022 • POR Rodrigo Almeida • 17h08
  Arquivo/ Valdenir Rezende/ Correio do Estado

Apesar de terem perdido força no final da última semana, apoiadores bolsonaristas seguem se movimentando nas redes sociais para contestar o resultado das urnas. 
Listas que correm pelo Whatsapp colocam empresas de três setores como apoiadoras de atos que pedem intervenção militar, com a convocação de uma "greve geral” para esta segunda-feira (07). 

De acordo com a lista que a reportagem teve acesso, transportadoras e empresas ligadas ao agronegócio compõem o rol de estabelecimentos que devem fechar as portas e aderir aos movimentos considerados antidemocráticos. 
Com a mensagem de “apoio à pátria", os bolsonaristas devem se reunir em frente a quartéis no interior do Estado e em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO), em Campo Grande, pedindo que as forças militares assumam o comando do país, deposição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), recontagem dos votos, entre outras medidas contrárias à democracia. 

Empresários que não quiseram se identificar disseram que o movimento tem a característica de adesão de empresas mais ricas, com condições de fechar as portas e ter impacto menor nos resultados. 
“Nós que somos menores e do comércio não podemos parar, não dá para se dar ao luxo de fechar a porta”, comentou um comerciante que se diz preocupado com abordagens de clientes. 

Ele comentou que vários clientes questionam a adesão dele para terem ideia do posicionamento político do empreendedor. “Tenho amigos que estão na lista de boicote e nem deveriam estar lá porque nem sequer falam de política. É um momento muito perigoso de exposição, não posto mais nada na rede social”, desabafou. 

Segundo o presidente da  Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG), Adelaido Vila, esse movimento é notado pela entidade. “Existem muitas pessoas que estão se sentindo pressionadas a participar de alguns movimentos com medo de ter o seu estabelecimento sabotado. Tem um grupo de radicais que está desenvolvendo listas e mais listas para sabotar empresas que não se envolvem nos movimentos que eles promovem”, relata. 

Durante a semana, a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) disse não saber a origem da lista de boicote, e considerou a atitude prejudicial para o ambiente de negócios em Campo Grande. “[A ACICG] repudia esse tipo de retaliação ou qualquer outra forma de boicote motivado por questões políticas”, declarou em nota. 

No decorrer da primeira semana após o encerramento das eleições, os movimentos que contestavam a vitória do presidente eleito Lula cresceram em tamanho, fecharam rodovias e causaram transtornos para o comércio da cidade, como já mostramos na edição do Correio do Estado da sexta-feira (04), com a falta de hortifrútis é possível escalada da inflação dos alimentos. 


O que dizem as entidades?

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG) foi a mais ressonante na manifestação. “Estamos acompanhando de perto e até agora a gente não está vendo grandes adesões para esse movimento”, comentou Adelaido Vila. 
Ele ressalta o impacto que qualquer dia parado causa para os comerciários. “Isso gera prejuízo e na hora de fechar o mês isso prejudica bastante. A gente acaba não tendo o desempenho que poderia ter”, declarou. 

Adelaido Vila deixou claro que todos têm liberdade de ir e vir e de querer se manifestar ou não. “Então quem decide ou por uma coisa ou por outra ele não pode ser penalizado. A entidade é apartidária, e a nossa bandeira é o varejo. Nós estamos aqui para defender as cores do nosso varejo”, finalizou. 

De forma mais comedida, a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) informou que também está ciente sobre a possibilidade de fechamento de empresas na Capital.  
“Em respeito à liberdade de manifestação, a entidade entende que aderir ou não ao movimento é uma decisão individual de cada empresário”, declarou. 

A Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) declarou total apoio aos protestos antidemocráticos, seguindo a tendência do setor. Inclusive liberou os colaboradores de expediente na segunda-feira para aderir ao movimento. 
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA), entidade na qual a Famasul é membro, reconheceu o resultado nas urnas somente na última terça-feira (1º), o comunicado saiu quase concomitante ao primeiro pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro sobre o pleito. 

O Correio do Estado tentou contato com o Sindicato de Empresas do Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS), mas não obteve resposta sobre a presença das transportadoras na lista de convocação dos atos antidemocráticos. 

Na última segunda-feira (31), Cláudio Cavol, diretor-presidente do Setlog-MS, conversou com o jornal e classificou as manifestações como espontâneas naquela ocasião. Sobre a participação de empresas do setor e profissionais de Mato Grosso do Sul, Cavol assegurou que nenhum deles eram da região.

“Esses caminhoneiros não são de MS nem de Campo Grande, são pessoas que passavam por aqui e não concordaram com o resultado da eleição”, justificou. 

Claudio Cavol adiantou que a posição do sindicato é de cumprimento da legislação. “Concordando ou não com o resultado, esperamos que o atual governo privilegie a classe produtiva e os trabalhadores, para que como uma só nação possamos trabalhar para crescer”, declarou defendendo a democracia.