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SAÚDE Com Samu sem macas, idoso espera 48 horas por transferência para hospital Secretaria aponta aumento na demanda de leitos em razão de infartos, AVCs e acidentes de trânsito no município 12 NOV 2022 • POR ketlen gomes • 09h30
Macas do Samu ficam retidas nas unidades de saúde da Capital   GERSON OLIVEIRA

As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Campo Grande enfrentam quadros de lotação há dias. Sobretudo em decorrência de acidentes de trânsito e emergências clínicas, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), as macas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) retidas nos postos de saúde deixaram o idoso Mauro Ferreira da Silva, 65 anos, esperando por mais de 48 horas para ser transferido para a Santa Casa de Campo Grande. 

Ao Correio do Estado, familiares de Mauro relataram que o idoso deu entrada na UPA após sofrer infarto, na noite de segunda-feira (7), e apenas na quarta-feira (9) de manhã conseguiu uma vaga no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Santa Casa.

No entanto, familiares relataram que não haviam conseguido transferir o paciente até a tarde desta sexta-feira (11), em razão do problema de retenção de macas do Samu.

Cunhado do idoso, Celso Romero disse ainda que profissionais da UPA recomendaram a procura pelo serviço particular de transferência.

“Eles falaram que, para poder levar ele para a Santa Casa, se não fosse preciso o acompanhamento de médico, teríamos que pagar R$ 350,00. Caso fosse preciso médico de acompanhante, o valor já seria R$ 1,5 mil”, afirmou. 

Mauro deve passar por um procedimento de cateterismo, exame cardíaco para diagnosticar obstruções nos vasos sanguíneos e outros problemas no coração. O paciente ficará internado no CTI da Santa Casa de Campo Grande por alguns dias.

PROBLEMA RECORRENTE

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), a demora na transferência tem sido um problema recorrente nos dois últimos meses, efeito da retenção de macas do Samu por hospitais quando estão com leitos ocupados.

A Sesau informou que tem tratado com hospitais para tentar remanejar novos leitos e evitar esse tipo de situação.

No entanto, como são necessidades oscilantes, não há como produzir uma estatística que justifique o processo de abertura de novos leitos, como foi realizado durante a pandemia de Covid-19.
No auge da crise sanitária causada pelo coronavírus, Campo Grande passou de 116 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para 350. 

A secretaria reitera que, neste ano, com a queda de casos e internações, alguns leitos foram remanejados para hospitais como a Santa Casa, principalmente para a Unidade de Trauma, e que a disponibilidade foi reduzida.

Conforme a Sesau, o município está em processo de implantação de um serviço exclusivo de transferência hospitalar dos pacientes, para atuar junto do Samu e evitar situações de aumento repentino de demanda.
De acordo com a Pasta, inicialmente, serão adquiridas duas viaturas para o auxílio no transporte dos enfermos. Entretanto, não foi dado um prazo para que a compra seja realizada.

LOTAÇÃO

Além da retenção das macas do Samu, as Unidades de Pronto Atendimento da Capital também enfrentam problemas de lotação, decorrentes do aumento de casos de virose infantil.

Também nesta sexta-feira (11), mães relataram à reportagem demora nas filas dos postos de saúde para os atendimentos de crianças com quadros de febre, vômito e diarreia. 

Nathalia Martins levou o seu filho de dois anos à UPA Universitário mais de uma vez e estava há quatro horas à espera de atendimento.

“A febre não está passando, você dá o remédio e não dura nem três horas e a febre já volta de novo, e eu expliquei para eles que o remédio não está adiantando”, relatou Nathalia.

A babá Laís Ávalo também denunciou a demora no atendimento, ela aguardava havia mais de três horas pelo atendimento de seu filho de quatro anos, que também estava com sintomas de virose. 

“Ele chegou com febre aqui, eu fui lá dentro e me disseram que ele seria o próximo a ser atendido, mas até agora nada. Teve uma menina que teve um episódio de cinco vômitos e ninguém atendeu a gente”, disse Laís.

Na UPA Coronel Antonino também foi registrado um grande fluxo de crianças com os mesmos sintomas, mas a espera estava sendo menor.

Carolina Pinheiro é mãe de um bebê de nove meses e estava pela segunda vez no posto. “Ontem a gente veio, a minha filha estava com febre já havia dois dias, além de diarreia, alergia e falta de apetite. Fui atendida pela pediatra, ela deu uma medicação e já liberou, por isso que hoje voltei”, comentou.

SAIBA

Segundo a Sesau, casos de virose são sazonais e têm maior ocorrência no período pós-férias escolares e no fim do ano. Apesar de haver internações de alguns pacientes infantis, esses casos são poucos e não afetam o problema de retenção de macas.

*Com informações de Beatriz Feldens