Na primeira entrevista concedida a uma emissora de TV brasileira, Rosângela Silva, a Janja, mulher do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, narrou minuciosidades da campanha do marido, uma delas como foi o início da proximidade entre o PT e a senadora sul-mato-grossense Simone Tebet, do MDB, hoje um dos principais nomes do governo de transição do petista.
A socióloga conversou com Poliana Abritta e Maju, as apresentadoras do Fantástico, programa da Rede Globo exigido no domingo à noite.
Em trecho do diálogo Janja foi questionada sobre a presença dela na campanha e sua mobilização por apoios.
"Não tem nada planejado. Acontece muito as coisas ali no calor do que tá acontecendo naquele momento mesmo. O telefonema pra Simone [a senadora], a gente [com o marido] tava em casa, peguei o telefone, falei 'vamos ligar', 'vamos ligar'. Falei com a senadora e os dois conversaram. Não tenho nenhum papel de articulação. O meu papel...".
Nota-se que o nome de Simone, uma das principais aliadas de Lula no segundo turno, surgiu de modo espontâneo.
A futura primeira-dama do país foi novamente questionada: "mas... na prática você fez articulação, você sabe disso, né?
"Pode até ter acontecido, mas não que tenha sido uma coisa planejada. Era importante falar com ela [Simone], conversar com ela. Primeiro dizer que foi uma campanha bonita que ela fez, uma campanha significativa do ponto do olhar feminino para uma eleição. Acho que ela trouxe isso, ela trouxe essa importância da participação feminina. E ela teve papel importantíssimo no 2º turno. E eu tinha certeza que seria assim do jeito que foi".
Seguiu as entrevistadoras: "foi um enorme capital".
Janja assim interpretou a aliança com Simone: "foi, importantíssimo. Tanto ela [Simone] quanto Marina. Acho que Marina tem o simbólico para o Brasil e as duas trilharam ali no 2º turno. Foi muito importante".
Janja disse ainda que nem deu para reunir-se com Simone depois do telefone, mas as duas conversaram.
"Não, não deu tempo nem de fazer essas reuniões porque a campanha do 2º turno foi muito intensa, né? A gente conversava antes, um pouco antes dos atos e tal. Conversei algumas vezes com a Simone por whatsaap, algumas pautas importantes, principalmente ligadas às mulheres. A gente foi meio que no instinto feminino mesmo e fazendas as coisas aí no segundo turno".
Simone Tebet disputou o Planalto e ficou na terceira posição, atrás somente de Lula e Bolsonaro. Ela deixou para trás nomes que parecia bem mais firma corrida eleitoral, como o do ex-ministro Ciro Gomes, do PDT.
Simone, cujo mandato de senadora expira no fim de janeiro, pode chefiar um dos ministérios do governo de Lula, o da Cidadania, por exemplo.