Logo Correio do Estado

artigos Famílias mais endividadas e o desafio da perda do poder de compra São ainda 9,5 milhões de desempregados buscando recolocação há mais de 30 dias, e mais de 4 milhões de desalentados (que já desistiram de procurar emprego), segundo o IBGE  22 NOV 2022 • POR Diogo Angioleti  • 07h30

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 80% das famílias brasileiras estão endividadas, ou seja, não conseguem viver com sua renda mensal. O índice é mais alto nos lares com renda menor que 10 salários mínimos.

Essa significativa parte da população está, portanto, recorrendo a produtos de crédito para manter o padrão de vida ou até atender necessidades básicas como alimentação, vestimenta ou transporte.

As dívidas a vencer das famílias se acumulam principalmente em cheques pré-datados, cartões de crédito, cheque especial, carnês de lojas, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestações de carros e de casas.

Estudo da Serasa Experian revela ainda um dado preocupante: 30% das famílias estão inadimplentes, e esse índice é recorde. São quase 68 milhões de brasileiros com dificuldades para manter as contas em dia. O atraso nos pagamentos gera problemas na economia local, desestabiliza os fluxos de caixa das empresas e, acima de tudo, gera desconforto e privações para as famílias.

A maior parte das dívidas são com bancos e cartões (28,8%), seguida de contas básicas como água, gás e luz (22,1%) e financeiras (13,8%), conforme o Serasa. O cenário só não é pior pois houve uma força-tarefa em negociações junto aos credores. 30% dos que buscam o saneamento das dívidas estão na faixa de 30 a 40 anos, e 54% são mulheres.

Temos uma boa perspectiva em relação a emprego e renda. A taxa de desemprego está melhorando, nesse terceiro trimestre caiu para 8,7%, a menor desde julho de 2015. O principal motivo da melhora está nas oportunidades de trabalho informal.

Mesmo assim, são ainda 9,5 milhões de desempregados buscando recolocação há mais de 30 dias, e mais de 4 milhões de desalentados (que já desistiram de procurar emprego), segundo o IBGE. 

Com esse cenário desafiador, precisamos ficar atentos a como lidamos com nossa vida financeira. Desemprego elevado, alta de juros, preocupações com a decisão da direção política do País, guerra internacional e problemas na Europa, que podem levar a uma recessão global, são fatores que afetam e dificultam uma retomada mais rápida da nossa economia.

Todos esses índices e números são mais dramáticos para a população de baixa renda, pois a realidade dessa faixa da sociedade é bem mais cruel do que revela a estatística. Com o aumento da inflação e, consequentemente, do custo de vida, as famílias vivem com mais dificuldade, pois já estão com o orçamento muito apertado e percebem que perderam poder de compra.

É importante que as famílias mapeiem suas dívidas e tenham plena consciência da realidade. Busquem as instituições credoras para negociações ou renegociações que diminuam parcelas e baixem o endividamento mensal excessivo.

Esse é um momento de manter o controle e buscar a otimização dos gastos, inclusive avaliando alternativas de consumo mais baratas e lazer que não dependa só do dinheiro.

Evitar supérfluos e compras por impulso é essencial, afinal, a criação de bons hábitos financeiros depende de insistência e disciplina, mas, acima de tudo, o que nos mantêm engajados é a definição de metas e objetivos familiares.

Assine o Correio do Estado