Sem o reajuste de 10,39% do piso salarial referente ao prometido para o mês de novembro, cerca de 8 mil professores da Rede Municipal de Ensino (Reme) de Campo Grande vão aderir a uma paralisação geral nesta sexta-feira (25).
De acordo com o presidente do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), Lucilio Nobre, o ato é uma tentativa de pressionar a Prefeitura de Campo Grande para que o acordo do reajuste salarial seja cumprido.
“O documento que ela [prefeita Adriane Lopes] apresentou, que nós apresentamos na Assembleia, não nos dá garantias de que haverá efetivação do acordo e o cumprimento da lei”, explica Nobre.
Os profissionais da educação chegaram a conversar com a prefeitura da Capital, mas não obtiveram êxito nas negociações para o cumprimento do acordo de reajuste salarial.
Após a paralisação, haverá uma nova assembleia geral no sindicato, às 14h, para deliberar sobre as próximas ações da categoria. Além disso, Lucilio Nobre informou que espera se reunir com a prefeita Adriane Lopes (Patriota), às 9h, para uma nova tentativa de acordo.
Questionado se uma possível greve está pautada para a assembleia após o ato, o presidente da ACP informou que não pode falar a respeito.
“A gente não pode se antecipar às assembleias e falar o que pode acontecer e o que vai acontecer. Porque tudo é debatido e discutido com a categoria em plenário”, relatou Nobre, que acrescentou esperar que a prefeita Adriana Lopes cumpra o que está na lei.
O presidente também garante que a aula atingida pela paralisação será reposta, para não prejudicar o calendário acadêmico dos alunos.
REAJUSTE
O reajuste salarial dos professores da Reme está previsto na Lei Municipal nº 6.796/2022, aprovada em março, pelo então prefeito Marquinhos Trad (PSD), que prevê uma correção gradual, de abril deste ano a outubro de 2024, até atingir o piso nacional. O primeiro reajuste previsto, em abril, de 5,03%, foi recebido pelos profissionais.
No entanto, a ACP explica que, em documento, a prefeitura sinalizou que contemplará apenas o reajuste do mês de dezembro, em 4,78%, também previsto na lei. As próximas correções, de acordo com a legislatura, deverão acontecer em maio e outubro de 2023 e maio e outubro de 2024.
A lei que abrange a integralização do piso nacional do magistério por 20 horas em Campo Grande é uma alteração do Art. 1º da Lei nº 5.411, de dezembro de 2014, em que os profissionais tinham piso zero.
O Correio do Estado entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
APOIO DO SISEM
O presidente do Sindicato dos Servidores de Campo Grande (Sisem), vereador Marcos Tabosa (PDT), informou ao Correio do Estado que não vai aderir à paralisação, mas vai estar no ato para apoiar os professores. Ainda nesta sexta-feira, o Sisem se reúne com a prefeitura às 14h30min.
A reunião será para confirmar o reajuste do mês de dezembro aos profissionais da educação, de 4,78%, R$ 600 do vale-alimentação, pagamento de insalubridade aos agentes comunitários de saúde, que segundo Tabosa deveria ter sido enviado desde maio, e o pagamento dos cursistas do Profuncionário, que está atrasado desde julho.
Além disso, o Sisem busca uma resposta a respeito do plano de cargos e carreiras dos administrativos da educação, que está suspenso pela prefeita Adriane Lopes e deveria ter sido entregue na Câmara Municipal de Campo Grande em outubro.
“Há rumores ainda de que ela não tem dinheiro para pagar o 13º [salário dos servidores] e nós queremos uma posição dela amanhã”, completa o presidente do Sisem sobre a pauta da reunião com a prefeita da Capital.
Para Tabosa, Adriane não foi pega de surpresa em relação aos compromissos estabelecidos pelo ex-prefeito Marquinhos Trad.
“Tudo o que o Marquinhos fez, tudo o que ele planejou a Adriane Lopes estava junto, porque a gestão é conjunta e ela foi eleita como vice-prefeita. Então, ou ela estava junto ou ela sempre foi um bibelô, essa é a minha visão”, comenta o vereador.
Saiba: O reajuste salarial dos professores da Reme está previsto na Lei Municipal nº 6.796/2022, aprovada em março pelo então prefeito, Marquinhos Trad (PSD), que prevê uma correção gradual, de abril deste ano a outubro de 2024, até atingir o piso nacional. O primeiro reajuste previsto, em abril, de 5,03%, foi recebido pelos profissionais.