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BLOQUEIOS

Fronteira fechada do Brasil com a Bolívia resultou em prejuízo de mais de R$ 1 bilhão

Principal trecho de comércio exterior do Centro-Oeste foi reaberto na noite de sábado e ficou bloqueado por mais de 30 dias

27 NOV 2022 • POR Rodolfo César • 14h37
Fronteira fechada causa prejuízo bilionário   Rodolfo César

Depois de acordo costurado ao longo desta última semana, a fronteira do Brasil com  a Bolívia foi aberta na noite de sábado e o protesto gerou prejuízo estimado de R$ 1.125.000.000,00 para o comércio exterior de Mato Grosso do Sul. A região é o principal trajeto de negócios do Centro Oeste em termos de Porto seco.

A Bolívia é um grande comprador do Brasil e cerca de 90% do volume negociado e que passa nessa região é de exportação para o país vizinho. A importação da Bolívia corresponde a 10% das cargas que transitam entre Corumbá e Puerto Quijarro, conforme dados locais da Receita Federal.

Autoridades brasileiras, incluindo a Associação Comercial e Empresarial de Corumbá, governo de Mato Grosso do Sul e transportadas brasileiras tiveram mais de uma reunião com manifestantes bolivianos para apontar a fragilidade que o protesto estava ocasionado e os prejuízos escalonáveis, atingindo não só o Brasil, mas também gerando desabastecimento no país vizinho.

Para liberar o acesso da fronteira foi necessário o uso de trator para retirar terra e outros objetos que estavam bloqueando a fronteira. Apesar da liberação na região, o acesso até Santa Cruz de la Sierra continua com manifestações. Isso significa que nem todo o comércio exterior vai fluir por enquanto.

“A Receita Federal irá se reunir com os representantes do Porto Seco, transportadores, importadores, exportadores e demais intervenientes para buscar alternativas com o objetivo de minimizar todo esse impacto”, detalhou a Receita Federal em Corumbá, por meio de nota emitida na noite de sábado.

Por dia útil, cerca de R$ 45 milhões são comercializados no Porto Seco da Agesa e transitam pelo Posto Esdras, último ponto no Brasil para se adentrar na Bolívia. A manifestação dos Comitês Cívicos da Bolívia fecharam a fronteira por 25 dias úteis, no total foram mais de 30 dias. Essa manifestação foi a maior dos últimos cinco anos.

Além do prejuízo no comércio exterior, a movimentação no comércio corumbaense é altamente dependente do consumidor boliviano. Estimativa que comércios e serviços sofreram queda entre 40% e 70% de vendas. 

O bloqueio foi definido pelos Comitês Cívicos, primeiramente da província de Santa Cruz, para cobrar o governo federal sobre a realização do censo demográfico em junho de 2023. O governo federal sustentou que só poderia realizar o procedimento no país a partir de 2024. O censo que define os repasses que municípios recebem, tal qual ocorre no Brasil. O último censo realizado foi em 2012 e há defasagem nos repasses. Além disso, o governo provincial de Santa Cruz, de Luiz Camacho, também é adversário do governo federal boliviano, conduzido por Luis Arce (MAS).