Logo Correio do Estado

ARTE REMUNERADA Mercado fonográfico é atraente, mesmo na Capital, e tem workshop ensinando à entrar nesse meio Produção de Música Eletrônica, por Felipe Ceará, mostra como se preparar para trabalhar com música no cenário local; mulheres e pessoas trans tem desconto 14 DEZ 2022 • POR LEO RIBEIRO • 08h47
Em workshop de produção de música eletrônica, Ceará passará várias dicas e técnicas que acumulou em sua caminhada estudando música e áudio   Mauricio Costa

Números confirmam a ascenção meteórica do mercado fonográfico brasileiro, com crescimento de 32% no último ano, gerando - em valores totais - R$ 2,111 bilhões em 2021, o que torna o setor cada vez mais interessante para investidores e, claro, para os produtores de conteúdo. 

Mestre em Estudo de Linguagens pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Felipe Ceará é graduado em música, também pela UFMS, e considera a cena local como "efervescente e em ascenção". 

"Acredito que a música e a arte podem ser uma fonte de renda e que existem possibilidades de trabalhos em diversos nichos do mercado musical brasileiro. Pensando em nível local [a cena], logo menos precisará de mais profissionais para ocuparem novos espaços", comenta ele. 

Atuante há tempos no mercado local, o músico tem performance como nome regionais que souberam muito bem escalar o cenário musical da região, como Begèt de Lucena (até com a própria banda O Santo Chico) e Marina Peralta

Diante dessa cena musical, que cresce cada vez mais, Ceará lembra que é crucial que haja compartilhamento de conhecimento entre a classe. 

Através disso, ele comenta ser possível alcançar o que toda pessoa que se dispõe à trabalhar com arte busca, melhorias de cachê, mais datas na agenda e mais espaço dentro nos festivais. 

"Quanto mais gente fazendo uma coisa com maiores habilidades, mais forte fica uma cena musical", cita. 

Oportunidade

Ainda, como característica não somente de Campo Grande, Felipe reconhece que o cenário da música tem a dificuldade de "furar a bolha" da produção que possui mais espaço, inegavelmente composta por homens cis (indivíduo que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu). 

Com isso, ele traz no próximo sábado o Workshop Produção de Música Eletrônica, iniciativa de um dia com café da manhã incluso, para o qual mulheres e pessoas trans possuem desconto na taxa de inscrição. 

"Entendendo o processo de reparação social dentro dos espaços de trocas de conhecimentos, predominantemente ocupados por homens cis, e a necessidade desses dois públicos estarem nesses espaços com suas referências, significados e gestos musicais, acredito que seja importância desse desconto", reessalta Felipe Ceará. 

No workshop, para produzir e tocar música eletrônica com computador e outros instrumentos, através da plataforma de trabalho Ableton Live, os participantes passarão pelos seguintes conteúdos: 

Com tanto a aprender, ele lembra à todos que se interessarem, que a música exige realmente muita dedicação. 

"No começo é necessário passar alguns apuros, tocar de graça, construir repertório, montar um portfólio e ir ocupando os espaços aos poucos. Independente do nível e do nicho em que esteja, é necessário enxergar o seu campo de atuação musical como um todo e estar sempre em processo de auto análise", revela.

Com vagas limitadas, o workshop de produção de música eletrônica será na realizado no Estúdio Subgrave, localizado na Rua do Violino, 33, no Tiradentes, onde Ceará passará várias dicas e técnicas que acumulou em sua caminhada estudando música e áudio. As inscrições são feitas pelo Whatsapp (67) 992620179.

Para Felipe, analisar o próprio trabalho, para entender a forma como impactar a sociedade ao redor, é a parte difícil. 

"Porque a musica acompanha as mudanças sociais e aí a gente precisa também mudar pra entender as mudanças. Mas as partes boas são também muito boas", brinca o músico. 

Como forma de tranquilizar os que querem entrar nesse mundo, ele complementa que, com o tempo, os cachês vão melhorando, acompanhados pela estrutura e palcos, deixando a coisa "cada vez mais prazerosa". 

"Aí junta isso mais o brilho no olhar das pessoas quando são tocadas pela música que você faz, as vezes nem o cachê paga isso", finaliza. 

Assine o Correio do Estado