Sem acordo de reajuste salarial e com reposição de aulas indefinida, professores da Rede Municipal de Ensino (Reme) seguem em negociação com a Prefeitura de Campo Grande.
Ontem, questionado sobre a reposição das aulas durante a assembleia geral organizada pelo Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), o novo presidente da ACP, Gilvano Bronzoni, anunciou que os dias a serem repostos ainda estão indefinidos e devem ser tratados em reunião com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), a ser realizada na segunda-feira, às 14h.
“Em todo fim de greve, o sindicato se reúne com a Semed para ajustar o calendário escolar e tratar das reposições, para que os alunos não fiquem no prejuízo, para que a gente encerre juntos o ano letivo, de forma organizada”, disse Bronzoni.
A reposição, segundo o presidente da ACP, deve ser feita em mais de sete dias letivos, já que, além dos dias de greve, entram na conta também os dias de paralisação para reuniões do movimento sindical.
“Algumas aulas já foram repostas, cada escola tem uma situação de reposição aos sábados, por isso, vamos nos reunir com a secretaria para debater e ajustar os horários”, declarou o presidente da ACP.
Procurada pela reportagem do Correio do Estado, a Semed respondeu, em nota, que a reposição das aulas depende de uma definição por parte do sindicato se as paralisações continuarão ou não.
“Em relação ao calendário de reposição das aulas, só será divulgado de forma conclusiva nos próximos dias. Cumpre esclarecer que um dia letivo, referente à paralisação do dia 25 de novembro, já foi reposto no dia 10 de dezembro [sábado]”, disse a Semed em nota.
Durante os discursos feitos por professores na assembleia geral, a reposição das aulas na Reme foi colocada em pauta, com dizeres indicando uma preocupação da categoria com os alunos, que têm direito às aulas, e ao prolongamento do ano letivo, que está prestes a terminar.
Professor de Artes Carlos Anunciado, 39 anos, confirmou à reportagem a preocupação da categoria com relação à qualidade das aulas nesta definição das reposições.
“Existe esta preocupação com relação ao prolongamento do ano letivo, que a diretoria da ACP deve definir com a secretaria. Estamos preocupados com os alunos, o desgaste deles e a qualidade das aulas na reposição. Eles [alunos] ficam neste vai e vem de aulas e paralisação”, declarou o professor.
ASSEMBLEIA
Durante a assembleia geral, os professores da Reme reprovaram a proposta de reajuste salarial apresentada pela Prefeitura de Campo Grande, que daria o reajuste de 10,39% escalonado em três parcelas – 3,42% em janeiro, 3,48% em maio e 3,48% em dezembro do ao que vem.
Esse valor era esperado pela categoria, de forma integral, na folha de pagamento de novembro deste ano.
Além disso, a proposta não abrangia os professores aposentados, um dos motivos para ter sido rejeitada.
Com a reprovação da proposta de escalonamento, a categoria votou a favor de uma contraproposta, sendo 3,42% em janeiro e 6,97% em março de 2023.
As decisões dos professores serão repassadas pela ACP à Prefeitura de Campo Grande em uma nova reunião com a prefeita Adriane Lopes, na manhã de hoje.
Independentemente da resposta da prefeitura sobre a nova proposta discutida pela ACP, na segunda-feira haverá nova assembleia do sindicato, na sede da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), às 17h, para deliberação sobre o reajuste.
“A votação foi realizada por unanimidade pelos mais de 700 professores aqui presentes, e a assembleia vai encaminhar a contraproposta para a prefeita, já que a mesma não encerrou o diálogo. Aprovamos a contraproposta com o mesmo índice que ela deu de 3,42% para janeiro, mas com 6,47% para março, sendo de forma integral para profissionais ativos e inativos”, afirmou Bronzoni.
Com relação à rejeição da proposta de reajuste apresentada pela prefeitura nesta quinta-feira, o presidente da ACP declarou que o principal tópico rejeitado foi a ausência do reajuste para os professores aposentados.
“O principal tópico que levou à rejeição dos professores foi a ausência do reajuste aos professores inativos, aos aposentados. São 35 anos de contribuição, e o sindicato não quer deixar de fora esta categoria, que também tem direito”, finalizou Gilvano Bronzoni.
Saiba: No dia 2 de dezembro, professores da Reme foram às ruas revindicar o reajuste salarial no primeiro dia de greve.
Cerca de 3 mil servidores municipais da educação percorreram ruas do centro de Campo Grande até o Paço Municipal, onde ficaram concentrados. Encerrada no dia 8 de dezembro, a paralisação durou sete dias.