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FEMINICÍDIO Mulher morta a facadas, em Campo Grande, pode ter sido assassinada enquanto dormia Principal suspeito do crime morreu ao colidir a motocicleta que pilotava com uma caminhonete na mesma manhã em que mulher foi morta 22 DEZ 2022 • POR ANA CLARA SANTOS • 17h22
Delegada da Deam afirmou que há possibilidades da vítima ter sido morta enquanto dormia   Gerson Oliveira/Correio do Estado

Dando continuidade às investigações do feminicídio de Cláudia Franciele Cabreira, de 28 anos, ocorrido na manhã de quarta-feira (21), no Jardim Columbia, em Campo Grande, a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Marianne Cristine de Souza, informou que a polícia trabalha com a possibilidade de que a vítima tenha sido morta por Kaio Vinícius Maciel Gavioli, de 32 anos, enquanto dormia.

O corpo de Kaio foi encontrado depois dele colidir sua motocicleta contra uma caminhonete a caminho de Jaraguari, viagem que fez após deixar o corpo de Cláudia dentro da casa do casal na mesma manhã. Além de ter sido vítima fatal na colisão, o corpo do homem estava com 19 perfurações superficiais.

A delegada também esclareceu que o caso ainda está sendo investigado e segue várias possibilidades, mas, sabe-se que é quase improvável ter uma terceira pessoa envolvida, que possa ter matado o casal.

“Nós temos algumas linhas de investigação, mas vai ser essencial os trabalhos periciais nos dois locais e também nos corpos para determinar se a lesão dele foi feita por ele mesmo ou por um terceiro e mas há probabilidade sim de que ele tenha primeiro matado ela, tentado se matar e depois ocorreu o acidente”, esclareceu.

Ainda de acordo com a delegada, as diversas peças que compõem o crime começaram a ser montadas quando a polícia de Jaraguari iniciou os trabalhos periciais no acidente de trânsito que vitimou Kaio. Ele estava pilotando uma motocicleta quando colidiu com uma caminhonete.

A polícia então encontrou um documento de Cláudia no bolso da roupa de Kaio, junto com um molho de chaves, que foi usado mais tarde para abrir a porta da casa onde o corpo da mulher foi encontrado.

Outro fator de estranhamento foram as 19 perfurações superficiais encontradas no tórax de Kaio. A polícia trabalha com a hipótese de que os ferimentos tenham sido feitos por ele mesmo, após esfaquear Cláudia.

Enquanto o acidente era registrado no interrior de MS, em Campo Grande a polícia recebia informações de que Cláudia não havia ido trabalhar e ninguém sabia de seu paradeiro, já que não atendia o celular e sua casa estava trancada.

Quando os dados foram cruzados, o molho de chaves foi entregue aos agentes de Campo Grande. Dessa forma, a polícia entrou na residência e encontrou o corpo de Cláudia na cama do casal, com sete perfurações que, ao que tudo indica. A arma do crime foi apreendida, mas ainda não é possível afirmar que a mesma faca tenha sido usada nos dois.

De acordo com a delegada, o cenário era perturbador, com manchas, respingos e pegadas de sangue por todos os lados. No entanto, não há possibilidade de que as pegadas sejam da mulher, já que pelo modo como o corpo foi encontrado há indícios de que ela tenha sido morta enquanto dormia.

Outra evidência que reforça essa teoria é o fato de que não foram encontrados sinais de luta corporal, resistência ou defesa da parte de Cláudia. Assim, também já é descartada a possibilidade da vítima ter feito os 19 ferimentos no corpo do homem.

Marianne ainda relatou que também foram encontrados medicamentos para depressão e receitas médicas recentes com prescrição de remédios controlados. Dessa forma, as evidências apontam que o homem poderia sofrer de sérias questões de saúde mental e ter feito tudo enquanto estava em crise severa.

Dessa forma, uma das linhas mais fortes de investigação segue no sentido de que Kaio esfaqueou Cláudia e depois se feriu. Como estava perturbado pelo que tinha acabado de acontecer, ele pode ter perdido o controle da moto que pilotava ou ter se jogado contra a caminhonete na tentativa de tirar a própria vida.

A delegada ainda destacou que, ao que tudo indica, o casal não tinha histórico de brigas e agressões, sendo que nenhum boletim de ocorrência foi encontrado.

A polícia irá tomar o depoimento dos familiares e pessoas próximas ao casal nos próximos dias. A perícia tem o prazo de 10 dias para entregar para a polícia todas as evidências encontradas no local das duas mortes.