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SAÚDE Fotofobia atinge três em cada 10 brasileiros e serve de alerta para problemas da visão Casos recentes não provocados por doenças oculares alertam para o transtorno que atinge diariamente 3 em cada 10 brasileiros e servem de alerta para graves problemas da visão 9 JAN 2023 • POR MARCOS PIERRY • 10h00
Três em cada 10 brasileiros sofrem diariamente com os transtornos da aversão à luz, que aumenta durante o verão e pode ser um sinal de doenças como o glaucoma   ftalmoday.com.br

Mesmo sem relação direta com problemas da visão, dois episódios recentes – um deles, inclusive, com vítima fatal – chamaram atenção para os riscos da fotofobia.

A sensibilidade à luz, natural ou artificial, ainda que não seja classificada como uma doença ocular, provoca a manifestação de sintomas que, além de incomodarem bastante, podem sinalizar para o risco de catarata, glaucoma e conjuntivite.

Os dois casos foram registrados no Rio de Janeiro entre a última semana de 2022 e a primeira de 2023, e a fotofobia aparece como sintoma em ambos.

A morte de uma adolescente de 14 anos, confirmada pela Fiocruz no fim de dezembro, teve o diagnóstico de meningoencefalite, uma infecção, deflagrada pelo fungo penicillium chrysogenum, que causa inflamação no cérebro e meningite.

A jovem havia sido internada, em um hospital da capital fluminense, com fotofobia, dores de cabeça e vômito. Foi, justamente, a grave infecção cerebral e a meningite que a levou a óbito.

DO CABELO AO OLHO

O outro episódio envolveu em torno de 200 pessoas que utilizaram a pomada de cabelo para tranças Cassu Braids, cuja venda e uso foram proibidas pela vigilância sanitária do Rio de Janeiro por oferecer o risco de lesões na córnea.

O produto costuma escorrer para os olhos, especialmente em contato com a água, e dezenas de pessoas procuram atendimento médico, entre 26 de dezembro e 2 de janeiro, relatando queimaduras na córnea e até cegueira temporária. A fotofobia é um dos sintomas da lesão na córnea.

Três em cada 10 brasileiros convivem diariamente com a aversão à luz e o transtorno piora durante o verão, já que os dias mais claros são um prato cheio para a fotofobia.

E, você, já sentiu incômodo ao olhar para a luz? Saiba que para algumas pessoas essa sensação é insuportável, podendo ser também classificada, uma vez mais, como uma condição associada a diferentes doenças oculares.

“Fotofobia é identificada pelo médico, após a avaliação clínica, quando o paciente tem a visão afetada ao ficar exposto à claridade excessiva, seja a luz solar, seja artificial”, explica a oftalmologista e professora Ana Cláudia Alves Pereira, que leciona no curso de medicina de uma universidade privada da Capital.

CAUSAS E PREVENÇÃO

Nem sempre a fotofobia, ao contrário do que muitos acreditam, está relacionada à cor dos olhos, mas, sim, à falta de pigmentos na retina.

“Em se tratando de fotofobia, é muito importante nós estabelecermos possíveis causas, uma vez que pode ocorrer, desde uma forma transitória, ou seja, após inflamações oculares, olho seco; em decorrência de alterações neurológicas, como enxaquecas, cefaléias, ou ainda na forma congênita”, diz a especialista.

A prevenção é feita com a boa lubrificação dos olhos utilizando colírios lubrificantes, quando o oftalmologista identifica a fotofobia associada ao olho seco.

“O uso de óculos escuros é uma das indicações primárias para evitar o desconforto diante do excesso de luz. Há também a recomendação de lentes mais modernas, com antirreflexo, que bloqueiam a luz azul das telas, em geral, computadores, tablets, celulares, tevês e luz artificial”, prescreve Dra. Ana Cláudia.

SINTOMAS

Pessoas com olhos claros têm maior sensibilidade à claridade, por conta da menor pigmentação da íris e da retina. Os olhos escuros possuem mais pigmento, o que oferece maior proteção.

A médica esclarece que não existe um grupo específico para desenvolver a fotofobia, já que a condição depende de diversos fatores. No caso do olho seco, geralmente atinge mulheres de meia idade, ou seja, no início da menopausa.

Quando o agente desencadeador é a catarata, os alvos são os idosos; e, nas crianças, a causa é geralmente o uso excessivo de telas.

Portadores de astigmatismo também são mais afetados pela fotofobia, já que a disfunção oftalmológica é caracterizada pela alteração na córnea, provocando uma maior sensibilidade desta lente.

Entre os sintomas, vale ficar atento à vermelhidão nos olhos; dores de cabeça, ardor e inchaço ocular, e a necessidade de fechar os olhos quando exposto à claridade.

O tratamento individualizado consiste em procedimentos de prevenção, que são indicados pelo oftalmologista, após a avaliação clínica e o conhecimento do histórico de cada paciente.

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