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campo grande Depois de 72 dias, acampamento em frente ao CMO é desmontado Inconformados com o resultado das eleições presidenciais só saíram do local após ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes 11 JAN 2023 • POR ketlen gomes • 09h30
Após mais de dois meses de ocupação, manifestantes deixaram acampamento em frente ao CMO
Após mais de dois meses de ocupação, manifestantes deixaram acampamento em frente ao CMO   Marcelo Victor

O acampamento em frente ao Comando Militar do Oeste (CMO), erguido em 31 de outubro de 2022, um dia após o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, foi totalmente desmontado no fim da manhã de ontem, em Campo Grande. 

O desmonte ocorreu dentro do prazo de 24 horas dado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), que cumpriu a ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. 

Em MS, o limite foi até o fim da manhã de ontem, mas em boa parte do País os acampamentos foram desmontados até a noite de segunda-feira. Segundo a Sejusp, o prazo foi estabelecido de acordo com o recebimento da notificação. 

No domingo, após atos caracterizados como terroristas em Brasília, de invasão ao Congresso Nacional, ao STF e ao Palácio do Planalto, o ministro Alexandre de Moraes determinou que em todo o País fossem desmontados, no prazo de 24 horas, contadas da noite de domingo, os acampamentos que pediam intervenção militar e não aceitavam os resultados das eleições. 

Em Campo Grande, o acampamento em frente ao CMO durou 72 dias. Carros, caminhões e ônibus deixaram o canteiro da Avenida Duque de Caxias na manhã de ontem, sem resistência dos manifestantes. 

Banheiros químicos, tendas, barracas, equipamentos de som, toldos, geradores, utensílios domésticos, palanques, alimentos, objetos pessoais e caminhões de som também foram removidos. Apenas os cartazes com o pedido de “Intervenção Militar Já” foram deixados fincados no chão, mas os policiais presentes no local os retiraram. 

O Inquérito 4.879 previa prisão em flagrante dos ocupantes dos acampamentos, caso a ordem do STF não fosse cumprida.

Os inconformados poderiam ser enquadrados nos crimes previstos nos artigos 2°, 3°, 5° e 6° (atos terroristas, inclusive preparatórios) da Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016, e nos artigos 288 (associação criminosa), 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) e 359-M (golpe de Estado), 147 (ameaça), 147-A §1º, III (perseguição) e 286 (incitação ao crime). 

O lixo deixado pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi retirado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep).

Após a desocupação, foi possível notar a mudança no local, onde o tom verde da grama foi substituído pelo marrom da terra, após os mais de dois meses de acampamento no local. 

DESMOBILIZAÇÃO

Durante a segunda-feira, após a notificação de retirada de objetos, assinada pela delegada Cláudia Angélica Gerei, da Delegacia Especializada de Ordem Política e Social-MS (Deops), o que restava do acampamento começou a ser desmontado. 

Entretanto, alguns jornalistas sofreram ameaças e agressões por parte de radicais. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública informou que “todo fato oficialmente comunicado, ou seja, por meio de registro de ocorrência, será apurado”. 

O mesmo vale para as reclamações de perturbação da ordem e do sossego, relatadas por moradores no início do acampamento. 

Saiba: Ao todo, foram 72 dias de acampamento. Refeições eram servidas (café da manhã e almoço), e o Hino Nacional era cantado a cada uma hora no período vespertino. Os manifestantes pediam por intervenção militar e recontagem dos votos e diziam que a eleição presidencial poderia ter sido fraudada para dar vantagem ao petista Lula.

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