Logo Correio do Estado

Correio B+ Tenho epilepsia e vou viajar. O que fazer? Neurologista dá dicas para evitar as crises e ter uma viagem segura 28 FEV 2023 • POR Flavia Viana • 15h00
A epilepsia é uma doença neurológica   Divulgação

A temporada de viagens do início do ano começou e nada melhor do que aproveitar a época para curtir um passeio em família ou com os amigos. Mas, o que deveria ser um momento natural e feliz, pode se tornar algo muito desafiador quando os planos de viagem incluem uma pessoa epiléptica.

A epilepsia é uma doença neurológica, causada por um desequilíbrio nos estímulos elétricos emitidos pelos neurônios e, por isso, costuma causar crises de convulsão, que podem ser controladas com o tratamento correto, na maior parte dos casos.

Segundo a médica Dra. Natália Longo, neurologista pela Santa Casa de São Paulo e neurofisiologista pelo HCFMUSP, o quadro fica ainda mais complexo quando se trata de pacientes com epilepsia refratária, ou seja, aqueles em que o tratamento por meio de medicação não obteve resultados satisfatórios.

“O paciente com epilepsia refratária faz o uso correto dos medicamentos anticonvulsivantes e, mesmo assim, o organismo não responde tão bem ao uso dos medicamentos, consequentemente continuam tendo convulsões. Conviver com essa condição exige uma disciplina ainda maior. A pessoa precisa se esforçar para encontrar terapias alternativas e mudar sua rotina para evitar as crises”, esclareceu.

Especialista da dicas para uma viagem tranquila - Divulgação

Mesmo que o desafio seja maior quando a pessoa sofre epilepsia refratária, qualquer paciente epilético tem medo de sair da rotina e ter uma convulsão estando longe de casa. Por isso, vale a pena anotar as dicas que a Dra. Natália Longo separou para quem deseja vencer o receio e seguir em um novo destino.

“A primeira orientação que dou aos meus pacientes é viajar na companhia de algum familiar ou amigo e sempre comunicar a todos sobre a sua doença. Isso é uma questão de segurança e prevenção.

Sendo assim, é imprescindível que o acompanhante com quem viajem esteja preparado para agir, se necessário, pois se a pessoa apresentar uma crise epiléptica durante a viagem, os acompanhantes estarão prontos para socorrer. Usar uma pulseira de identificação com seus dados e sua doença de base também é uma boa iniciativa”, orientou.

O segundo passo para uma viagem segura é organizar a mala, reservando uma bolsa exclusiva e de fácil acesso para levar a sua medicação.

Lembrando de calcular a quantidade de acordo com os dias da viagem para não correr o risco de ficar sem os remédios. Nunca tomar outros medicamentos sem a autorização médica e evitar bebidas alcoólicas, mesmo durante seus dias de divertimento, já que isso pode ser um gatilho para novas convulsões.

“A ansiedade relacionada à expectativa da viagem pode ser um problema para quem é epilético, pois o estresse é um forte fator desencadeante de crises de convulsão. Por isso, eu aconselho que você inclua ou aumente o número de sessões de relaxamento na sua rotina no período próximo ao passeio. E tenha algumas técnicas de respiração e/ou meditação que possa utilizar em qualquer hora e lugar”.

Março Roxo tem como objetivo conscientizar a população sobre a epilepsia - Divulgação

Uma última dica é fugir de ambientes com luzes piscando e muitos estímulos visuais, como baladas, jogos eletrônicos e filmes com diversidade de cores, animações e iluminações intensas. Tudo isso pode desencadear crises convulsivas.

No demais, é necessário manter uma quantidade de horas de sono adequada e de qualidade, beber bastante água e se alimentar de maneira saudável. E se, mesmo com todos esses cuidados, uma crise acontecer, manter a calma, avisar seu contato de confiança quando possível e, caso ache mais seguro, procurar a orientação do seu médico para ter um retorno mais tranquilo.

Lembrando que o Março Roxo tem como objetivo conscientizar a população sobre a epilepsia e combater o preconceito que as vítimas da síndrome sofrem. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo.