A autora Taylor Jenkins Reid foi impactada pelo mesmo show que me fez voltar a amar (tardiamente) a história da banda Fleetwood Mac, em especial me apaixonar de vez por Stevie Nicks.
Estou falando do show The Dance, feito para MTV e que reuniu a banda em 1997, tocando seus grandes sucessos e mostrando que a química entre eles ainda funcionava.
Obviamente estou falando da “segunda fase” da banda que começou na Inglaterra e emigrou para os Estados Unidos, onde incluiu Stevie e Lindsey Buckingham no grupo, isso lá em 1973.
The Dance vendeu mais de 5 milhões de cópias e impulsionou mais uma onda de idas e vindas desses músicos que viveram e vivem uma relação única. Mas, em particular, houve um momento no qual Taylor, eu, minha irmã e milhares de mulheres ficaram sem ar.
Stevie vai cantar seu grande hit, a emocionante Landslide e Lindsey a acompanha no violão. Os dois em geral cantam olhando um para o outro, mas, como Taylor lembrou, no final da canção ela sorri e ele, rindo e emocionado, coloca a mão no queixo, abismado.
Os dois terminam a canção e se beijam. Não é à toa que a cena é a foto da capa do single dessa gravação. E quem conhece a conturbada relação de amor e ódio dos dois, que sempre dá pausa para criar e tocar grandes canções, sabia o quanto esse momento foi ‘histórico’. E foi esse momento que gerou Daisy Jones e The Six.
O romance só foi escrito por Taylor em 2019, mas virou best-seller imediato, com os direitos de filmagem adquiridos por Reese Wintherspoon ainda quando as pessoas estavam começando a ler a obra.
Nem Lindsey ou Stevie escreveram suas biografias, embora sejam cândidos sobre seu relacionamento em entrevistas, há muito material para usar como base para história fictícia da série da Amazon Prime Video. Três dos 10 episódios já estão na plataforma.
Daisy Jones é o papel para fazer estrelas e a escolhida foi a relativamente desconhecida Riley Keough, atriz com alguns títulos famosos como crédito (embora coadjuvante) e uma indicação ao Globo de Ouro por The Girlfriend Experience.
Sua herança genética sempre é citada porque é “neta de Elvis Presley”, e, embora seja filha e neta de músicos, essa é a primeira vez que Riley canta. Não faz feio!
Ao seu lado, como Billy Dunne, o complexo guitarrista e vocalista da banda The Six, está Sam Claflin, também cantando pela primeira vez e ótimo no papel (me lembra a boa atuação de Billy Crudup em Quase Famosos).
Daisy Jones e The Six conta em formato de documentário a história de uma grande banda de rock dos anos setenta, que dominava as paradas de sucesso e lotava estádios mas que no último show da turnê de seu álbum, Aurora, se separara sem explicar a razão.
Sexo, drogas, brigas e drama permeiam as confusas e às vezes tóxicas relações entre eles. Com músicas originais de Blake Mills, com a colaboração de Phoebe Bridges, a trilha sonora já é um sucesso.
Nos três primeiros episódios são traçadas as trajetórias de origens tão opostas que seria improvável o encontro de talentos tão alinhados como os de Daisy e a banda The Six, mas a graça é acompanhar antecipando como será esse momento.
Tem química. Não é preciso entrar em todos os detalhes, para não dar spoilers em uma história bem previsível tendo em vista que começa pelo fim.
Um dos atrativos de Daisy Jones and The Six, além da ótima reconstituição de época é o de resgatar os locais clássicos do circuito de música de Los Angeles: Whisky a Go-go, The Troubadour. É um roteiro de lugares lendários e que tiveram gênios passando pelos seus palcos.
Sobre as atuações, Riley está muito bem como a hippie, talentosa e independente Daisy e Sam está perfeito como o guitarrista dependente químico que é Billy.
A banda de apoio também está entrosada, mas sabendo a fonte de inspiração da história, podemos antecipar lágrimas e brigas cuja a admiração mútua pelo talento musical superava qualquer crise. Em outras palavras? Potencial de sucesso e prêmios. É bom acompanhar porque tem temporada única!