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RESOLUTIVIDADE Indígenas e fazendeiro concordam com proposta de Vander de terminar colheita e retirar equipamentos Deputado foi até Rio Brilhante na manhã deste sábado para tratativas, após conflitos na Fazenda do Inho, e aguardam decisão judicial 11 MAR 2023 • POR Leo Ribeiro • 14h45
  Reprodução/ Redes sociais

Deputado federal pelo 6º mandato, Vander Loubet foi até o território indígena Guarani-Kaiowá em Rio Brilhante, onde fica localizada a Fazenda do Inho (José Raul das Neves Júnior, dirigente municipal do PT), que tem sido palco de conflitos recentes que parecem apontar para um fim, conforme o parlamentar. 

Ainda que seu colega de partido, Zeca do PT, tenha "condenado" mais recentemente os indígenas que buscavam a reapropriação da fazenda, Loubet apontou para uma proposta que indica ter sido aceita tanto pelo proprietário quanto pelos povos originários daquela região: terminar a colheita e retirar os equipamentos. 

Presente no local desde às 06h de hoje (11), Vander afirma que dialogou com o Governo Federal e foi até o ponto do conflito, junto do promotor do Ministério Público Federal, Marco Antônio, a Polícia Rodoviária Federal e o José Raul, proprietário da fazenda.

"Acabamos de acordar com o proprietário da fazenda, com as lideranças, que ele termine sua colheita, retire seus equipamentos e aguardamos uma decisão judicial", expõe o parlamentar. 

Ainda que falte a decisão judicial, sobre a situação da terra, Vander acredita ser esse o melhor caminho. 

"Que a gente possa ter uma saída sem derramamento de sangue, sem que nenhuma das partes sejam prejudicadas", complementa. 

Iguais diferentes

Colegas de partido, Vander destoou do tom adotado pelo deputado estadual José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, ainda ontem (10), ocasião em que condenou a ação tida como "invasão", classificando como "uma vergonha". 

"É uma barbaridade o que está se fazendo com o companheiro amigo Raul [José Raul das Neves Júnior, dirigente municipal do PT] em sua propriedade em Rio Brilhante. De um lado porque não tem nenhum estudo antropológico definido para dizer que é terra indígena", argumentou Zeca em discurso na Assembleia Legislativa. 

Ainda, o parlamentar se manifestou pedindo que, determinado grupo não conte com ele "como deputado do pt". 

"Não contem comigo essa gente que sem nenhuma razão ocupa, invade propriedade produtiva gerando uma insegurança jurídica e correndo o risco de consequências que a gente não tem dimensão do que pode acontecer", pontuou. 

Contexto 

José Raul das Neves foi à Polícia Civil após ter a propriedade invadida por indígenas da etnia guarani-kaiowá, no dia 3, e deter três desses supostos invasores. 

Conforme boletim de ocorrência, o fazendeiro disse ter colhido apenas 40 hectares e que o local abrigava dois caminhões, colheitadeira e tratores para a realização dos trabalhos.

Kaiowá e Guarani do tekoha Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante (MS), retomaram a sede da fazenda Inho, e então, passaram a ser assediados pelos locatários da fazenda, que insistiam em colher e plantar mesmo com os indígenas no local, provocando as famílias acampadas e suas casas, com os maquinários. 

Na sexta-feira (10), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) autoriza o uso da Força Nacional de Segurança Pública em aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul. 

Essa ação do ministério acontece em resposta à iniciativa de Eduardo Riedel, governador de Mato Grosso do Sul, em agenda na quarta-feira (08) com Flávio Dino, responsável pelo MJSP. 

Na ocasião, o governador de MS disse que questões fundiária e de comunidades indígenas são temas sensíveis, sendo preciso colaboração com o governo federal.  

“A solução passa pelo Ministério da Justiça e o ministro, com boa vontade de compreender e buscar os caminhos para que a gente solucione de uma vez por todas os conflitos no Estado”, disse o governador de MS. **(Colaboraram Alison Silva e Celso Bejarano)

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