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INFORME PUBLICITÁRIO Aposentados brasileiros continuam trabalhando. Até quando? 4 ABR 2023 • POR DA REDAÇÃO • 09h45

Que a vida do brasileiro não é fácil, não é novidade para ninguém. Por esse e outros motivos, muitas pessoas continuam trabalhando após se aposentar.

Em 2022, uma pesquisa realizada em conjunto entre o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), apontou que 33,9% dos brasileiros aposentados com mais de 60 anos continua trabalhando. 

Essa população representa  cerca de 14,7% da população brasileira.

Na faixa de 60 a 70 anos, o percentual de idosos que continuam trabalhando é ainda maior: 42,3%.

Isso não seria um problema tão relevante se esses aposentados estivessem empregados formalmente e, preferencialmente, recebendo benefícios como plano de saúde, por exemplo.

A realidade, no entanto, é que cerca de 27% desse público é composto de autônomos que não possuem uma rotina estável de trabalho, com controle de ponto eletrônico que garante horas delimitadas de trabalho, pagamento de horas extras, folga, auxílio alimentação e/ou refeição e outros benefícios.

Considerando que em 2022 o Brasil possuía mais de 19 milhões de pessoas aposentadas, pode-se calcular, com base nos dados da pesquisa do SPC com o CNDL, que 5.130.000 de idosos continuam trabalhando para manter suas necessidades supridas, sem poder contar com a segurança de um salário mensal.

Maurício Souza, advogado previdenciárioressalta o motivo de essa questão precisar ser colocada em pauta: "Embora haja uma parcela de aposentados que continua trabalhando porque gosta de se manter ativa, é preciso levar em conta que 66,6% dos aposentados recebem apenas um salário mínimo como benefício, o que praticamente os obriga a continuar trabalhando.

Ano após ano, a população idosa do país cresce. Em 2022, houve um aumento de 3,4% na quantidade de  pessoas com mais de 60 anos, enquanto o número de pessoas com menos de 30 anos diminuiu 6% em relação ao ano anterior.

O Brasil caminha para um país de pessoas idosas e, ao mesmo tempo, não possui políticas públicas capazes de manter essa população em segurança econômica e social.

Em 2021, dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revelaram que o poder de compra da classe C (em que boa parte dos aposentados se enquadra) caiu quase 10% em cinco anos, enquanto a alta da inflação e a crise econômica dificultaram ainda mais a manutenção das necessidades básicas e reduziram as possibilidades dos idosos no que tange a aquisição e troca de itens de casa como geladeira, fogão, televisão, sofá e, principalmente, itens de conforto como ar-condicionado, por exemplo. Adquirir bens como automóveis, motocicletas e imóveis se tornou algo ainda mais distante de se tornar realidade.

Como se não bastasse a realidade complexa em que os aposentados brasileiros se encontram há décadas, a pandemia dificultou ainda mais as coisas, especialmente pela inflação acima do teto da meta, o dólar elevado, o alto índice de desemprego e o chamado risco fiscal.

Para idosos que trabalhavam como autônomos, o período foi realmente complicado.

Sem poder sair de casa por causa das restrições sanitárias, garantir o pão de cada dia se tornou ainda mais desafiador. Apesar disso, o trabalhador aposentado continuou desenvolvendo formas de levar renda para dentro de casa.

Futuro?

As perspectivas, por enquanto, não são tão animadoras no que diz respeito à atenção à população aposentada do Brasil.

Apesar disso, é relevante considerar que os idosos não são pessoas passivas, esperando que uma solução caia do céu.

Mais de 84.533 aposentados entraram, recentemente, com ações contra o  INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) requerendo revisões de aposentadorias, auxílios-doença, pensões e outros tipos de benefícios previdenciários.

O resultado foi positivo e, em março de, quase R$ 1,4 bilhão em RPVs (Requisições de Pequeno Valor), foram liberados para os solicitantes.

A decisão é positiva e leva certo alívio a alguns dos que pleitearam seus direitos juridicamente, mas ainda há uma parcela gigante da população que também faria jus a esses valores, mas não tem conhecimento disto.

O assunto do trabalho e da empregabilidade de idosos, além da necessidade da melhora do atendimento às necessidades dessa população é extenso e é de suma importância mantê-lo presente nas discussões político-sociais.

Os jovens de hoje serão os idosos de amanhã e isso, por mais óbvio que seja, não tem recebido a atenção necessária da população que poderia estar mais engajada em relação aos temas relacionados à aposentadoria e atendimento das necessidades básicas da população mais velha.

Pensar no amanhã é uma necessidade urgente para quem pretende estar lá um dia. E mais urgente ainda, para quem já está nele.