Comemorado no dia 19 de abril, 2023 marca o primeiro Dia dos Povos Indígenas, deixando no passado a nomenclatura “Dia do Índio”, considerada ultrapassada e pejorativa.
Em Mato Grosso do Sul, há aproximadamente 100 mil indígenas de sete etnias diferentes: Terena, Guarani Kaiowá, Guarani Nhandeva, Guató, Atikum, Kinikinau, Kadiwéu, segundo divulgação da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania (Setesc).
A data é comemorada desde 1943 no Brasil, sendo uma homenagem aos povos originários do Brasil.
A mudança da nomenclatura foi estabelecida pela Lei 5466/19, de autoria da ex-deputada e atual presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana (Rede-RR).
Para Joenia Wapichana, a intenção ao renomear a data é ressaltar, de forma simbólica, não o valor do indivíduo estigmatizado "índio" mas o valor dos povos indígenas para a sociedade brasileira.
"O propósito é reconhecer o direito desses povos de, mantendo e fortalecendo suas identidades, línguas e religiões, assumir tanto o controle de suas próprias instituições e formas de vida quanto de seu desenvolvimento econômico", afirmou a deputada.
Entenda a mudança
Segundo o professor, pós-graduado em Língua e Cultura Terena, Sérgio da Silva Reginaldo, o "Dia do Índio” é uma mentira histórica, pois o nome surgiu devido a um erro náutico que aconteceu pela tripulação de Colombo, pensando que tinha chegado à Índia, nome que passou a ser utilizado de forma pejorativa.
Ele pontua que o termo “Dia dos Povos Indígenas” é mais suave e confortável. “Se for analisar mais a fundo o radical da discriminação ainda nos persegue (indí)genas. A mudança foi necessária nesse aspecto de amenizar essa mochila de preconceito que tem a palavra índio”, explicou o professor.
Além disso, uma das estratégias coloquiais que os povos indígenas utilizam para substituir o termo “índio” é a inclusão da etnia de cada povo no sobrenome, por exemplo “Sérgio Terena”.
O coordenador Regional da Funai de Campo Grande e mestrando em antropologia social, Elvisclei Polidorio, explica que muitos dos “parentes” nem sabem que existe essa discussão, principalmente aqueles que não têm acesso às mídias digitais e outros tipos de canais de informação.
No entanto, para os indígenas que estão na academia e no mercado de trabalho essa mudança do termo é fato e precisa ser levada aos outros.