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segurança Agentes penais desarmados em presídios correm risco de vida Segundo sindicato, policiais penais exercem novas funções e correm perigo por ainda não terem porte de arma; alerta surgiu após prisão de grupo armado próximo à Gameleira 18 ABR 2023 • POR JUDSON MARINHO • 09h30
Mais de mil presos cumprem pena no semiaberto da Gameleira, mas nem todos saem para trabalhar   GERSON OLIVEIRA

Prisão de grupo armado nas imediações do presídio semiaberto Centro Penal Agroindustrial Gameleira trouxe à tona a preocupação com a segurança dos policiais penais, que, segundo o Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul (Sinsap-MS), correm risco de vida por não terem porte de arma.

Os antigos agentes penais, que cumpriam as obrigações do cargo no perímetro interno dos presídios, desde o fim do ano passado passaram a exercer novas funções na segurança penitenciária em Mato Grosso do Sul, exercendo a função de policiais.

De acordo com o presidente do Sinsap-MS, André Luiz Garcia Santiago, a categoria é constituída federalmente desde 2019 e ainda deve ser regulamentada por lei no Estado.

“É necessário uma legislação para a Polícia Penal em Mato Grosso do Sul, e nós estamos efetivando aqui no Estado atribuições mediante decreto, o que hoje já é ilegal, então, falta uma sustentação jurídica para o policial penal exercer as suas atividades”, disse Santiago.

As novas atividades do policial penal no sistema penitenciário eram atribuídas anteriormente aos policiais militares, como, por exemplo, fazer operações de escolta e custódia hospitalar, além da guarda externa no complexo da Gameleira. 

Conforme informações obtidas pelo Correio do Estado, o processo para mudança de atribuições causa instabilidade na segurança dos presídios.

“Alguns servidores estão assumindo novas obrigações de segurança, que eram exercidas pela Polícia Militar, e muitos deles não têm o armamento. Então, como eles podem exercer todas as funções se eles não estão habilitados e não têm armas?”, declarou o presidente do Sinsap-MS.

Segundo o sindicato de policiais penais, alguns servidores necessitam de nova formação para exercer o cargo de policial penal. Dos 1.975 policiais penais de Mato Grosso do Sul, 700 não são formados com a capacitação necessária e, por este motivo, não podem exercer a função com o porte de arma. 

“Somos polícia apenas na emenda constitucional, uma polícia quase que no papel. Com a lei, será regulamentada a formação, vai transformar a escola e uma academia. A lei vai obrigar o Estado a fornecer o uniforme e quais os armamentos que o policial poderá utilizar”, acrescentou o presidente do sindicato.

A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) informou que, atualmente, a segurança externa (vigilância de muralhas) do complexo da Gameleira é atribuída aos policias penais por meio do Grupamento de Escolta Penitenciária (GEP), que, segundo a Agepen, é dotado de armamento institucional e demais equipamentos pertinentes. A segurança externa também e feita com reforço da Polícia Militar.

A Agepen também informou que atualmente não existe regulamentação para os servidores trabalharem armados dentro do presídio e que apenas o GEP tem permissão para isso.

De acordo com a agência, o trabalho da Polícia Penal ainda está em processo de regulamentação e capacitação, processo de transição da figura do agente penitenciário para a do policial penal.

GRUPO ARMADO

Um veículo com quatro pessoas armadas foi flagrado pela Polícia Militar nas proximidades do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, por volta das 6h05min desta segunda-feira.

A polícia localizou quatro pistolas no interior do carro e munições. Segundo o delegado Guilherme Scucuglia, do Garras, dois foram presos e outros dois fugiram pelo matagal da região.

Conforme apurado pelo Correio do Estado, a suspeita sobre o grupo estar armado em frente à Gameleira é de um possível atentado contra internos do semiaberto, que deixam o local para trabalhar diariamente. Não há nenhum indício de invasão do presídio.

Segundo o delegado Guilherme Scucuglia, foram abertas investigações refentes ao delito. O ato de prisão de dois homens foi realizado na delegacia do Garras e eles estão em processo de identificação.

“Novas diligências visando a apuração dos indivíduos serão realizadas, para que sejam identificados e, assim, sejam aplicadas as medidas cautelares, caso sejam cabíveis”, declarou o delegado.

A Agepen se pronunciou, em nota, sobre o caso, informando que “a Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário (Gisp) está participando e colaborando ativamente nas investigações, visando preservação institucional e demais investigados envolvidos”. 

“A Diretoria de Operações da Agepen, por meio do Grupamento de Escolta Penitenciária (GEP) e do Comando de Operações Penitenciárias (Cope), reforçou o perímetro externo da região do complexo da Gameleira”, esclareceu, em nota.