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CASO SOPHIA Com início das audiências, entenda quando e como o caso Sophia pode ter um desfecho Primeira audiência foi realizada nesta segunda-feira para ouvir testemunhas de acusação 18 ABR 2023 • POR Ana Clara Santos • 15h34
Com início das audiências, entenda quando e como o caso Sophia pode ter um desfecho   Gerson Oliveira/Correio do Estado

Com a conclusão da primeira audiência de instrução do processo judicial sobre a morte de Sophia de Jesus Ocampo, assassinada aos dois anos, o juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete de Almeida, marcou a próxima audiência para o dia 19 de maio.

Na oportunidade serão ouvidas mais três testemunhas de acusação e quatro de defesa, além de dar espaço para o Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul (MP/MS) apresente as alegações da denúncia.

Judicialmente, a audiência de instrução serve para que as pessoas envolvidas no caso possam ter um espaço para falar o que sabem sobre o caso em investigação para o juiz e responder às perguntas da defesa e da acusação.

No banco dos réus sentam-se Stephanie da Silva de Jesus, de 25 anos, e Christian Leitheim, de 26 anos, mãe e padrasto da vítima, respectivamente. Os dois também irão ser ouvidos em juízo no dia 19 para apresentar suas alegações. 

Ao Correio do Estado, a advogada Janice Andrade, que representa o pai de Sophia, Jean Carlos Ocampo, e seu marido, Igor de Andrade, explicou que só depois da fase de instrução criminal e de ter acesso à todas as provas colhidas para o processo, a justiça irá decidir se os acusados irão ou não à júri popular. 

Janice ainda afirmou que tem quase certeza de que os réus serão pronunciados, ou seja, levados à júri popular, por se tratar de crime contra a vida, contudo, acredita que não será este ano.

“O processo é bem volumoso, já tem quase mil páginas, mas leva tempo para produzir as provas, como os laudos e provas técnicas demoram a ser produzidas. Não acho que um processo nessa complexidade seja adequado fazer uma instrução rápida. Então, acredito que seja só ano que vem”, apontou.

PRIMEIRA AUDIÊNCIA

Ontem, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação, sendo que o primeiro a falar foi Jean Carlos, seguido pelo pai de Stephanie, Rogério Silva e pela mãe da acusada, Delziene da Jesus.

Além deles, também foram ouvidos a ex-esposa de Christian, Andressa Fernandes e o investigador de polícia, Babington Roberto Vieira da Costa, que atendeu a ocorrência da morte ainda na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Coronel Antonino, onde a menina já havia chegado sem vida;

Ainda sobre a audiência de ontem, Andrade diz que um dos depoimentos mais esclarecedores foi o de Andressa porque trouxe à tona o caráter agressivo de Christian, que é acusado por ela de violência doméstica e também de ter agredido diversas vezes o filho que tiveram juntos e que morava com ele e com Stephanie.

“O depoimento do investigador também esclareceu que os réus foram frios e dissimulados, já que, segundo ele, mantiveram o comportamento tranquilo mesmo diante da trágica morte da criança”, afirmou a advogada. 

O marido de Jean Carlos, Igor Andrade, que se considera pai de coração de Sophia, não foi ouvido na audiência de ontem, mas prestará depoimento no decorrer da instrução criminal.

PEDIDO DE LIBERDADE 

Ao final da audiência, o advogado de Christian Leitheim, Renato Cavalcante Franco, pediu para que seu cliente responda o processo em liberdade até o dia do julgamento. De acordo com ele, o padrasto de Sophia, e acusado pela morte dela, está correndo perigo ao ficar no presídio.

Christian está em um estabelecimento penal no interior de Mato Grosso do Sul. O réu esteve no Fórum de Campo Grande para a audiência de instrução, mas, por opção pessoal, decidiu acompanhar os depoimentos do lado de fora do plenário. Apenas Stephanie acompanhou tudo de forma presencial. 

Janice Andrade acredita que o pedido não será acatado já que o acusado está em cela isolada e, caso fique em liberdade, pode colocar o andamento do processo em risco. 

A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) tem 72 horas para enviar um relatório apontando se, de fato, existe risco para Christian. Após isso, a justiça tem até cinco dias para tomar uma decisão.