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CóRREGO CEROULA Área de preservação perderá 10 mil hectares de proteção ambiental De acordo com a Planurb, a mudança deve ser feita em razão de um estudo apresentado em plano de manejo do Ceroula 19 ABR 2023 • POR Judson Marinho • 08h30
Córrego Ceroula pertence ao município de Campo Grande, com suas nascentes localizadas em Maracaju   Foto: Gerson Oliveira

Protegida como área de preservação ambiental (APA) desde 2001, a região onde fica localizado o Córrego Ceroula, junto do Morro do Ernesto e da Cachoeira do Inferninho, pode perder hectares de proteção ambiental.

Um ofício foi encaminhado para a Câmara Municipal de Campo Grande solicitando a alteração dos limites originais da APA da Bacia do Córrego Ceroula.

Segundo consta no documento, ao qual o Correio do Estado obteve acesso, a área demarcada em 2001 com 66.954 hectares (ha) passará a ter 56.580 ha, tendo uma diminuição de 10.374 ha do espaço que é preservado atualmente.

Procurada pela reportagem, a Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), responsável pela regulamentação da área de preservação, informou os motivos pelos quais levaram a proposta de readequação da área, por meio da diretora de Planejamento Ambiental, Mariana Massud.

Segundo ela, um plano de manejo da APA do Ceroula, feito em parceria com a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em 2021, delimitou um novo perímetro de proteção ambiental a partir de diversas pesquisas relacionadas ao seu ecossistema.

“O plano de manejo feito com a UCDB identificou, de fato, qual é a área do mapa de preservação para a Bacia do Ceroula, já que no primeiro decreto, feito em 2001, foi observado que não havia uma pesquisa feita com área delimitada por meio de mapeamento, por isso está em processo essa adequação”, declarou Mariana Massud.

Em entrevista para o Correio do Estado, a diretora da Planurb também explicou que o trabalho de manejo para definir quais são as atividades que podem ser feitas na área a ser preservada vem sendo utilizado pela própria agência municipal como base para o desenvolvimento de ações na APA do Ceroula.

Conforme descrito no documento técnico, o plano de manejo tem diversos objetivos futuros, entre os quais, recuperar, proteger e conservar os cursos d’água que compõem a Bacia do Córrego Ceroula, além de proteger os ecossistemas locais, resguardar e valorizar aspectos culturais e históricos associados às comunidades da região e desenvolver programas, projetos e ações de manejo da área que contribuam com a sustentabilidade.

VALOR AMBIENTAL

Dados da pesquisa feita pela UCDB a respeito da área ambiental apontam que o local vinha sofrendo desmatamento sistemático, resultando na exposição do solo e em sua rápida erosão, o que traz consequências para o fluxo das águas, principalmente em Campo Grande, tais como assoreamento dos rios e perda de fertilidade dos solos na bacia.

Em matéria publicada pelo Correio do Estado, em 2021, também foi revelado que o local vinha sofrendo com o desequilíbrio ambiental causado pelo descarte indevido de lixo próximo à nascente do Córrego Ceroula.

Em setembro daquele ano, cerca de 1,3 tonelada de lixo foi retirada apenas da APA do Ceroula, por meio de um mutirão realizado no Dia Mundial da Limpeza. Na região, também foram instaladas lixeiras para conscientizar a população local.

A ação, que também resultou na limpeza visual dos corpos d’água, teve como maior objetivo a conscientização da população para a quantidade de lixo jogada nos rios e os impactos que o descarte irregular têm no meio ambiente.

AÇÕES FUTURAS

O documento técnico do plano de manejo da Planurb ainda apresenta seis programas ambientais destinados à APA do Ceroula, os quais têm a finalidade de especificar as ações básicas necessárias para manter a preservação da área.

Mariana Massud confirmou que a Prefeitura de Campo Grande pretende transformar a região do Ceroula em uma área com atividades turísticas e esportivas.

“O programa ambiental prevê atividades turísticas e esportivas, como ciclismo e corrida, dentro do território de zoneamento”, disse a diretora.

O plano de manejo destaca também que a Cachoeira do Inferninho, uma das principais atrações turísticas da área, tem um salto de aproximadamente 30 metros, apresentando características que favorecem a prática de atividades de esportes radicais em ambientes naturais, como rapel, caminhadas e escaladas.

Além disso, haverá a recuperação do manejo de recursos naturais a fim de incentivar e estimular a conservação, proteção, manutenção e recuperação com os proprietários rurais da área.

Programas de educação ambiental já estão sendo implementados pela Prefeitura de Campo Grande a fim de estimular a participação da comunidade local e dos visitantes e difundir o conhecimento ecológico, com sensibilização ambiental e para atitudes mais sustentáveis.