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CRIME ORGANIZADO Gaeco faz operação contra policiais penais e advogados aliados ao Comando Vermelho Conforme o MPE, os servidores públicos serviam de "pombo-correio" entre integrantes da facção que estão presos e aqueles que estão nas ruas 5 MAI 2023 • POR Neri Kaspary (com assessoria) • 10h50

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) desencadeou hoje (05) em oito municípios de Mato Grosso do Sul, além de outros três estados e no Distrito Federal, uma mega operação para prender 92 supostos integrantes ou apoiadores da facção criminosa conhecida como Comando Vermelho Os principais alvos da operação são policiais penais e advogados que supostamente esão a serviço da facção

Além dos mandados de prisão (92), alguns deles cumpridos dentro de presídios, a operação cumpre 38 mandados de busca nas cidades de Campo Grande, Ponta Porã, Coxim, Dourados, Rio Brilhante, Sonora, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Dois Irmãos do Buriti. 

 Os integrantes do Ministério Público e da polícia também estão fazendo buscas e prisões nas cidades do Rio de Janeiro (onde “nasceu” o Comando Vermelho), Goiânia (GO), Brasília, e Paulo de Faria (SP). No Estado de Mato Grosso e operação tem ramificações em Cuiabá Várzea Grande, Sinop, Cáceres, Marcelândia, Primavera do Leste, Vila Bela da Santíssima Trindade e Mirassol d’Oeste.

Em noda  a assessoria do Ministério Público informou que “o Comando Vermelho foi fundado no Rio de Janeiro há mais de 40 anos por custodiados do sistema penitenciário daquele Estado e desde então se proliferou por todo o Brasil. Sua atuação é voltada para obtenção de vantagem financeira e para a imposição de uma espécie de poder paralelo ao do Estado, o que busca alcançar por meio da prática habitual e reiterada de nefastos crimes, como roubos, homicídios contra rivais e agentes de segurança pública, tráfico de drogas e de armas, além da corrupção de agentes públicos”.

E, conforme essa nota, a investigação que resultou na operação de hoje se arrastou por cerca de 15 meses e permitiu descortinar ação da facção criminosa, até então de investidas tímidas em nosso Estado, para o fim de se estruturar e se expandir em Mato Grosso do Sul. 

De acordo com o Gaeco, o crescimento do CV em MS aconteceu graças à parceria criminosa entre internos do Gameleira II, agentes penitenciários e advogados. Entre os crimes descobertos está a entrega de celulares para os internos para que eles pudessem tramar seus crimes. 

“O uso criminoso dos aparelhos celulares e as ações de “pombo-correio” empreendidas por advogados que integram a facção (gravatas) permitiam o contato entre os faccionados presos e seus comparsas em liberdade, a fim de traçar o planejamento de crimes como roubos, tráfico de drogas e comércio de armas, que foram reiteradamente praticados e comprovados durante a investigação, cujo proveito serviu para o fortalecimento do Comando Vermelho MS”, informa o MPE.

Equipes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público do Rio de Janeiro, dos GAECOs dos Ministérios Públicos do Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás, do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e da GISP prestaram apoio operacional ao GAECO/MS. A operação contou também com a participação das Comissões de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados das Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil no MS, MT e RJ.

A operação foi batizada de Bloodworm (verme de sangue), e tem uma explicação. Trata-se de um verme conhecido por ser feroz, venenoso, desagradável, mal humorado e facilmente provocado.

O vermes, segundo o MPE, destaca-se por sua coloração vermelha, por viver aglutinado aos demais da mesma espécie e pela grande capacidade de resistência em condições ambientais extremas. Além disso, ao se depararem com rivais, contam com seus dentes de cobre, que funcionam como verdadeiras armas, agindo de modo implacável para derrotá-los, características essas que possuem semelhanças com as ações violentas e hostis praticadas pela organização criminosa.

O Gaeco não informou ainda quantos mandados de prisão foram cumpridos efetivamente e nem divulgou nomes dos policiais penais e dos advogados que estão sendo alvo da operação. Porém, as imagens divulgadas pela instituição mostram a apreensão de armas, dinheiro em espécie, munições e celulares.