Logo Correio do Estado

PRAGA

Percevejos infestam presídio feminino e Agepen faz reforma geral

Infestação foi denunciada pela vigilância sanitária municipal e encaminhada ao Ministério Público. Agepen já está adotando as recomendações

17 MAI 2023 • POR Neri Kaspary • 11h55
Após flagrante da vigilância sanitária municipal, camas de madeira estão sendo trocados por estruturas de alvenaria   divulgação Agepen

Infestado por percevejos, o presídio feminino semiaberto e aberto de Campo Grande virou alvo do Ministério Público Estadual. Em publicação feita nesta quarta-feira (17) no Diário Oficial do MPE, a promotora Jiskia Sandri Trentin recomenta, entre outras medidas, que a Agência Penitenciária “remova manchas de sangue e manchas de fezes de percevejos com água quente e sabão” dos colchões e travesseiros usados pelas detentas.

A constatação de que o prédio está tomado por percevejos foi feita pela vigilância sanitária municipal, que por sua vez acionou o Ministério Público Estadual.  A promotora recomenta ainda que a Agepen “opte por camas com estrutura confeccionada com material de fácil higienização e com menor número possível de frestas”. 

Pede também a “substituição de colchões não íntegros” e que providencie “revestimentos aos colchões e travesseiros, confeccionados em material resistente, impermeável de fácil higienização”.

Recomenda, ainda, algo que deveria ser básico, como “rotina de aspiração e limpeza das celas e artigos de camas, com eliminação de prováveis abrigos de insetos”. 

Na sequência, pede que “qualquer objeto a ser descartado no processo de eliminação dos percevejos deve ser devidamente armazenado em saco plástico bem lacrado para evitar a dispersão desses insetos para outros locais”. Por último, determina que o prédio seja dedetizado rotineiramente até acabar com a praga.

A promotoria decidiu fazer as recomendações depois de ser acionada pela vigilância sanitária de Campo Grande, que fez um pente-fino no prédio no dia 28 de fevereiro e apresentou as denúncias no dia 10 de abril. Além de detectar a infestação dos percevejos, os fiscais viram também irregularidades na dispensa e no sistema de fornecimento de água. 

O QUE É O PERCEVEJO

O percevejo de cama é um minúsculo inseto parasita que se alimenta exclusivamente de sangue de seres humanos ou de animais domésticos. Por serem muito pequenos, terem hábitos noturnos e se esconderem nos colchões, eles podem passar despercebidos por muito tempo, já que sua picada pode ser facilmente confundida com as de mosquitos ou pulgas. 

Os percevejos geralmente causam uma série de picadas seguidas e costumam preferir áreas expostas da pele, como as costas face, pescoço, braços e mãos. O ataque dura entre 5 e 10 minutos e costuma passar despercebido pela pessoa.

Somente após algum tempo, geralmente na manhã seguinte, é que as lesões começam a coçar, e a pessoa se dá conta de ter sido picada. 

Picada do percevejo não transmite doenças, mas deixa manchas na pele

As reações às picadas dos percevejos variam. Em algumas pessoas têm poucos ou nenhum sintoma, enquanto outras experimentam uma reação mais intensa, com bastante coceira.

Apesar de não transmitir nenhuma doença, as picadas podem causar grandes transtornos, principalmente de origem psicológica. As pessoas que vivem em locais infestados costumam experimentar níveis significativos de estresse e ansiedade, gerados pela coceira e pelo fato de saberem que há insetos em suas camas que irão picar durante a noite. 

O QUE DIZ A AGEPEN

Em nota, a Agepen admitiu o problema e informou que “a situação já está sob controle e como forma de enfrentamento, as camas de madeira estão sendo substituídas por camas de alvenaria,  além da substituição de colchões por novos. Existe também um cronograma com dedetizações semanais das celas”, informou a nota

O presídio feminino semiaberto funciona próximo ao estádio Morenão, na Vila Olinda, e fica praticamente vazio durante o período diurno, já que a maioria das internas trabalha durante o dia.

A assessoria não informou qual o número médio de detentas que dormem no prédio e que foram afetadas pela praga.