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PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL Com coleta seletiva ineficaz, lei multa em mais de R$ 5 mil quem não separa lixo plástico Números da Solurb estimam que cerca de 170 toneladas, entre os plásticos duro e filme, são descartados por dia no aterro sanitário de Campo Grande 11 JUN 2023 • POR Leo Ribeiro • 11h26
Solurb estima que uma média de 15% a 20% dos descartes no aterro sanitário são de materiais plásticos   Arquivo/ Correiod do Estado/ Álvaro Rezende

Pela Lei Complementar n. 209/2012, o campo-grandense que não separar a porção de plástico reciclável, "mesmo não havendo coleta seletiva regular", pode ser multado em mais de cinco mil reais, em um universo em que cerca de 170 toneladas de plásticos duro e filme são descartadas diariamente no aterro sanitário da Capital. 

Pelo menos 850 toneladas diárias de resíduos são coletadas, conforme dados da Solurb, concessionária responsável pela gestão da Limpeza Urbana e o Manejo de Resíduos Sólidos em Campo Grande. 

Sejam garrafas pet; tubos PVC; copos descartáveis, entre tantas outras aplicações, a concessionária estima que uma média de 15% a 20% dos descartes no aterro sanitário são de materiais plásticos (entre duro e filme). 

Gestora ambiental, Ana Cristina Franzoloso afirma que a coleta seletiva em Campo Grande não é eficaz, justamente por acontecer apenas em alguns lugares, mas também porque a própria população não faz, separadamente, o descarte correto dos produtos recicláveis. 

Legalmente, os plásticos estão relacionados no Código Municipal de Resíduos Sólidos, pelo parágrafo quarto do décimo nono Artigo, como materiais recicláveis. Já o Art.20 descreve a posição a ser adotada, assim como as devidas punições. 

“Assim, os munícipes deverão dispor a fração reciclável em local e de forma adequada, conforme condições estabelecidas em regulamento, mesmo não havendo coleta seletiva regular”, expõe o Executivo Municipal. 

Com isso, diante desse descarte inadequado, a lei estabelece que essa porção reciclável pode ser passível de multa que varia entre R$ 1.201,01 e 5.033,07.

Dona da startup DuBem Sustentável, que oferece produtos e serviços falando do reaproveitamento, descarte e preservação da água, Ana é responsável também pelo Drive-Thru da Reciclagem e frisa que é necessário ainda muita educação ambiental. 

Coleta seletiva

Pelas definições da Solurb, a coleta seletiva engloba papéis, plásticos, vidros e metais, com duas principais modalidades praticadas em campo grande: o recolhimento domiciliar, os nos chamados locais de entrega voluntária (LEV). 

Ainda que a concessionária aponta que, apesar de não cobrir toda a Capital, o sistema de recolhimento de materiais recicláveis é ampliado [gradativamente] ano a ano.

Além disso, o próprio mapa das regiões de Campo Grande, que deveria relacionar os dias e horários de atendimento da Coleta Seletiva nos respectivos bairros, encontra-se nomeado ainda como do ano passado. 

Problema mundial

Segundo o braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, as produções de plástico à base de combustíveis fósseis, dentro de 37 anos, podem chegar a 1,2 bilhão de toneladas, com resíduos ultrapassando a casa de 1 bilhão de toneladas. 

Através da Semana Mundial do Meio Ambiente, esse ano ficou estabelecido pela ONU como de Combate a Poluição Plástica, já que esse material passou por um "boom" no século XX, como alternativa ao vidro, vindo como uma inovação entre as décadas de 1980 e 1990.

"Hoje, na segunda década do século XXI, é um problema fortíssimo, e estuda-se e motivam-se novas alternativas... mas a grande problemática ainda é o ser-humano e o vício na falta de conhecimento, informação e prática do descarte correto", comenta a gestora ambiental. 

Para ela, as pessoas precisam ter o costume de descartar corretamente, e esses resíduos comerciais (não só o plástico) precisam estar aptos para a Central de Triagem, e para entrarem no processo de reciclagem 

"Ele [o plástico] tá vindo com uma violência gigante de poluição, sim, e a alternativa é a redução, descarte correto e novas tecnologias para essa embalagem", frisa. 

Ana ainda faz questão de ressaltar que, no Brasil, a entidade recicladora de plástico é muito pouca, pelo volume de descarte que o País tem e, nisso, vem a parte da gestão pública em coleta seletiva, aliada à conscientização ambiental do munício. 

"Coleta seletiva precisa acontecer em todo lugar, não só alguns bairros. Mas moro no Autonomista, em que minha vizinha coloca tudo junto [o lixo]. Não tenho intimidade, mas já dei a entender e ela continua. Assim como a outra da frente lava a rua, achando que está certa, sem se contentar em lavar só a garagem. Se acontece num bairro assim, imagina nos outros", conclui. 



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