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Com 28 casos e baixa vacinação, meningite preocupa saúde da Capital

A Sesau está investigando o óbito de uma criança que teve resultado positivo para influenza, mas meningite não foi descartada

6 JUN 2023 • POR Ketlen Gomes • 09h30
Vacina contra a meningite é uma das primeiras a entrar no calendário das crianças e deve ser tomada no 3º e no 5º mês de vida   Foto: Gerson Oliveira

A possibilidade de a morte de uma criança de 7 anos ter ocorrido por meningite tem preocupado a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), isso porque Campo Grande já teve 28 casos da doença só neste ano e a vacinação fechou abaixo do recomendado no ano passado.

A morte da criança está sob investigação. O resultado para influenza B foi confirmado, mas a assessoria da Sesau relata que ainda estão aguardando o resultado do exame para meningite, sendo assim, o diagnóstico é inconclusivo. 

Na semana passada, a criança foi levada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leblon, mas não resistiu. A assessoria informou que os familiares do paciente também estão em acompanhamento domiciliar, pois apresentam sintomas respiratórios importantes. 

Além disso, a Escola Municipal Professor José de Souza – Zezão, onde a criança estudava, deve receber a visita da unidade de saúde da região para verificar a caderneta de vacinação dos outros alunos. 

VACINAÇÃO 

A Sesau informou que, até o momento, 28 casos da doença foram confirmados na Capital. Em todo o ano passado, 105 casos foram registrados pela secretaria. A superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo, relata que há uma preocupação a respeito da doença. 

“As baixas coberturas vacinais preocupam porque há maior risco de complicações, internações e até óbitos por doenças imunopreveníveis, que são as doenças que temos vacina e proteção, e a população está deixando de aderir”, relatou Veruska. 

A superintendente ainda informa que são sete as vacinas recomendadas para crianças desde as primeiras fases da vida, todas disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 

A Sesau comenta que a aplicação da vacina que protege contra a meningite é realizada aos 3 meses e aos 5 meses de vida, com um reforço aos 12 meses. 

“Assim como as demais vacinas de rotina, é possível perceber uma queda na cobertura vacinal há alguns anos. Em 2022, apenas 79,5% das crianças que fazem parte do público-alvo do imunizante completaram o esquema vacinal. A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde para a vacina meningocócica C é de 95%”, informou a Sesau, em nota. 

Em maio deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu registro para a produção nacional de uma vacina que protege contra quatro tipos de meningite, a meningocócica ACWY conjugada. 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Fundação Ezequiel Dias serão as responsáveis pela fabricação do imunizante, em parceria com a farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK), que é a detentora da tecnologia presente no imunizante. 

A vacina é recomendado para adolescentes de 11 e 12 anos de idade que não se vacinaram. De acordo com a Fiocruz, a vacina quadrivalente protege contra os sorogrupos A, C, W e Y, responsáveis pelas doenças meningocócicas. 

A queda na cobertura vacinal foi verificada não apenas em Campo Grande, mas no Brasil todo: em cinco anos, a cobertura caiu de 87,4% para 47%, segundo dados do Ministério da Saúde. 

MENINGITE 

O médico pediatra Alberto Costa relata que a infecção por meningite normalmente ocorre pela aspiração da bactéria no ar. No entanto, o pediatra alerta que a meningite pode ser viral, fúngica ou até mesmo ser causada por protozoários. 

Segundo o Ministério da Saúde, a meningite é uma inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

“Essas meningites podem ser ocasionadas por alguém que esteja contaminado que esteja falando próximo, por espirro, por tosse, por beijo, e aí a pessoa já contrai o vírus, a bactéria ou o fungo e pode desenvolver a doença”, explicou. 

Os sintomas da meningite são variáveis, principalmente de acordo com a idade. Alberto Costa comenta que irritabilidade e febre constante são sinais de alerta em crianças menores. Em pessoas maiores, geralmente há vômito, rigidez de nuca e dor de cabeça. 

“A meningite é uma doença que tem riscos, principalmente por ser uma doença infectocontagiosa normalmente grave e com a possibilidade de causar sequelas e, às vezes, óbitos. Entre essas sequelas estão alterações motoras, alterações de fala, alterações mentais e assim por diante”, disse o pediatra. 

De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, com ocorrências de surtos e epidemias ocasionais.