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sob investigação

Empresa de André Patrola é campeã de repasses da Prefeitura de Campo Grande

AL dos Santos, investigada pelo MPMS, recebeu quase três vezes mais que empresa não envolvida no esquema

21 JUN 2023 • POR ketlen gomes • 09h00

Entre as empresas que ganharam licitações para realizar a manutenção de ruas sem asfalto em seis das sete regiões urbanas de Campo Grande, a AL dos Santos, de André Luiz dos Santos, conhecido como André Patrola, foi a que mais recebeu repasses da prefeitura.

Dos R$ 24.705.891,35 previstos como valor total no contrato, a empresa já recebeu R$ 20.551.621,20, isto é, 83% do que deve ser executado até janeiro de 2024. 

O contrato inicial da AL dos Santos foi cotado em R$ 4.150.988,28 e recebeu mais de R$ 20 milhões em aditivos, totalizando 495% de aumento de 2018 até agora. Nos documentos disponibilizados no Portal da Transparência da prefeitura não há informações sobre os motivos dos aditivos, apenas renovação de contrato e readequação de quantitativos, sem alteração de valor. 

A AL dos Santos é uma das investigadas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) pelos crimes de peculato, corrupção, fraude em licitação e lavagem de dinheiro. 

Além da empresa de André Patrola, a Engenex Construções e Serviços Ltda. também está entre as investigadas e recebeu mais de 60% do valor total dos contratos em vigência com a prefeitura. 

No contrato referente à manutenção da região urbana Lagoa, a Engenex recebeu 73,3% do valor total previsto de R$ 22.631.181,87, ou seja, um montante de R$ 16.600.917,77 consta como pago no Portal da Transparência. 

O contrato em questão, assinado em julho de 2018, teve 556,3% de aumento, sendo o maior reajuste de todas as empresas vencedoras das licitações para o serviço, passando de R$ 3.448.107,58 para mais de R$ 22 milhões. 

Já o segundo contrato da Engenex, para manutenção da região Imbirussu, saltou de R$ 2.331.229,37 para R$ 14.542.150,59, conseguindo um aumento de 523,7% em aditivos.

Do valor total previsto para as obras, 63,9% já foram pagos, o que corresponde a R$ 9.293.650,16. Ambas as licitações vencidas pela empreiteira estão com prazo final para o início de 2024. 

Outras três regiões urbanas da Capital também estão com contratos de manutenção de vias sem pavimentação vigentes, porém, com empresas que não estão sendo investigadas pelo MPMS. 

A empresa Gradual Engenharia e Consultoria Eireli, que realiza obras na região urbana Segredo, recebeu pagamento de apenas 33,64% do total previsto no contrato. 

A Gradual também assinou contrato com a prefeitura em 2018 e teve um valor previsto de R$ 3.881.497,40 para a realização de obras. Até o momento, a empreiteira teve 472,7% de aumento com aditivos, o que totaliza R$ 22.230.086,97, sendo o menor reajuste entre os contratos para o serviço. A empresa, porém, só recebeu R$ 7.478.494,14 até então. 

A Construtora Rial Ltda. é responsável por duas regiões urbanas de Campo Grande para o mesmo serviço e também não está envolvida nas investigações do MPMS. 

Na região Bandeira, a empreiteira recebeu 70,3% do valor total repassado, ou seja, R$ 11.747.705,79. A Rial também teve um aumento no valor do contrato, passando de R$ 2.676.441,50 para R$ 16.708.666,22, o que representa 524,28%. 

A última região que possui contrato para manutenção de vias sem asfalto é o Anhanduizinho, de responsabilidade da Construtora Rial. Do valor inicial de R$ 3.473.379,10, passou para R$ 21.069.702,43, um aumento de 506,60% na previsão. Desse total, a empreiteira recebeu 67,10%, o que representa R$ 14.138.900,98. 

Todas as empresas responsáveis pela manutenção de vias sem asfalto da Capital tiveram contrato prorrogado de 2018 até o início de 2024.

SAIBA

Além do contrato de R$ 24 milhões, André Patrola tem outros dois acordos ativos com a prefeitura, sendo um de R$ 1.090.055,68, que também é referente à manutenção de vias não pavimentadas, e o outro de serviços ambientais.