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AÇÕES AFIRMATIVAS

Ministério da Mulher destaca necessidade de atendimento especializado para indígenas de MS

Mulheres das etnias Guarani Kaiowá, Terena, Kinikinau e Kadiwéu foram atendidas por equipe ministerial entre quinta e sexta

30 JUN 2023 • POR Ana Clara Santos • 18h02
Ministério da Mulher irá criar atendimento específico para indígenas de MS   Divulgação

Após ações de escuta com indígenas de Amambai, Dourados e Campo Grande, nas quais foram atendidas as etnias Guarani, Kaiowá, Terena, Kinikinau e Kadiwéu, a Coordenadora de Prevenção à Violência Contra Mulher, do Ministério das Mulheres, Pagu Rodrigues, afirmou que Mato Grosso necessita de forma urgente de  ações efetivas para resguardar o direito das mulheres dos povos originários residentes em Mato Grosso do Sul. 

Ao Correio do Estado, a coordenadora informou que as três ações foram muito produtivas e a principal demanda levada para a equipe ministerial foi a criação de políticas públicas para que os casos de violência doméstica e territorial sejam prevenidos nas aldeias, onde os índices aumentam cada dia mais. 

Pagu apontou que o objetivo da visita ministerial ao Estado teve o objetivo de aproximar o governo das questões indígenas e levar para Brasília as demandas que forem de nível federal, mas também buscar auxílio municipal e estadual para solucionar outras questões apresentadas. 

"A primeira ação é entender que a população indígena precisa de um atendimento específico e diferenciado, ou seja, precisamos de uma revisão nos protocolos de atendimentos", explicou a coordenadora. 

Ainda conforme a coordenadora, entre os pedidos apresentados para otimizar o atendimento em órgãos públicos de acolhimento, está a necessidade de capacitação de  intérpretes fluentes nos idiomas originários falados nas aldeias. 

Pagu ainda lembrou que outra possibilidade é instituir a Casa da Mulher Indígena nas aldeias, nos moldes da Casa da Mulher Brasileira, com profissionais capacitados nas especificidades apresentadas por este público. 

Por outro lado, a coordenadora ministerial aponta que enquanto este projeto não for implementado, os profissionais da Casa Mulher Brasileira deverão passar por capacitações para oferecer atendimento especializado para as mulheres indígenas que buscarem pelo atendimento do órgão. 

Além das considerações a respeito do enfrentamento da violência de gênero, Pagu também apontou que a comitiva ministerial levará para Brasília as impressões que tiveram do cenário indígena de forma geral nas três cidades que percorreram. 

"Aqui há violações de direitos e existe a necessidade de demarcação de terras como forma de solucionar os conflitos, além de uma crise humanitária grave no estado", concluiu a coordenadora. 

AMAMBAI, DOURADOS E CAMPO GRANDE 

A visita ministerial aconteceu em Amambai, Dourados e Campo Grande entre quinta-feira (29) e sexta-feira (30). Nas três oportunidades foram realizadas a escuta de mulheres indígenas para entender as principais reivindicações dessa população, especialmente no que diz respeito sobre a violação de direitos e violência de gênero. 

A visita foi solicitada ao Ministério da Mulher, comandado por Cida Gonçalves, durante o Acampamento Terra Vermelha, que foi realizado em abril deste ano, em Brasília. 

De acordo com Jaque Aranduhá Kaiowá, nas três cidades os atendimentos se estenderam às mulheres que moram nas regiões próximas. Na maior parte, as solicitações foram no mesmo sentido: criação de políticas públicas para assegurar o direito das mulheres e combate à violência de gênero. 

"A visita foi produtiva porque a violência nos territórios indígenas é real  e a falta de redes para atender essas mulheres no setor público também. Não tem respaldo e nem retorno quando, por exemplo, o Cras [Centro de Referência de Assistência Social] quando é acionado nesses casos", afirmou a vice-cacique da Aldeia Amambai Aguapoy, Lurdelice Moreira Nelson.

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