Após a descoberta de detalhes sobre o assassinato brutal do jogador de futebol Hugo Vinicius Skulny Pedrosa, de 19 anos, morador de Sete Quedas, local onde ocorreu o crime, morador do município, em entrevista ao Correio do Estado, relata que a cidade está em choque com o ocorrido.
De acordo com o morador, que é dono de uma panificadora em Sete Quedas e conhece os envolvidos no caso, desde o momento que a suspeita era apenas de desaparecimento, a cidade já ficou comovida.
No decorrer da investigação, com a descoberta do assassinato e de que o jovem foi morto a tiros e teve o corpo retalhado com uma motosserra, os moradores se mostraram cada vez mais impactados com a situação incomum.
“Aqui na cidade o clima está pesado com essa notícia. No começo se imaginava que ele estava só sumido, mas quando começou a investigar mesmo e foi descobrindo mais o caso e como foi crime, ficou mais pesado, porque o povo que fez essas coisas era conhecido na cidade. A cidade é pequena, 10 mil habitantes, é difícil acontecer isso. A gente fica apreensivo”, relata o morador.
O dono de padaria afirma que conheceu Hugo quando ele tinha quatro anos. Ele conta que quando foi morar em Sete Quedas, há 15 anos, jogava vôlei com Hugo e a prima dele. “Eu lembro dele junto conosco lá. Ele era um moleque, muito de boa, divertido, pequenininho assim junto com a gente”, relembra.
Além disso, detalha que, antes do ocorrido, Hugo cuidava da avó, que não conseguia fazer diversas atividades sozinha. “Ele cuidava, dava até banho na avó dele, ele era bem família assim. A gente conhece todo mundo, porque eu sou padeiro aqui, e daí entrego pão na cidade, conheço a cidade inteira. Acontece uma coisa desse tipo e a gente vai fazer entrega e o povo fica tudo: ‘Não, não pode acontecer uma coisa dessa não’. É complicado”.
O padeiro explica que recebeu informações do caso a partir do primo, que é dono do posto de gasolina onde ocorreu a festa de que Hugo participou.
“Ele estava lá festejando normal, aí depois ele saiu e um cara levou ele [Hugo] até na esquina ali, ele foi para a casa da namorada e me falaram que ele pulou o muro da casa dela e aconteceu essa barbaridade”, conta.
O Correio do Estado entrou em contato com o dono do posto onde ocorreu a festa, que alegou não ter conversado com Hugo no local, mas que sabia que tanto ele como os demais suspeitos do crime estavam na festa.
SUSPEITOS
Os investigados pela autoria do crime são a ex-namorado do jogador, Rubia Joice de Oliver Luvisetto, de 19 anos, e dois amigos, Cleiton Torres Vobeto e Danilo Alves Vieira, principal suspeito, que está foragido.
De acordo com o morador de Sete Quedas, os suspeitos são todos conhecidos na cidade, por conta da situação financeira dos familiares dos envolvidos. “Eu conheço o pai do menino que está foragido, que tem lojas de pecuária aqui na cidade. Assim, são pessoas bem de situação. E são filhinhos de papai, vamos dizer. A menina também, que é a ex-namorada dele, o avô dela é fazendeiro dos paraguaios. Tem muito dinheiro e devia ser uma vida boa a desses jovens [suspeitos]”, detalha.
Até ontem, a ex-namorada era a única presa. De acordo com o advogado de defesa, Felipe Azuma, Rubia não participou do crime e apenas presenciou o ato cometido por Danilo Alves.
“Rubia esclarece que não teve qualquer envolvimento com o desfecho trágico da briga entre seu ex-namorado e Danilo, e que, quando Hugo invadiu o imóvel, ela ainda interveio para conter os ânimos, mas não obteve sucesso”, afirma o advogado.
Azuma destaca que o corpo de Hugo foi retirado do local apenas por Danilo e Cleiton, sem que ela tivesse conhecimento do paradeiro. Segundo o advogado, Rubia relatou o ocorrido à mãe e ao padrasto, que informaram a polícia no dia 30 de junho, e foi voluntariamente à delegacia de polícia dar declarações quando soube que estava sendo investigada sob suspeita de participação no crime.
Após a descoberta da participação de Cleiton na ocultação do corpo, este prestou depoimento na polícia contando detalhes do ocorrido. Com isso, o investigado não foi preso, com a justificativa de estar ajudando no caso.
Azuma argumenta que Rubia teve tratamento distinto e mais gravoso do que o de Cleiton, já que ambos relataram o ocorrido à polícia e apenas a ex-namorada está presa.
“Destaca-se que foi somente após a oitiva de Cleiton que se descobriu o local onde o corpo estava, isso porque, conforme disse ele próprio, Cleiton participou da ocultação do corpo de Hugo, mas segue em liberdade, enquanto Rubia, que nada fez, está presa”, completa o advogado.
O CASO
Hugo desapareceu na madrugada do dia 25 de junho. O registro do sumiço foi feito por sua mãe, Eliana Skulny, na segunda-feira seguinte (26). Após uma semana de buscas, foram encontradas partes do corpo de Hugo no domingo (2), no Rio Iguatemi, localizado em Sete Quedas, no estado do Mato Grosso do Sul.
Os restos mortais foram descobertos durante uma operação conjunta, que contou com a participação das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (Defron).
A identificação do corpo foi realizada por meio de uma tatuagem presente no braço de Hugo, contendo o nome de seu pai, falecido há aproximadamente dois anos. As partes do corpo foram encaminhadas ao Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) e ainda aguardam liberação.