Há dois anos sem pé, estátua de Manoel de Barros ganha bota

Fundação de Cultura afirmou que restauração da obra entrou em novos trâmites para contratação do artista e novo orçamento será feito

A escultura de Manoel de Barros, localizada no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Rui Barbosa, amanheceu com uma bota no pé esquerdo.

A estátua está sem o pé esquerdo há dois anos e três meses, devido ação de vândalos. Com isso, alguém colocou uma bota para disfarçar a falta do pé.

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) ainda não sabe quem colocou a bota, mas está investigando.

Os óculos e face da obra também foram danificados pelos vândalos. De acordo com o autor da escultura, Ique Woitdchach, usaram uma marreta para amassar a face de Manoel.

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) registrou Boletim de Ocorrência (B.O), contra o ocorrido, em abril de 2021.

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, câmeras de segurança foram implantadas no local, em junho de 2021, para evitar novas depredações.

O Correio do Estado procurou a Fundação de Cultura, na manhã desta quinta-feira (20), para saber quando a escultura será restaurada e qual o valor da obra.

E, foi informado que restauração entrou em novos trâmites, portanto, não há prazo estimado para reforma.

“A restauração da estátua de Manoel de Barros entrou em novos trâmites para contratação do artista para o trabalho, essa ação após o processo encaminhando será realizada. Um novo orçamento será pedido ao artista, então ainda não temos os valores dessa obra”, informou a Fundação de Cultura ao Correio do Estado.

Conforme apurado pela reportagem, serão revitalizados jardinagem, iluminação, restauração do pé, do óculos e pintura da escultura.

A escultura de Manoel de Barros, localizada na avenida Afonso Pena, foi inaugurada em 19 de dezembro de 2017, dia em que Manoel completaria 101 anos.

A obra possui 1,38 metros de altura (incluindo o pedestal de fixação da base de concreto) e 1,60 metros de largura. A escultura pesa cerca de 400kg e é feita de bronze.

A escolha da avenida Afonso Pena foi estratégica para implantar a obra, pois é tombada pelo Patrimônio Histórico da cidade.

A estátua atrai não só turistas e pássaros, mas também campo-grandenses para tirar selfie com o poeta.

Algumas características marcantes do poeta foram eternizadas no bronze, desde o sorriso cativante aos seus trajes simples, as pernas cruzadas, o tênis surrado, ao lado de caramujos e do ninho de pomba, com os quais dialogava e se inspirava entre imagens, lembranças e metáforas.

Manoel de Barros foi um poeta brasileiro e autor de dezenas de poemas reconhecidos a nível nacional, como “O livro sobre nada”, “O apanhador de desperdícios”, “Retrato do artista quando coisa”, “O fazedor de amanhecer”, “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, etc.

Nasceu em Cuiabá em 19 de dezembro de 1916 e morreu em 13 de novembro de 2014, em Campo Grande, aos 97 anos.

Recebeu diversos prêmios, sendo alguns deles Prêmio Jabuti e Prêmio ABL de Literatura Infantil.