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ESTATÍSTICA RUIM

Mato Grosso do Sul é o 3º do país em casos de crime de injúria racial

De acordo com anuário, o Estado só não é pior que o Distrito Federal e Santa Catarina

20 JUL 2023 • POR Celso Bejarano • 15h17
Ano passado, foram contabilizadas em torno de 500 ocorrências de injúria em MS   Marcelo Victor

Relatório do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, edição 2023, do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), divulgado nesta quinta-feira (20), destaca Mato Grosso do Sul como o terceiro estado brasileiro com a maior taxa de crimes de injúria racial.

Normas brasileiras determinaram que desde 12 de janeiro deste ano, com a sanção da Lei 14.532, a prática de injúria racial passou a ser expressamente uma modalidade do crime de racismo.

A mudança foi importante por reconhecer que o crime em questão também consiste em ato de discriminação por raça, cor ou origem que tem como finalidade, a partir de uma ofensa, impor humilhação a alguém. 

Antes, a pena contra o crime (injúria) não superava punição de seis meses. Agora, a previsão é de reclusão, de 2 a 5 anos, e proibição de frequência, por 3 anos, a locais destinados a práticas esportivas, artísticas ou culturais destinadas ao público, conforme o caso.

De acordo com o relatório anunciado hoje, em 2021 foram anotados 10.814 casos e, em 2022, ano passado 10.990. A taxa em 2022 ficou em 7,63 a cada 100 habitantes, 32,3% superior à do ano anterior (5,77).

Entre os estados brasileiro com as maiores taxas, segundo o levantamento,  ficaram Distrito Federal (22,5 casos a cada 100 mil habitantes), Santa Catarina (20,3), e Mato Grosso do Sul (17).  

Texto do anuário acerca do aumento nos casos de injúria racial diz que:

“Observamos grandes aumentos das taxas de injúria racial (que cresceu 32,3%) e racismo (que cresceu 67%), denotando aumento da demanda por acesso ao direito à não-discriminação”.

HOMOFOBIA

Também conforme os dados do FBSP, mostram ainda que, além da injúria racial, aumentaram as taxas acerca dos crimes de racismo e homofobia ou transfobia dispararam em 2022 no país na comparação com o ano anterior.

Os registros de racismo saltaram de 1.464 casos em 2021, para 2.458, em 2022. A taxa nacional em 2022 ficou em 1,66 casos a cada 100 mil habitantes, uma alta de 67% em relação ao ano anterior. 

Os estados com as maiores taxas, de acordo com o anuário, foram: Rondônia (5,8 casos a cada 100 mil habitantes), Amapá (5,2), Sergipe (4,8), Acre (3,3), e Espírito Santo (3,1).

Já o crime de racismo por homofobia ou transfobia teve 488 casos registrados em 2022 no país, ante 326, em 2021. A taxa nacional por 100 mil habitantes em 2022 ficou em 0,44 – 53,6% superior ao ano anterior. Os estados com as maiores taxas foram: Distrito Federal (2,4), Rio Grande do Sul (1,1), e Goiás (0,9).  

O FBSP criticou a falta de dados, que deveriam ser fornecidos pelos órgãos oficiais, referentes ao número de pessoas do grupo LGBTQIA+ vítimas de lesão corporal, homicídio e estupro.

“Quanto aos dados referentes a LGBTQIA+ vítimas de lesão corporal, homicídio e estupro, seguimos com a altíssima subnotificação. Como de costume, o Estado demonstra-se não incapaz, porque possui capacidade administrativa e recursos humanos para tanto, mas desinteressado em endereçar e solucionar”, afirma o texto.

De acordo com o FBSP, para a quantificação desses crimes é necessário contar com dados produzidos pela sociedade civil, como os da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) e do Grupo Gay da Bahia (GGB).

De acordo com o anuário, a ANTRA contabilizou, em 2022, 131 vítimas trans e travestis de homicídio. Já o GGB registrou 256 vítimas LGBTQIA+ do mesmo crime em 2022. “O Estado deu conta de contar 163, 63% do que contabilizou a organização da sociedade civil, demonstrando que as estatísticas oficiais pouco informam da realidade da violência contra LGBTQIA+ no país”.

“Se bases de dados são instrumentos primários de transformação social, o que a produção de dados oficiais desinformativos diz sobre o destino para o qual caminhamos no enfrentamento aos crimes de ódio no Brasil?”, questionou o texto do anuário. (com informações da Agência Brasil)

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