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ENTREVISTA ESPECIAL 124 ANOS

"Solicitamos um novo plano de mobilidade urbana"

A prefeita de Campo Grande deixa a discrição de lado e mostra seus planos para a cidade, na área de transporte, de economia e negócios e turismo

26 AGO 2023 • POR EDUARDO MIRANDA • 08h30
Prefeita traz informações reveladoras: a de que encomendou um novo plano de mobilidade urbana para a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), e mais   Gerson Oliveira/ Correio do Estado

Há 1 ano e meio como chefe do Poder Executivo de Campo Grande, e agora no Partido Progressista, a prefeita Adriane Lopes, mostra firmeza com os planos para a cidade.

Vice do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) durante cinco anos e meio, Adriane manteve uma postura discreta durante o ano passado, período em que ele se candidatou ao governo de Mato Grosso do Sul e foi derrotado. Agora, a prefeita mostra que tem planos para o futuro.

Em entrevista para o Correio do Estado, a prefeita traz informações reveladoras: a de que encomendou um novo plano de mobilidade urbana para a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), a de que pretende capacitar quase 10 mil jovens para aproveitar as oportunidades que virão com a rota bioceânica.

Aliás, assim como o governo de Mato Grosso do Sul, Adriane Lopes aposta no turismo de eventos e na logística, para atrair mais investimentos para a Capital. Confira a entrevista. 

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Prefeita, depois de aproximadamente 1 ano e meio na chefia do Poder Executivo, qual o foco da administração?

A gente tem falado de Campo Grande. Nosso projeto prioritário é desenvolvimento econômico. Nós abraçamos esse eixo e estamos buscando trabalhar agora, dentro da possibilidade da Rota Bioceânica.

Estamos projetando Campo Grande para Mato Grosso do Sul, para o Brasil, e por que não para o mundo? Na última Expogrande, por exemplo, o Guilherme Bumlai (presidente da Acrissul) me procurou para retomar a Expogrande. Já havia uns cinco anos que não tínhamos a Expogrande.

Veio a pandemia, e também havia problemas judiciais. Ele me disse que seria preciso retomar, e que havia algumas dificuldades. Disse que o que fosse necessário da parte do município cuidaríamos, e que a parte técnica e jurídica seria com eles. Os dois lados conseguiram.

Foram 10 dias, convidamos todos os países da América do Sul, e fomos surpreendidos com oito países visitando a Expogrande na época. Além de vizinhos sul-americanos, também vieram países europeus. As boas notícias, sobre o que viemos declaramos sobre a nossa cidade começou a acontecer. 

Como avançaram estas relações com os outros países? Foram para um novo patamar?

Sim, há o caso do Chile, que inaugurou aqui em Campo Grande o primeiro escritório internacional na cidade. Porque o poder público é um facilitador: conecta as pessoas, e as coisas acontecem.

Nosso papel sempre é o de facilitar os negócios, mostrar os dados de nossa Capital, apresentar Campo Grande e seu potencial, e aí as tratativas vão acontecer. 

Isso aconteceu depois que abrimos o escritório internacional da prefeitura no edifício The Place. E depois disso, após visitas de vários países, a província de Taparacá, no Chile, que está em uma das pontas da Rota Bioceânica, demonstrou interesse pela cidade, e se estabeleceu aqui. 

Como vai a relação com o Paraguai, um de nossos vizinhos?

Também estivemos com o presidente do Paraguai há pouco mais de 15 dias, Santiago Peña, e ele disse que tem bastante interesse em Campo Grande e em Mato Grosso do Sul, e ele disse que tem interesse de estar aqui no festival da carne. 

Como está trabalhando em outras áreas?

Estamos projetando Campo Grande para o setor do turismo, onde há um potencial muito forte, sobretudo para o setor de eventos. A cidade tem um potencial muito grande para isso.

O que precisamos é projetar mais a cidade e comunicar isso para o restante do país e do mundo. Quando passou a pandemia, por exemplo, o meu marido, deputado Lídio, organizou um evento para a União Nacional das Assembleia Legislativas (Unale), da qual ele era presidente, aqui na Capital.

As pessoas tinham tradição em procurar capitais com litoral. Recebemos na ocasião mais de 1,2 mil pessoas, em um primeiro evento pós-pandemia. No evento anterior, em Salvador (BA), foram levados equipamentos de São Paulo para a Bahia.

Na época, para nós, só faltou o Centro de Convenções. O espaço foi o Bosque Expo, e isso porque os espaços que temos disponíveis hoje, como Rubens Gil e Aquário, estavam em obras. Ou seja, para eventos, aqui tem tudo.

Para fortalecer a área de eventos, quais as ações que estão sendo feitas?

Para o aniversário da Capital estamos lançando a primeira pista internacional de Motocross, já pensando em eventos. O primeiro lançando o primeiro parque turístico de Campo Grande, que será na Cachoeira do Céuzinho.

E olha, nós precisamos que os turistas passem pelo menos um final de semana ou mais de um dia em nossa Capital. O Bioparque, estamos juntos com o governador Eduardo Riedel para potencializar a vinda de turistas. 

Estive em São Paulo na sexta-feira passada, em um evento, e quando contei em um evento, que Campo Grande é uma das capitais mais seguras do País, as pessoas se assustaram, de uma forma positiva.

Quando eu conto que Campo Grande tem o menor índice de desemprego do país, as pessoas nos olham com outro olha. Somos uma das “Capitais Árvore” do mundo. 

O que você pode dizer sobre o Parque Tecnológico, que será inaugurado durante as comemorações de aniversário? 

É uma iniciativa que vem para mudar a economia local, transformar a nossa matriz econômica. De que forma? Lá, pequenas, grandes e médias empresas vão buscar, juntas, soluções, e se para ampliarem seus negócios.

O ambiente irá propiciar e fomentar a existência de startups, onde serão trazidas discussões novas para problemas antigos, por meio da inovação tecnológica. 

Estivemos visitando parques tecnológicos em todo o Brasil, tentando entender qual a vocação de nossa Capital, e descobrir o que mais poderia ser explorado.

Descobrimos que o agronegócio, a logística, seriam caminhos interessantes. A Rota Bioceânica está aí, e Campo Grande já é hoje o coração da América do Sul, e poderá gerar muito desenvolvimento para região central do Brasil em várias frentes: economia criativa, logística, agronegócio, entre outros.

{Perfil}
Adriane Lopes

Adriane Barbosa Nogueira Lopes assumiu a Prefeitura de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, em 4 de abril de 2022. Antes, foi vice-prefeita em duas gestões, de 2017 a 2022.
É casada com o deputado estadual Lídio Lopes e tem dois filhos: Matheus e Bruno.
A prefeita Adriane é formada em Direito e Teologia,
pós-graduada em Administração Pública e Gerência de Cidades.
e Políticas Sociais

"O objetivo é capacitar quase 10 mil jovens. Todos os cursos serão voltados para a Rota Bioceânica: espanhol, operador de drone, empilhadora. Os cursos serão oferecidos na Sejuv"

"Solicitamos uma modenização para a Agetran, um novo plano de Mobilidade Urbana. Queremos monitorar o transporte coletivo de nossa cidade, do ponto de vista da tecnologia e da informação". 

Como Campo Grande está planejando explorar a Rota Bioceânica?

Não se trata apenas de uma rota. É um corredor de 20 milhões de pessoas vivendo nele, e certamente surgirão inúmeras possibilidades.

Então, o que estamos trabalhando? Temos de buscar entender os nossos polos empresariais e como eles estão funcionando.

Também buscamos agora implementar os polos nesse estudo, e já estamos enxergando uma possibilidade de ampliá-los, sempre fortalecendo os empresários que já estão na Capital, mas também projetando a cidade para atrair mais investimentos.

Há exemplos de investimentos vindos de fora?

Sim, no ramo imobiliário. Temos recebido vários investidores de outros estados, tendo em vista os lançamentos do mercado.

Acredito inclusive que a qualidade de vida de Campo Grande tem atraído muitos moradores de bom poder aquisitivo.

Como está o planejamento logístico para a Capital?

As equipes da Planurb já está em discussão para o futuro da cidade, como nessa discussão da BR-163. Nossa equipe técnica já esteve em Brasília, e entedemos que para Campo Grande, o mais viável seria mudar o traçado da BR-163, e a rodovia já tornou-se um limitador da cidade.

O que temos buscado a mais? Já protocolamos em Brasília, a intenção da reativação da ferrovia, até para podermos ativar o nosso terminal intermodal. E temos o desafio de Receita Federal, que é para implantar uma aduana.

Melhorar a questão aduaneira. Nesta visita que fizemos com o presidente do Paraguai, foi para discutir com ele, antes mesmo de ele assumir a presidência do Paraguai, que também está interessado. 

Há trabalho em outras áreas visando estas novas possibilidades de negócios?

Estamos capacitando nossa mão de obra. Quando se fala de desenvolvimento, precisamos de mão de obra especializada. Estamos buscando a parceria com Fiems, Sistema S, Sebrae, com governo do Estado, para capacitar.

Lançamos há mais de 1 mês, 80 cursos, incluindo espanhol, já preparando estes jovens para daqui dois anos. 
 
São cursos gratuitos?

Sim. Todos coordenados pela Secretaria de Juventude. O objetivo é capacitar quase 10 mil jovens. Todos os cursos voltados para a Rota Bioceânica: espanhol, operador de drone, empilhadora.

Os cursos serão oferecidos na Sejuv, no Shopping Marrakesh. Investimentos de 1,98 milhão. Parceria da prefeitura com a iniciativa privada. 

Sobre a mobilidade urbana e o transporte coletivo? Existem novos planos?

Sim, solicitamos uma modenização para a Agetran, um novo plano de Mobilidade Urbana. Queremos monitorar o transporte de nossa cidade.

Estivemos em cidades em que o transporte é monitorado, do ponto de vista da tecnologia e da inovação. E pretendemos trazer para a cidade o que existe de mais moderno na área de mobilidade urbana. 

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