Dois policiais civis da região de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai estão sendo investigados por envolvimento em esquema de tráfico internacional de drogas. Um dos agentes foi preso em flagrante nesta terça-feira com uma carga de 538,1 kg de cocaína, avaliada em cerca de R$ 40,3 milhões.
Ao todo, foram encontrados 500 tabletes da substância, que estavam em uma casa na Vila Rosa, região norte de Dourados. Além do policial civil, outro homem, de 37 anos, também foi preso no local.
De acordo com o Departamento de Operações de Fronteira (DOF), o homem preso era o responsável por guardar a droga na residência até que o entorpecente fosse retirado para ser encaminhado para outros locais do País.
O segundo policial civil envolvido está sendo investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil por envolvimento no transporte da droga, que saiu da região de fronteira do Estado, para Dourados, sendo transportada em viatura oficial da 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã.
O DOF aponta também que, além da droga, foi apreendido um veículo Fiat Uno, que era utilizado no crime. A ação faz parte da Operação Hórus e teve como parceria o Gaeco e a Corregedoria-Geral da Polícia Civil, além da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Em nota, a Polícia Civil reiterou o compromisso de combater o crime e pontuou que “qualquer desvio de conduta por parte de seus membros será rigorosamente investigado e punido, em conformidade com a lei”.
POLICIAIS PRESOS
Esta não foi a primeira prisão de um policial por suspeita de envolvimento em crime. Em junho deste ano, o sargento Ygor Nunes Nascimento, que fazia parte do DOF, foi preso em uma operação da Polícia Federal (PF) por suspeita de integrar aquadrilha comandada por Antônio Joaquim da Mota, conhecido como Motinha ou Don.
O chefe da quadrilha é, segundo a PF, um dos maiores traficantes de cocaína da região de fronteira com o Paraguai. Motinha conseguiu fugir de helicóptero um dia antes da operação, e as suspeitas são de que ele tenha sido informado sobre a ação policial. O traficante continua procurado pela polícia.
Já em abril do ano passado, o delegado da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã foi um dos alvos da Operação Codicia, deflagrada pelo Gaeco para desmantelar esquema criminoso que funcionava dentro da delegacia.
Os crimes que estavam sendo investigados envolviam o delegado, o qual havia sido um dos aprovados no concurso do Tribunal de Justiça de MS (TJMS) para o cargo de juiz substituto, e demais policiais da corporação. As acusações eram de crimes de peculato, concussão, tráfico de drogas, entre outros.
Além do advogado, na época, a reportagem do Correio do Estado recebeu a informação de que três investigadores da ativa e uma escrivã da 1ª DP de Ponta Porã, cuja viatura era utilizada para o transporte de droga no esquema descoberto esta semana, também foram alvos da operação.
Segundo o Gaeco, alguns policiais da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã praticavam o crime de concussão, que é o ato de usar cargo público de alguma forma para exigir para si ou para outro algum tipo de vantagem indevida.
O Gaeco também apurou informação de que os agentes tinham ligação com uma das maiores organizações criminais do País, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que atua intensamente no tráfico de drogas.
OPERAÇÃO HÓRUS
Desde o início da Operação Hórus em Mato Grosso do Sul, em setembro de 2019, o Estado lidera em apreensões de drogas no País.
A Hórus é uma operação permanente dos Guardiões da Fronteira, do Ministério de Justiça e Segurança Pública (MJSP), e conta com o apoio das forças de segurança de 12 estados, incluindo todos os fronteiriços.
Além das polícias civis e militares de cada unidade federativa, participam da ação conjunta as polícias Federal, Rodoviária Federal e Penal e o Exército Brasileiro.
Desde o início da operação, em maio de 2019, foram mais de duas mil toneladas de drogas apreendidas nos estados abrangidos pela atuação integrada de órgãos federais e estaduais.
O prejuízo estimado ao crime passa de R$ 8,5 bilhões. Nesse período, também houve a prisão de mais de 23 mil pessoas e a apreensão de 200 milhões de maços de cigarro, 943 embarcações e 11,7 mil veículos.
SAIBA
Atualmente, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ocupa a primeira colocação na apreensão de cocaína, totalizando 10,88 toneladas do entorpecente interceptadas pelos agentes em Mato Grosso do Sul.