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tráfico aéreo Polícia apreende mais um helicóptero na rota de "Don Corleone" Piloto pousou próximo a Naviraí após escapar de uma aborgagem no Paraná. Este foi o oitavo helicóptero descoberto na região em três anos 18 SET 2023 • POR Neri Kaspary • 10h00
Helicóptero pousou na área rural de Naviraí e foi levada à delegacia da Polícia Federal de Naviraí   (Tá na Míndia Naviraí)

Mais um helicóptero foi apreendido no fim de semana no sul do Estado, região que nos últimos três anos se notabilizou pelo uso deste tipo de aeronave para o transporte de cocaína. A suspeita principal é de que seja mais uma aeronave ligada à quadrilha ligada a Antônio Joaquim da Mota, conhecido como "Don Corleone".

Incialmente o piloto fugiu de uma tentativa de abordagem no lado paranaense, em Querência do Norte, e acabou pousando em uma fazenda a cerca de 15 quilômetros da cidade de Naviraí, onde o helicóptero acabou sendo encontrado.

Em menos de três anos, este é o oitavo helicóptero apreendido ou que se envolve em acidentes na mesma região, próximo à fronteira com o Paraguai. Na maior parte deles ficou comprovado o envolvimento com o transporte de cocaína, mas em outras ocorrências também foram encontradas evidências de envolvimento com o ilícito. 

Neste caso mais recente, nenhum entorpecente foi encontrado, mas o fato de o piloto ter escapado da abordagem policial no lado paranaense e depois ter abandonado a aeronave na área rural do lado de Mato Grosso do Sul indica que os ocupantes estavam escondendo algo dos investigadores.

O helicóptero foi localizado por integrantes da Polícia Rodoviária Federal, que fizeram sobrevoos pela região depois da fuga em Querência do Norte, município que fica na divisa com Mato Grosso do Sul. A aeronave estava sem combustível e a suspeita é de que tenha pousado naquele local por não ter conseguido chegar até o Paraguai.

Depois da localização, a aeronave foi apreendida com ajuda da Polícia Militar e levada à delegacia da Polícia Federal em Naviraí. Conforme a PM da cidade, a investigação para tentar descobrir quem era o piloto e o proprietário está a cargo da PF. Esta, por sua vez, informou que não poderia repassar informações sobre o caso. 

HISTÓRICO

No começo de agosto, dois ocupantes de um helicóptero foram resgatados com vida depois de um acidente em meio às várzeas do Parque do Ivinhema. Com eles foram encontrados R$ 32 mil reais e em seu depoimento disseram que estavam a caminho de uma oficina em Fátima do Sul.

Eles acabaram sendo liberados e depois a investigação apontou que faziam voo clandestino e que pelo menos um deles já tinha sido detido por envolvimento com o megatraficante Antônio Joaquim da Mota, conhecido como Motinha, ou Don Corleone, que foi alvo de duas grandes operações da Polícia Federal em maio e junho deste ano e que é conhecido por utilizar helicópteros para transportar cocaína do Paraguai ao Brasil.

A série de acidentes envolvendo helicópteros na região sul do Estado começou em 11 de setembro de 2020, quando uma aeronave foi encontrada incendiada em uma fazenda em Iguatemi. Os investigadores chegaram à conclusão de que os ocupantes colocaram fogo na aeronave depois de fazerem o pouso de emergência. Nenhum ferido foi localizado e os proprietários nunca comunicaram o incidente às autoridades.

Depois disso, em 16 de abril de 2021, um helicóptero fez um pouso forçado no assentamento Itamaraty, em Ponta Porã, depois de bater na fiação da rede de energia de alta tensão. Antes de a polícia chegar, o piloto formatou o celular e destruiu o GPS do helicóptero para impedir que os investigadores encontrassem pistas sobre a origem e os proprietários da aeronave. 

Depois disso, no dia 3 de junho de 2021, policiais da região de Nova Andradina e Batayporã apreenderam 250 quilos de cocaína que eram transportados num helicóptero que fez um pouso próximo ao Rio Paraná, já na divisa com o estado de São Paulo. Quatro pessoas foram presas em flagrante por envolvimento com o narcotráfico. 

Meses depois, no dia 20 de outubro, um helicóptero que transportava 246 quilos de cocaína caiu e pegou fogo em uma lavoura em Ponta Porã, a cerca de 35 quilômetros da linha de fronteira com o Paraguai. Os dois ocupantes morreram. 

Na semana seguinte, no dia 27, outro helicóptero fez um pouso forçado no município de Batayporã. Ele foi destruído pelo fogo e a investigação apontou que o incêndio foi criminoso para dificultar o trabalho da polícia. 

Por último, já neste ano, no dia 9 de fevereiro, dois ocupantes de um helicóptero morreram do lado paraguaio da fronteira, no departamento de Concepcion. As vítimas eram um brasileiro e um paraguaio. 

A suspeita é de que a fatalidade tenha ocorrido porque o piloto estava muito baixo e acabou atingindo a rede de energia. E, de acordo com a polícia, a baixa altitude é uma das características de atuação dos narcotraficantes. 

O piloto e o helicóptero era brasileiros e os familiares da vítima não souberam informar com exatidão qual o tipo de trabalho ele fazia na região de fronteira entre Brasil e Paraguai.

MOTINHA

Em nenhuma das oito ocorrências elencadas acima os investigadores informaram os nomes dos proprietários destas aeronaves, que podem ter custo da ordem R$ 5 milhões. Porém, em operações da PF no dia 30 de junho e 11 de maio deste ano, a instituição informou que a quadrilha comandada pelo sul-mato-grossense Antônio Joaquim da Mota, o Motinha, é especializada no uso de helicópteros para o transporte de cocaína

Informou, ainda, que em menos de três anos apreendeu 13 aeronaves pertencentes ao grupo.  Motinha conseguiu fugir de dois cercos policiais montados em maio e junho. Em ambas utilizou helicóptero.