Faltando pouco mais de um ano para as eleições municipais, a Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul) promoveu evento para aproximar os chefes de Executivo, que tentarão fazer sucessores ou que tentarão a reeleição, da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, de caciques do PSDB, como ex-governador Reinaldo Azambuja, e de deputados federais.
Com um forte apelo à gestão pública técnica, para que estes prefeitos entreguem resultados, o que se viu nos bastidores – e mesmo oficialmente, em alguns momentos – foi a pressão dos chefes de Executivo municipais por dinheiro público para viabilizar seus projetos políticos.
Como as eleições de 2026 também passam pelas do ano que vem, os mandatários das esferas estadual e federal endossaram o clamor dos prefeitos por mais recursos e ainda procuraram criar empatia com eles.
A ministra Simone Tebet, por exemplo, lembrou do período em que administrou Três Lagoas e citou os dramas de famílias pobres e desabrigadas, da assistência que ofertava, entregando colchões em sua própria caminhonete por causa da dificuldade em se fazer compras emergenciais em situações de enchente, por exemplo.
Mas o que os prefeitos mais queriam ouvir da ministra do Planejamento e Orçamento foi exatamente o que ela falou primeiro, quando aproveitou para dizer que eram recados do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os recados foram três: apoio total do governo federal ao Projeto de Lei nº 136, que deve repor em aproximadamente R$ 27 bilhões as perdas de estados e municípios com a desoneração dos combustíveis feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no período pré-eleitoral de 2022, o que reduziu o repasse às prefeituras naquela ocasião; o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado aos municípios; e o trabalho dela e de Lula em prol da reforma tributária, que, segundo a ministra, beneficiará todos os municípios do Estado, conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que funciona sob a jurisdição de sua Pasta.
A ministra preferiu enfatizar o PAC dos municípios. “São 27 áreas de atuação do PAC dos municípios abertas para projetos. Vocês vão poder pedir recursos em qualquer dessas áreas”, enfatizou Simone Tebet.
O governador Eduardo Riedel, que ministrou uma palestra sobre gestão, afirmou que os prefeitos devem focar o trabalho em políticas públicas duradouras e lembrou que a administração estadual continua mantendo o carácter municipalista introduzido por seu antecessor, Reinaldo Azambuja, que estava presente e tratou justamente de municipalismo.
“De vocês depende o sucesso de várias políticas públicas do Estado nos próximos anos. Todos vocês vão se ver em um momento político, em futuro próximo, em que teremos aliados e adversários. Mas a eleição não deixará que a gente perca a diretriz, que é a de construir políticas públicas duradouras para Mato Grosso do Sul. Por isso, vamos precisar dos senhores e das senhoras [se referindo aos prefeitos] para que Mato Grosso do Sul continue sendo um exemplo para o Brasil”, afirmou Riedel.
“Não é justo que o município, que é onde tudo acontece, fique com a menor parcela da arrecadação dos tributos. Os municípios estão em crise”, queixou-se o presidente da Assomasul, Valdir Souza Junior (PSDB), prefeito de Nioaque.