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Aluguel atrasado

André Patrola vai à Justiça para despejar cunhado de Marquinhos Trad de apartamento de luxo

Leandro Mazina, ex-secretário de Nelsinho Trad e pai do vereador Otávio Trad, deixou de pagar a conta após renúncia do cunhado Marquinhos; apartamento vale mais de R$ 3 milhões

18 OUT 2023 • POR Celso Bejarano • 17h10
Ile de France, onde fica o apartamento do empreiteiro Patrola, habitado desde 2019 pelo ex-secretário Leandro Mazina, que não pagou os aluguéis   Gerson Oliveira

Empreiteiro e produtor rural André Luiz dos Santos, o conhecido André Patrola, moveu uma ação de despejo por falta de pagamento contra o médico Leandro Mazina Martins, ex-secretário de Saúde de Campo Grande.

A dívida, incluindo a dos aluguéis e parcelas do IPTU, o Imposto Predial Territorial Urbano, beira à casa dos R$ 300 mil. Mazina não paga o aluguel desde maio de 2023, hoje, perto de um ano e meio. 

Patrola e Mazina, como é mais chamado o médico, na esfera política, são pessoas bem conhecidas na capital sul-mato-grossense.  

O primeiro, amigo do ex-prefeito da cidade, Marquinhos Trad, do PSD.  

Mazina é casado com um das irmãs de Marquinhos e pai de Otávio Trad, vereador na cidade pelo PSD. 

Mazina, portanto, é, também, cunhado do senador Nelson Trad, do PSD e do ex-deputado federal Fábio Trad, outro filiado ao PSD. 

Mazina chefiou a secretaria municipal de Saúde, em Campo Grande, de 1º de abril até dezembro de 2012, último mês do segundo mandato do então prefeito da cidade, Nelson Trad, seu primo, hoje senador. 

ATRASO NOS ALUGUÉIS 

André Patrola, conforme consta na ação de despejo, alugou o apartamento a Mazina em maio de 2019 pelo prazo de dois anos. O imóvel em questão, o suntuoso e situado na Avenida Euclides da Cunha, onde fica um dos metros quadrados mais caros da cidade, é o elegante edifício Ile de France [ilha da França]. 

Pelo combinado, o aluguel foi fixado em R$ 5 mil mensais, fora a taxa do condomínio e a parcela do IPTU. No contrato, diz também, que a prestação por morar no apartamento tido de alto luxo, se pago em dia, cairia para R$ 4 mil. 

No entanto, Mazina, conforme a ação de despejo, tocada pelo escritório Ferraz, Advogados Associados, deixou de pagar a conta em maio de 2022, logo após o cunhado Marquinhos Trad ter renunciado à prefeitura. Pelo ato judicial, Patrola não quer saber de conversa. 

“Não obstante os meses em atraso, o autor implementou todos os meios possíveis à solução pacífica do imbróglio, não restando outra alternativa senão o pedido de despejo com cobrança dos haveres pendentes”, enuncia a ação. 

Segue os defensores de Patrola: 

“Esclarece-se que o réu [Mazina] possui clara disposição de, mantendo o inadimplemento, continuar inserido no imóvel em evidente desacordo contratual e em contrariedade à vontade da autora. Em vista do inadimplemento, o autor não mais possui intenção de manutenção da relação locatícia”. 

Ou seja, pelo narrado na petição, o ex-secretário municipal quer continuar morando no apartamento de Patrola, mesmo inadimplente. Já o empreiteiro, o quer fora de lá. 

CAMARADA 

O Correio do Estado, ouvindo pessoas donas de imóveis no Ile de France, disseram que um apartamento por lá, se alugado, custaria de R$ 10 mil a R$ 15 mil mensais – se Mazina pagasse em dia a soma cairia para R$ 4 mil. 

Outro dado do Ile: o apartamento de Patrola, hoje em dia, sob a avaliação no mercado mobiliário local, custaria de R$ 3 milhões a R$ 3,8 milhões. 

Ainda pela ação de despejo, que corre na Vara Cível Residual de Campo Grande, a Mazina, que ainda não foi ouvido, será proposto o pagamento da dívida e o imediato despejo do imóvel. 

HISTÓRICO RUIM

André Patrola acumula encrencas na Justiça. Dono das empreiteiras ALS dos Santos e também a ALS Transportes, foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). 

Pelo apurado pelo MPMS, o empreiteiro surge numa investigação como suposto envolvido em fraude à licitação, lavagem de capitais e ainda por ligação com organização criminosa. As empresas de Patrola locam maquinários para a pavimentação e manutenção de estradas e ruas nas cidades. 

Ainda conforme o MPMS, os contratos firmados entre Patrola e a prefeitura de Campo Grande, que arrecadaram em torno de R$ 300 milhões, foram acertados de maneira suspeita. 

Pelo negócio, as empresas de Patrola teria de conservar as vias da cidade, as sem o asfalto. A tarefa, contudo, segundo a investigação, não era concluída, mas, ainda assim, paga. 

Os principais contratos com as empresas de Patrola e a prefeitura foram ajustados no período da gestão de Marquinhos Trad, o cunhado de Mazina, que pode ser despejado, por não pagar aluguel para morar no apartamento do empreiteiro. 

Patrola foi, ainda, multado em R$ 1,3 milhão por desmatamento ilegal na região do Pantanal sul-mato-grossense.

SEM MANIFESTO 

O jornal tentou conversar com o ex-secretário de Saúde, mas até a publicação, não tinha localizado ele. Assim que houver manifesto, este material será atualizado. 

  

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