Sem-terra liberaram totalmente a BR-163, na saída para São Paulo, após sete horas de interdição. Com isso, os dois lados da pista, sentidos Campo Grande-São Paulo e São Paulo-Campo Grande, estão liberados. Neste momento, o trânsito flui normalmente no local.
Cerca de 250 manifestantes do Movimento Popular de Luta (MPL) interditaram totalmente a rodovia das 2h às 9h desta segunda-feira (23). A rodovia foi liberada parcialmente, em meia pista, sentido Campo-Grande-São Paulo, às 8h. Uma hora depois, os dois sentidos foram liberados.
A rodovia foi bloqueada por pneus, galhos de árvore, grama seca e pessoas.
Fila de pelo menos 10km de caminhões, carretas, carros, motos, vans e ônibus se formou nos dois sentidos da BR-163 e macroanel BR 262/060 (sentido Cuiabá-São Paulo). O congestionamento começou nas primeiras horas do dia e durou cerca de quatro horas.
Aproximadamente 20 policiais, em cinco viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e uma da Polícia Militar, estiverem no local para negociar a liberação do trânsito e pacificar a concentração. A negociação com a polícia foi pacífica e logrou êxito. Rodovias em Nova Alvorada do Sul também foram bloqueadas.
Aposentado, Antônio de Lima, era o primeiro da fila e permaneceu por cerca de 45 minutos no congestionamento, pois estava de moto e conseguiu ultrapassar carros e caminhões pelo acostamento. De acordo com Lima, a manifestação é errada pois atrasa a vida do cidadão.
"Eu acho muito errado. Eu mesmo estou indo fazer um exame e estou aqui enrolado. Eu moro em Anhanduí e vim fazer o exame em Campo Grande. Preciso chegar lá antes das 15h para fazer o exame, é por ordem de chegada", lamentou.
Os manifestantes afirmaram que só iriam liberar totalmente as duas pistas caso o superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Regorma Agrária (Incra) em Mato Grosso do Sul, Paulo Roberto da Silva, fosse conversar pessoalmente com integrantes do Movimento Popular de Luta (MPL) no ponto de interdição. Ele foi até o local e ouviu as reivindicações do grupo.
Os manifestantes do MPL são de seis acampamentos espalhados por Naviraí, Nova Alvorada do Sul e Anaurilândia.
De acordo com a porta-voz do MPL, Kátia Bastos, os manifestantes reivindicam por reforma agrária e terra. "Está na Constituição e deve ser cumprida. Por isso que a nossa luta é pela agricultura familiar. A gente luta por um pedaço de chão para trabalhar com a nossa família, alimentar a nossa família e consequentemente ajudar os grandes polos, a cidade, porque todos sabem a função da agricultura familiar. Quando chamarmos atenção do governo e sermos ouvidos, a gente sai daqui. A nossa manifestação é pacífica", explicou.
De acordo com a sem-terra e integrante do MPL, Ana Carolina, os manifestantes querem terra para plantar e morar.
"Eu moro no acampamento da 262, depois do pontilhão, todos que estão aqui moram lá. Nós estamos aqui pela reforma agrária e almejamos terra. Queremos terra em qualquer lugar, aonde eles liberarem terra estamos indo", afirmou.
De acordo com o superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Mato Grosso do Sul, Paulo Roberto da Silva, existem 29.600 famílias assentadas e 5 mil aguardando por terras em Mato Grosso do Sul.
O último assentamento ocorreu em 2014, no município de Sidrolândia, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O assentamento estagnou quando o ex-presidente Michel Temer assumiu o poder. Na gestão de Jair Bolsonaro (PL), houve entregas de títulos, mas as famílias não foram assentadas.