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Cadê a chuva? Qualidade do ar fica ruim em Campo Grande e aumenta possibilidade de chuva ácida Por volta das 6h30, a qualidade do ar em Campo Grande registrou 92 ruim 20 NOV 2023 • POR João Gabriel Vilalba • 15h26

A concentração das fumaças que vem dos incêndios do Pantanal sul-mato-grossense deixou a qualidade do ar de Campo Grande ruim, na manhã de hoje (20). Desde da última sexta-feira (17), os índices de qualidade do ar caíram consideravelmente, o que pode contribuir com o fenômeno conhecido no Brasil, como a chuva ácida.  

Para explicar melhor esse fenômeno, a reportagem do Correio do Estado conversou com o professor de Física e doutor em Geofísica Espacial, Widinei Alves Fernandes, que relatou que a possibilidade de chuva ácida é enorme, por conta do alto grau de poluição em Campo Grande.

“Antes de iniciar essa explicação, tenho que relatar que toda chuva é ácida, mas quando ocorre esse período grande de queimadas que está acontecendo, principalmente no Pantanal, a água da chuva tende a ficar ainda mais escura. É esse fenômeno que chamamos de chuva ácida”, comentou. 

Conforme dados divulgados pela Estação de Qualidade do Ar da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o índice calculado nessas últimas 24 horas chegou a 92% ruim, às 6h30. 

Segundo relatos de leitores do Correio do Estado, houve registro de chuvas em alguns bairros de Campo Grande, na tarde de ontem (19).

De acordo com o professor de física, o ar tende a melhorar, mas pouco.

“Com a chuva de ontem, a qualidade do ar tende a melhorar pouco, mas é necessário que chova com mais intensidade para que a água possa limpar a atmosfera”, explicou.   

Na última vez que Campo Grande registrou a qualidade do ar ruim, foi em 2022, por conta de incêndios na região do pantanal sul-mato-grossense. Neste ano de 2023, essa é a primeira vez que os dados da Estação de Qualidade do Ar registram um nível ruim.  

Incêndio destrói o bioma do pantanal  

Em 2023, o bioma do Pantanal de Mato Grosso do Sul, queimou uma área que ainda corresponde a 36,4% do que queimou em 2020, ou seja, 63,6% a menos. Até novembro deste ano, foram 592,2 mil hectares incendiados, enquanto em 2020 foram 1,6 milhão de hectares.

Apesar da área queimada neste ano ainda ser quase um terço menor do que a de 2020, em comparação com 2022 (214,925 ha) os incêndios dobraram em 2023.


 
Focos de incêndio no Pantanal  

Conforme dados do Boletim Risco de Incêndio da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o clima ameno está ajudando no combate aos incêndios, mas os riscos continuam. Segundo dados divulgados de hoje, as regiões onde o tempo está seco e tem risco climático de incêndios são: Campo Grande, Rio Brilhante e São Gabriel, com índice de 13%.  As cidades de Corumbá e Coxim., vem logo atrás com índice de risco de novos incêndios de 12%.