Representantes do Governo de Mato Grosso do Sul lançaram no último domingo (3), às autoridades e instituições brasileiras e internacionais que participam da COP 28 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas) o sistema Carbon Control, plataforma inovadora que será utilizada para reunir dados de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de diversos setores do Estado.
A apresentação do Carbon Control foi feita pelo diretor-presidente do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), André Borges, e pelo secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), que representa o governador Eduardo Riedel no evento.
Verruck explicou que o lançamento do sistema é uma resposta à uma resolução publicada pela Semadesc anteriormente, que passava a exigir a apresentação do inventário de gases de efeito estufa para os empreendimentos que necessitam de licenciamento ambiental.
"O Carbon Control é uma das principais iniciativas dentro da política do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio do Programa Estadual de Mudanças Climáticas (Proclima), que estabelece uma série de ações e medidas para que o nosso Estado seja um território reconhecido internacionalmente como Carbono Neutro até 2030", acrescentou Verruck.
André borges afirmou que além de exigir dos empreendimentos os dados de emissões de Gases de Efeito Estufa, o Estado também quer incentivar "os empreendimentos que serão os grandes credores de remoção de carbono, como as atividades agrícolas, silvipastoris e as áreas naturais".
"Os dados serão armazenados na plataforma Carbon Control, um sistema gerenciado pelo Governo do Estado, no qual o empreendedor vai lançar os dados de emissões e remoções de gases de efeito estufa da sua atividade. O sistema faz uma interlocução com os dados georeferenciados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), evitando erros e dando robustez às informações. Os empreendedores irão apresentar as informações de toda sua cadeia produtiva e o sistema irá verificar por meio de bases científicas se as taxas estão dentro do padrão. Ao fim, o empreendimento obterá um resumo do balanço, positivo ou negativo, ou seja, se ele está emitindo ou retendo mais carbono da atmosfera", informou Borges.
O Carbon Control utiliza o GHG Protocol, da WRI (World Resource Institute), que se baseia nas orientações da ONU, já customizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) para o Brasil e é o protocolo adotado pelo governo federal para inventários de emissões de GEE.
"Esse sistema faz todos os cálculos por atividade. Por exemplo, cada atividade industrial pode utilizar sua parte agrícola para compensar suas emissões. Tudo baseado em informações georeferenciadas e pautados em dados científicos", revelou o diretor-presidente do Imasul.
Combate ao Desmatamento Ilegal auxilia na meta do Carbono Neutro
De acordo com Jaime Verruck, as participações do Governo do Estado nas edições da Conferência Mundial do Clima têm sido fundamentais para que Mato Grosso do Sul chegue ao ano de 2030 como território reconhecido internacionalmente como Carbono Neutro, mas existem outras questões em debate.
"Nós temos reforçado aqui na COP que é necessário focar muito na questão do desmatamento ilegal e nós já lançamos também um sistema digital para coibir qualquer tipo de desmatamento ilegal em Mato Grosso do Sul. É importante ressaltar que temos um ganho importante na redução das emissões através do combate ao desmatamento ilegal e na prevenção e combate aos incêndios florestais", comentou.
O secretário lembra que toda a estrutura montada pelo Estado para prevenir incêndios e monitorar o desmatamento ilegal também são importantes para reduzir as emissões.
"Acho que a meta de 2030 já é audaciosa, sob o ponto de vista de qualquer projeto que nós estamos vendo aqui na COP. A ideia é que a gente mantenha essa meta de 2030, mas a partir do sistema do Carbon Control, nós conseguiremos fazer uma quantificação e medição mais adequadas. Nós já temos um inventário estadual, sabemos o que nós emitimos e agora estamos com o foco nas remoções e retenções de carbono para sinalizar ao mundo essa questão da neutralização", finalizou Verruck.