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motor da economia de ms Produtor de MS vendeu 35% da soja antes da forte queda nos preços Em média, eles conseguiram R$ 120,00 pela saca, que nos últimos 30 dias caiu 17% e agora está perto dos R$ 100, pior valor em quase quatro anos 22 JAN 2024 • POR Neri Kaspary • 13h00
Em algumas lavoras de MS a colheita da soja já começou, mas a maior parte ainda está em fase de desenvolvimento  

Cerca de 35% da soja que deve ser colhida na atual safra foi vendida com antecedência e com isso os produtores conseguiram escapar da recente queda nos preços, que chegou a 17% somente nos últimos 30 dias em Mato Grosso do Sul. 

Segundo Carlos Dávalo, da Granos Corretora, o preço médio daqueles que venderam a soja antes mesmo de começar a colheita foi da ordem de R$ 118,00 a R$ 120,00 por saca de 60 quilos. Agora, conforme o último boletim da Aprosoja, o valor médio em Mato Grosso do Sul está em R$ 106,00. Um mês antes, estava em R$ 129,00. A cotação de agora é a pior em quase quatro anos. 

Apesar de o valor da venda antecipada ter sido bem inferior ao do ano anterior, quando a saca foi vendida na casa dos R$ 160,00, o percentual vendido agora (35%) está igual ao de safras passadas, já que muita gente fatura a soja para garantir recursos iniciais para o plantio. 

Ainda de acordo com Carlos Dávalo, a perspectiva de melhora no preço é mínima ao longo dos próximos meses. Somente a partir de maio ou junho, quando forem divulgadas as perspectivas da nova safra nos Estados Unidos, é que o atual cenário pode mudar. Mas, apenas se houver redução da  área plantada ou na produtividade no emisfério norte é que poderia haver alguma reação nos preços. 

Por enquanto, acredita o operador da corretora que comercializa em torno de 15% da produção de Mato Grosso do Sul, esta é a nova realidade dos preços e o produtor que não conseguir esperar até o segundo semestre terá de vender sua produção pelas cotações atuais, que ainda são suficientes para cobrir os custos, segundo Carlos Dávalo. 

Nem mesmo a possibilidade de quebra na produção em Mato Grosso ou em algumas outras regiões do País devem mudar esse cenário. De acordo com ele, a Argentina, que na safra passada colheu apenas 23 milhões de toneladas, deve colher 48 milhões, o que vai mantes os estoques mundiais em alta.

Além disso, a produção nos três estados do sul do Brasil e do Paraguai, que nos dois anos anteriores tiveram quebra parcial por causa da falta de chuvas, voltará ao normal neste ano, fazendo com que a oferta de soja seja maior que a demanda mundial.

Se não bastasse a produção de agora, ainda tem muita soja do ano passado nos estoques. Carlos Dávalo acredita que ainda existam em Mato Grosso do Sul em torno de 700 mil toneladas de soja da safra passada à venda. “Tem muito produtor com medo da insegurança política no Brasil e preferiu guardar soja do que deixar o dinheiro no baco”, diz o corretor. 

E por causa deste medo, estes produtores acabaram perdendo dinheiro no ano passado e agora ajudam a pressionar para baixo as cotações e fazendo com que outros também percam faturamento com a nova safra, estimada por Dávalos em 13,2 milhões de toneladas em Mato Grosso do Sul, o que seria cerca de dois milhões de toneladas abaixo da colheita passada. 

Ele acredita na redução do volume por causa do atraso no plantio e por conta da demora no crescimento das lavouras em decorrência da escassez de chuvas. De acordo com ele, 65% da colheita será feita somente depois de meados de março, sendo que normalmente neste época do cano os trabalhos de colheita já estão na reta final.