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espionagem clandestina Simone e Soraya foram alvo da arapongagem da "Abin paralela" Elas faziam parte da CPMI da Covid e integram uma relação com 21 nomes trazida a público pelo Jornal da Band nesta sexta-feira 3 FEV 2024 • POR Neri Kaspary • 08h05

Candidatas a presidente na eleição de 2022, as sul-mato-grossenses Soraya Thronicke e Simone Tabet foram alvo da arapongagem ilegal feita pela chamada Abin paralela, conforme revelou investigação da Polícia Federal nas duas últimas semanas. 

A senadora e a ministra do Planejamento do Governo Lula aparecem em uma lista com mais 19 políticos, ex-políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal que teriam sido vigiadas clandestinamente com uso de equipamentos da Agência Brasileira de Inteligência. 

Conforme reportagem da Band, que trouxe a público a lista com estes nomes, boa parte dos alvos dos arapongas ilegais estavam ligados à CPI da Covid, o que ajuda a explicar por que as então senadoras de Mato Grosso do Sul aparecem nesta relação, já que durante esta CPMI tiveram os maiores embates com o governo Bolsonaro e obtiveram destaque nacional por conta de seguidas intervenções nesta investigação. 

E com a visibilidade que tiveram ao longo desta inestigação, acabaram sendo lançadas como candidatas à Presidência. 

Ainda de acordo com a reportagem do Jornal da Band, os senadores Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE), Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL) também foram alvo dos mesmos arapongas.

Segundo investigações da Polícia Federal, que nas últimas duas semanas tiveram como principais alvos o ex-chefe da Abin, o deputado federal Alexandre Ramagem, e o vereador Carlos Bolsonaro,  dossiês e documentos produzidos pela Abin paralela teriam sido impressos e entregues ao Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro.

As investigações apontam que o monitoramento ilegal, feito por meio do programa Firstmile, era comandado por Alexandre Ramagem (PL-RJ), delegado da PF e ex-diretor da Abin. Mas o cabeça do esquema seria Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro e filho do ex-presidente. Ambos negaram envolvimento e ainda não foram ouvidos pela Polícia Federal. 

A reportagem da Band aponta que os investigadores da Polícia Federal têm sido minuciosos. Segundo a emissora, eles tiveram acesso aos números dos telefones rastreados, não diretamente aos nomes dos espionados. Por isso, esse levantamento é demorado: foram mais de 60 mil acessos pelo programa espião.

Governadores também foram alvos da Abin paralela, como João Doria (na época, do PSDB), eleito com o apoio de Bolsonaro no estado de São Paulo, e Camilo Santana (PT), que governou o Ceará e atualmente é ministro da Educação e senador licenciado.

Segundo fontes da apuração, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso – hoje, presidente da Corte – também foi monitorado. Na lista aparecem ainda os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

Além deles, também foram monitorados o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e os ex-deputados Rodrigo Maia (então presidente da Câmara) e Alexandre Frota, que foi eleito na onda bolsonarista, mas que depois se rebelou contra a família.

Outras autoridades espionadas incluem até mesmo aliados de Bolsonaro, como os ex-ministros Abraham Weintraub (Educação), Anderson Torres (Justiça) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e o antecessor dela, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz.